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Quando o corpo vira resistência: o projeto escolar que reacende a ancestralidade em uma periferia de Salvador

A gente propõe uma abordagem crítica-superadora da Educação Física ao incorporar os elementos da Cultura Corporal na escola

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 05:00

Entrada do bairro do Arenoso
Entrada do bairro do Arenoso Crédito: Reprodução

A Escola Municipal do Beiru, junto com toda a comunidade escolar situada na periferia do Arenoso, recebeu o IV Jogos da Cultura Corporal de Matrizes Indígenas e Africanas da Beiru (O JOCCBEI 2025) organizado pela diretora, pelos professores de Educação Física, e por toda a equipe de professoras e funcionários.

O evento e as aulas propõem uma abordagem crítica-superadora da Educação Física ao incorporar os elementos da Cultura Corporal na escola, trabalhando com as danças, as lutas, as ginásticas e os jogos e brincadeiras de matrizes indígenas e africanas.

Segundo o IBGE, a favela do Arenoso conta com 87% da sua população negra, entre os que se autodeclaram pretos e pardos. Refletindo a cruel escravização, a partir da negação histórica de direitos — como moradia, segurança pública, lazer e saneamento básico —, a comunidade resiste a diversas problemáticas sociais: à desigualdade social, ao racismo estrutural, ao racismo ambiental, ao sexismo, ao machismo, à LGBTfobia e à forte violência policial, que, a partir dos marcadores sociais, impõe tratamento desumano aos moradores das periferias.

Diante das problemáticas que acometem a sociedade, e especificamente os moradores da nossa Favela do Arenoso, a realização desse evento esportivo em setembro - que se converte em uma aula pública -, busca fortalecer os alunos e alunas e, assim fortalecer seus pais (responsáveis) e toda a comunidade escolar, de modo a superar, por meio da incorporação crítica, esses obstáculos.

A realização do concurso para escolher a mascote e o mascote do JOCCBEI 2025 revelou a possibilidade de resgatar, nos alunos e alunas, a ancestralidade africana e indígena, recuperando e denunciando a cruel invasão do Brasil, uma vez que as desigualdades sociais que recaem sobre os nossos alunos e alunas são fruto do perverso processo de escravização e libertação do nosso povo preto e indígena sem reparações.

A vencedora do concurso desenhou a ativista africana Graça Machel, que lutou a favor das mulheres e crianças menos favorecidas, pregando a solidariedade; e o vencedor desenhou o indígena Taiguara, que em tupi-guarani significa “ser livre”. O desenho não se refere a uma pessoa indígena, mas ao nome artístico de um cantor e compositor brasileiro censurado durante o regime militar, que se casou com a líder indígena Eliane Potiguara.

Nesse contexto, reconhecemos que os Jogos da Cultura Corporal de Matrizes Indígenas e Africanas (JOCCBEI) constituem um evento esportivo escolar que se converte em uma grande aula pública, promovendo a elevação do padrão cultural e esportivo rumo a uma formação humana crítica e superadora, auxiliando nossos alunos e alunas a compreenderem a realidade concreta para superar as problemáticas sociais que enfrentam todos os dias.

Cláudio Costa é Professor de Educação Física da rede Municipal de Salvador, Doutorando PGEDU/FACED/UFBA Rede LEPEL/UFBA e GEPEFEL/UCS. E-mail: alclaudiocosta2480@gmail.com

Tags:

Educação História