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Publicado em 30 de outubro de 2025 às 12:29
Outubro é o mês da conscientização sobre o câncer de mama, uma campanha que salva vidas e estimula o autocuidado. Mas, quando falamos em saúde da mulher, há um outro tema que precisa ganhar espaço nessa conversa: o coração da mulher. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre mulheres, representando mais de 30% dos óbitos femininos no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde. E isso supera todos os tipos de câncer somados. No entanto, uma pesquisa da American Heart Association revelou que apenas 44% das mulheres sabem que doenças do coração são a principal causa de morte entre elas, demonstrando um grande déficit de conscientização sobre esse risco. >
Vale lembrar que o coração da mulher é peculiar e que a mulher pode trazer marcadores de risco cardiovascular futuro desde a sua primeira menstruação e outros ao longo de sua vida reprodutiva, como endometriose, síndrome dos ovários policísticos, diabetes gestacional e distúrbios hipertensivos gestacionais (pré-eclâmpsia/eclâmpsia), entre outros, e que todos esses momentos representam oportunidades para prevenção. E prevenir é dar um passo à frente em direção a uma longevidade saudável.>
Essa linha do tempo reprodutiva culmina na menopausa, uma fase marcada por profundas transformações hormonais e metabólicas. A mudança hormonal que acompanha esse período vai muito além das famosas ondas de calor, insônia ou alterações de humor. Ela impacta silenciosamente o coração, as artérias e o metabolismo. Com a redução do hormônio feminino (estrogênio), perde-se parte da proteção natural sobre os vasos, o colesterol tende a se elevar e a pressão arterial pode subir. É nesse contexto que a avaliação cardiológica ganha papel fundamental, especialmente para orientar decisões sobre estilo de vida e sobre a terapia de reposição hormonal, quando indicada. >
Neste Outubro Rosa, a mensagem precisa ir além da prevenção do câncer. Cuidar das mamas é fundamental, mas cuidar do coração é vital. A mulher deve ser vista de forma integral, em todas as fases da vida, da menarca (primeira menstruação) à menopausa. Reconhecer sinais precoces, avaliar riscos e agir a tempo é o caminho para uma longevidade mais saudável e plena.>
Larissa Espíndola é cardiologista membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia Seção Bahia (SBC-BA)>