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Clara Albuquerque
Publicado em 28 de agosto de 2018 às 05:00
- Atualizado há 3 anos
O Real Madrid não fez um mercado galáctico, mas trouxe um talento brasileiro. Mais do que uma promessa, o jogador foi a contratação merengue mais cara da janela: 45 milhões de euros (mais de R$ 200 milhões). Sendo destaque e prodígio num dos maiores clubes do Brasil, que atualmente briga pelo título do Brasileirão, tudo deveria indicar um caminho de sucesso desde o início. Mas não foi bem assim. Vinicius Júnior deixou o Flamengo com status de estrela e estreou na capital espanhola jogando pelo time B do Real Madrid, numa partida da terceira divisão do campeonato espanhol. Meio constrangedor, para não dizer bizarro, não é?>
Existem explicações, ainda que não sejam um sinal de solução. Há muito tempo, o futebol brasileiro deixou de ser referência de qualidade. Nosso maior campeonato não é considerado como um dos que estão no topo do futebol mundial por aqui e já sabemos disso. A questão é que o jogador brasileiro ainda é considerado um atleta especial e, muitas vezes, acaba ficando preso num “limbo futebolístico” em que tem todas as qualidades para jogar na elite europeia, mas ao mesmo tempo não está pronto para entrar em campo. Não é à toa, por exemplo, que diversos clubes têm a política de não contratar jogadores brasileiros diretamente do Brasil. Ou seja, é preciso que eles tenham feito um “estágio” antes em algum clube já na Europa. É o caso de Vinicius Júnior, que vai precisar ganhar alguma experiência no time B do Real Madrid antes de entrar para o grupo principal.>
Depois do técnico Julen Lopetegui confirmar que o brasileiro se alternaria entre o Real Madrid Castilla (que disputa a terceira divisão do país) e o time principal, Vinicius Júnior se juntou ao primeiro grupo, no sábado, e já no domingo fez sua estreia no Estádio Alfredo Di Stéfano. Não realizou nenhum treino com os novos companheiros (que juntos valem menos do que custou Vinicius). Vitória sobre o Las Palmas por 2x0, mas uma atuação discreta do ex-jogador do Flamengo, como avaliou a imprensa local. Dificilmente, seria diferente. O brasileiro se mostrou disposto, buscou jogo e tentou alguns lances, mas estava completamente desentrosado em campo. Aos mais apressados, que esperavam um show do atacante, o técnico do Castilla alertou: “Não se trata do que Vinicius pode nos dar, é o contrário; trata-se do que o Castilla pode dar a Vinicius para que melhore e se adapte. Precisamos acolhê-lo para lhe dar as melhores condições. Tem 18 anos, precisa de tempo”.>
Apesar do alto valor investido, e de toda a expectativa da torcida, é uma decisão que faz sentido, e eu concordo, inclusive, por tudo que já falei sobre o futebol brasileiro. Mas é bastante triste que seja assim. No fim, pode dar muito certo para Vinicius. Vai se adaptar ao futebol europeu já no ambiente de um clube gigante. Mas, é triste pensar no papel do futebol brasileiro nessa equação. Cada vez mais, o Brasil é a “mãe” que gera e não pode criar.>
Às claras Nessa quinta-feira (30), além da eleição do melhor jogador da temporada pela Uefa, acontecerá o sorteio dos grupos da primeira fase da Liga dos Campeões. Ficaremos sabendo quem encontra quem e já dá pra brincar com as previsões do torneio entre clubes mais importantes da Europa! Será que teremos brasileiros indo longe? Fique de olho!>