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As barracas estilosas da festa da Conceição da Praia

As comemorações de 8 de dezembro era referência de boas comida e bebidas

  • Foto do(a) author(a) Nelson Cadena
  • Nelson Cadena

Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 05:53

Das festas populares de Salvador, a da Conceição da Praia (8 de dezembro) foi por mais de um século referência de boa comida e de boas bebidas. Era uma festa portuguesa, com certeza, marcada pela hegemonia dos Aragão, na organização. O legítimo vinho do Porto acabou incorporado ao préstito solene, com os andares de Santo, de praxe. Nas proximidades de São Bento, o cortejo parava para degustar o vinho. Um brinde ao santo. Lautos banquetes eram realizados em residências particulares, no percurso.

As barracas das festas populares foram instituídas pelo Conde dos Arcos, através de decreto, em 1811. No Bonfim, uma feirinha oferecia a produção dos santeiros, bugigangas, medidas de Santo (um dia denominadas de fitinhas), lanternas (tochas), adereços, comidas e cachaça como relatou o príncipe Maximiliano de Habsburgo quando protagonista da Lavagem do Bonfim. Ouviu dizer que os sacerdotes estimulavam o hábito de oferecer cachaça na celebração religiosa de modo a induzir “os negros a festejarem a Deus”. A cachaça era de fato um elemento tradicional da festa, disposta em pipas em vários pontos do largo, segundo chulas e relatos publicados na imprensa.

Mas, foi a festa da Conceição da Praia que se tornou referência da rica gastronomia baiana, seguramente por ser uma festa territorial. Próxima do Cais do Porto onde os saveiros aportavam com frutas de época, peixe e mariscos frescos, farinhas e grãos das ilhas e do Recôncavo. O cardápio incluía sucos de frutas; aluá com casca de abacaxi, ou fubá de milho fermentado; o maduro, preparado com gengibre e rapadura; gengibirra feita com a raiz do gengibre, suco de limão e mel. E para degustar, as barraquinhas ofereciam xinxim de galinha, moqueca de arraia, bobó de camarão e efó, dentre outras iguarias preparadas por experientes quituteiras, que vestiam os melhores torsos, finíssimo pano da costa e enfeites dourados e prateados nos braços.

Eram barracas simples, nem tanto, adornadas com folhas de palmeiras, arranjos com folhas de pitanga, cortinas de linho, alvíssimas toalhas de mesa, rendas e bordados e um asseio impecável. Mesas e cadeiras de madeira, arranjos de flores, naturais e artesanais e decoração temática, revelando artistas do povo. Pierre Verger e Voltaire Fraga registraram em fotos a originalidade dessas barraquinhas, no final da década de 1940 e inícios da década de 1950.

As barracas da Conceição da Praia tornaram-se modelo paras outras festas de Largo: Bonfim e Rio Vermelho, as mais concorridas. Um dia, na premência de aumentar a oferta de comidas e bebidas, para atender a demanda, inventaram as barracas cobertas com lonas imundas de caminhão, um nojo. Quem frequentava não reclamava, valia a esbórnia e ninguém se incomodava com a sujeira, o cheiro de mijo e outras mazelas. O cardápio era outro: refrigerantes e cervejas, bebidas destiladas, churrasquinhos de gato, pastéis reeeeecozidos no óleo de hoooooje. Havia exceções, serviam-se feijoadas e, ainda bem, os caldinhos, verde, de aipim e de mariscos.