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O retrato do fracasso educacional

O estado não pode continuar fechando os olhos para uma tragédia educacional que compromete o futuro de gerações inteiras

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  • Editorial

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 05:00

Os novos dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Todos pela Educação escancaram uma realidade que o governo da Bahia insiste em escamotear. O estado ocupa o segundo lugar no ranking nacional de abandono escolar no Ensino Médio: 5,8% dos estudantes baianos deixaram os estudos em 2024, percentual bem acima da média nacional, de 3,2%. Pior: apenas 56,8% dos jovens de 19 anos concluíram o Ensino Médio, o que coloca o estado na última posição do Nordeste.

Esses números, por si só, já seriam estarrecedores. Mas tornam-se ainda mais graves quando lembramos que, no mesmo ano, o governo Jerônimo Rodrigues editou a controversa portaria da aprovação automática.

Editada durante as férias dos professores, sem qualquer diálogo com os profissionais da rede, a medida garante a progressão dos estudantes mesmo que não tenham frequentado as aulas ou alcançado o mínimo de aprendizado. Sob o argumento de que a reprovação incentiva a evasão, a medida soa, para muitos especialistas e docentes, como uma tentativa de maquiar os indicadores negativos. Afinal, de que adianta aprovar em massa se apenas 2,5% dos alunos baianos concluem o Ensino Médio com conhecimento adequado em matemática e 22,2% em língua portuguesa, segundo os dados do Todos pela Educação? Aprovação sem aprendizado não é solução. É ilusão.

A realidade é que a evasão escolar na Bahia não se resume à questão da reprovação. Os fatores são muito mais profundos: violência nos trajetos até a escola, necessidade de trabalhar cedo, distorção idade-série (que atinge 27,1% dos estudantes, nove pontos acima da média nacional) e a precariedade estrutural da rede.

O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 mostra que apenas 49,9% das escolas de Ensino Médio possuem laboratório de informática e 46,5% têm laboratório de ciências. No vizinho Ceará, a realidade é bem diferente: 90,3% contam com laboratórios de informática e 81,8% com laboratórios de ciências. A comparação é constrangedora e evidencia a falta de gestão eficiente na Bahia.

Não é apenas um problema de prédios novos ou anúncios de obras, como o governo costuma divulgar. Trata-se da ausência de políticas sérias de recomposição da aprendizagem, de investimentos em formação inicial e continuada de professores, de combate às desigualdades socioeconômicas e regionais, e de uma estratégia clara para evitar que a distorção idade-série continue empurrando jovens para fora das salas de aula.

O dado de que os números divulgados pelo Todos pela Educação englobam escolas públicas e privadas torna a situação ainda mais grave: se já estamos entre os piores no geral, o que dizer da realidade exclusiva da rede estadual, que concentra a maioria dos estudantes e é de responsabilidade direta do governo? O estado não pode continuar fechando os olhos para uma tragédia educacional que compromete o futuro de gerações inteiras.

O governo da Bahia precisa enfrentar os problemas estruturais de sua educação. Enquanto a prioridade for esconder a realidade, em vez de enfrentar as raízes da crise, os jovens baianos continuarão sendo privados do direito fundamental de aprender e construir um futuro melhor.