Lucas Reis: O que os EUA aprenderam com o Salvador Capital Afro no SXSW

Confira tudo que rolou na palestra de Isabel Aquino, consultora do Banco Interameticano de Desenvolvimento, e Antônio Pitta, Fundador Diáspora.Black, no SXSW

Publicado em 16 de março de 2024 às 13:58

Isabel Aquino e Antônio Pitta Crédito: Divulgação

Ver um projeto de Salvador no palco do maior festival sobre inovação do mundo é algo relevante por si só. Ainda mais pelas conexões que uma participação como essa gera e seu potencial impacto positivo para a cidade e sua população.

O Salvador Capital Afro (SCA) foi brilhantemente apresentado por Isabel Aquino e Antônio Pitta, que mostraram o propósito do projeto, seus desafios, resultados já alcançados, perspectivas para o futuro e terminaram convidando o público americano a ser parceiro do projeto.

Algo bastante interessante aconteceu na parte final, das tradicionais perguntas da audiência. Primeiro, pessoas da diáspora buscaram saber como o SCA vem lidando com os gargalos comuns nos projetos afrocentrados. Do Panamá à África do Sul, tiveram pessoas interessadas em aprender com o projeto de Salvador. Mais simbólica ainda foi a pergunta feita por uma americana, que morou em Salvador, viu o SCA e perguntou "O que mais vocês podem ensinar a nós americanos?".

A preocupação em ampliar o acesso aos espaços públicos, em estimular a visibilidade de artistas periféricos, em oferecer espetáculos culturais gratuitos. Pontos como esse chamaram atenção desta americana em Salvador e ela gostaria de saber o que os americanos deveriam aprender com os soteropolitanos para fazer algo igual.

Apesar de os EUA serem a maior potência do mundo, com muito mais recursos do que nosso país e nossa cidade, eles não são melhores em tudo, e nós somos melhores em diversas coisas. Destaco isso por conta de uma mentalidade provinciana e a chamada síndrome de vira-lata tende a enviesar a nossa percepção sobre nós mesmos. Nos percebemos menores do que de fato somos, e perceber o nosso próprio valor é um passo importante para melhorarmos a nossa realidade.

Fico feliz de vir ao SXSW não só para mapear o que há de relevante por aqui e que pode ser levado para nossa Bahia, mas mais feliz ainda em ver que Salvador esteve aqui, se destacou no palco e mostrou algo que diferentes pessoas de diferentes lugares do mundo quiseram saber mais.

*Lucas Reis é presidente da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e integrante da delegação brasileira que viajou para acompanhar o South by Southwest (SXSW) em Austin, no Texas (EUA).