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Editorial
Publicado em 11 de julho de 2025 às 05:00
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto é um duro golpe contra a economia do Brasil e uma medida injustificável. Trata-se da maior alíquota anunciada por Washington de retaliações comerciais e pode gerar efeitos devastadores sobre setores-chave da indústria e do agronegócio brasileiros, justamente num momento em que o país precisa de estabilidade para retomar o crescimento. >
A medida norte-americana abala a previsibilidade nas relações bilaterais entre os dois maiores países. O Brasil, que celebrou os 200 anos de relações diplomáticas em 2024, agora se vê punido de maneira desproporcional. É importante frisar: não há base sólida para a alegação de que os Estados Unidos enfrentam desequilíbrios comerciais com o nosso país. Pelo contrário, dados oficiais mostram que o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA de forma contínua desde 2009. Nos últimos 16 anos, as exportações americanas superaram as importações em US$ 90,28 bilhões - considerando os números até junho de 2025.>
No entanto, embora Donald Trump atue de forma irresponsável, o governo brasileiro também precisa fazer uma autocrítica séria sobre os rumos da política externa adotada. Ao optar por declarações de caráter ideológico em vez de preservar o pragmatismo diplomático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou atritos desnecessários com a maior potência econômica do planeta.>
No ano passado, durante o pleito presidencial estadunidense, o petista foi explícito ao declarar apoio à adversária de Trump, Kamala Harris. Além disso, ele tem adotado posicionamentos hostis aos interesses estratégicos dos Estados Unidos, como no caso da defesa do Irã e nas reiteradas críticas ao governo de Israel, tradicional aliado americano. No encontro dos Brics, Lula também endossou críticas ao republicano e à política americana.>
A diplomacia não pode ser tratada como um campo de retaliações ideológicas ou campanhas eleitorais externas. O que está em jogo são empregos, investimentos e a competitividade do Brasil em mercados fundamentais. O governo não pode se expor a reações desproporcionais como essa, que afetam a economia do nosso país. O Brasil precisa de aliados, não de confrontos. O povo brasileiro não pode pagar o preço de uma política externa que deixe de olhar os interesses duradouros da nação.>