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Papa Leão XIV revisita Nicéia: viagem apostólica destaca unidade e paz no Cristianismo

Na Turquia, o Papa celebrou os 1700 anos do Concílio de Nicéia ao lado de líderes cristãos, reforçando o diálogo ecumênico, a defesa da fraternidade e a rejeição do uso da religião para justificar conflitos

  • Foto do(a) author(a) Dom Sergio da Rocha
  • Dom Sergio da Rocha

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 05:00

No aniversário dos 1700 anos do Concílio de Niceia, o Papa Leão XIV chega a Iznik para visitar a Basílica de São Neófito, que ressurgiu do lago nos últimos anos
No aniversário dos 1700 anos do Concílio de Niceia, o Papa Leão XIV chega a Iznik para visitar a Basílica de São Neófito, que ressurgiu do lago nos últimos anos Crédito: Vatican News

No dia 27 de novembro teve início uma viagem muito especial do Papa Leão XIV, amplamente divulgada pela imprensa mundial. A sua primeira viagem internacional, denominada viagem apostólica, teve a primeira etapa na Turquia, com a tão esperada visita a Iznik, para celebrar os 1700 anos do Concílio de Nicéia, lá realizado no ano 325. A viagem tão desejada pelo saudoso Papa Francisco e por ele programada para maio deste ano, reveste-se de extraordinária importância e desperta muito interesse, pelo significado de Nicéia para o Cristianismo e não somente para a Igreja Católica. O momento culminante da visita à Turquia ocorreu em Iznik, nos sítios arqueológicos da antiga basílica de São Neófito, onde foi realizado aquele Concílio. O Papa, juntamente com o Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, rezou com líderes religiosos e representantes de Igrejas cristãs. Essa oração conjunta expressa bem o caráter ecumênico da celebração dos 1700 anos de Nicéia, testemunhando a importância da busca da unidade e do diálogo na construção da paz. Na sua mensagem, ao desembarcar em Ancara, o Papa ressaltou a importância de uma “fraternidade que reconheça e valorize as diferenças”, pois “hoje em dia as comunidades humanas estão cada vez mais polarizadas e dilaceradas por posições extremas, que as fragmentam”.

O mundo de hoje, marcado por guerras, conflitos e intolerância, necessita reaprender o caminho da unidade e da paz, a ser percorrido com passos de respeito, diálogo, escuta e misericórdia. A busca da verdade deve acontecer sempre na caridade. A disposição para respeitar e escutar atentamente é indispensável para o diálogo. No entanto, a postura de abertura e respeito ao outro não implica na dissolução da própria identidade. A fidelidade à própria identidade permite oferecer a própria contribuição no diálogo e avançar no conhecimento da verdade.

O Concílio de Nicéia representa um marco fundamental para o Cristianismo, sendo fonte perene para a identidade eclesial, para o desenvolvimento da doutrina e da teologia. Dele resulta a profissão de fé denominada Símbolo Niceno, completado no Concílio de Constantinopla, e por isso conhecido como Símbolo Niceno-Constantinopolitano. A celebração dos 1700 anos de Niceia tem sido uma ocasião privilegiada para fazer memória, para conhecer os seus aspectos históricos e culturais e, sobretudo, o seu extraordinário alcance teológico.

A primeira viagem apostólica de Leão XIV expressa bem a importância do encontro, tão enfatizada pelo Papa Francisco, a necessidade da construção de pontes e não de muros. “Devemos rejeitar veementemente o uso da religião para justificar a guerra, a violência ou qualquer forma de fundamentalismo ou fanatismo”, afirmou Leão. A visita do Papa a Iznik, acompanhado de lideranças de outras Igrejas, serve de estímulo para caminhar juntos como peregrinos de esperança e construtores da paz.

Dom Sergio da Rocha é cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil