Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Pombo Correio
Publicado em 26 de setembro de 2025 às 05:30
O secretário de Relações Institucionais do Estado, Adolpho Loyola (PT), vem atraindo olhares mais atenciosos de caciques da base governista por sua atuação cada vez mais expansiva no governo de Jerônimo Rodrigues (PT). Entre parlamentares, reservadamente, Loyola é chamado de governador em exercício diante do poder que tem acumulado. Em paralelo, o irmão dele, Davi Loyola, que é secretário em Teixeira de Freitas, comanda praticamente todos os serviços do Estado na cidade, segundo fontes que atuam na região, causando a revolta dos aliados de Jerônimo no Extremo Sul. O que se comenta nos bastidores é que Davi comanda a parte “empresarial” da família Loyola. Recentemente, inclusive, Davi fez uma aquisição no ramo imobiliário que tem chamado a atenção em Teixeira de Freitas. “Adolpho é braço político e Davi é braço financeiro”, disse reservadamente uma fonte que acompanha a política no Extremo Sul>
Muito poder>
Caciques da base governista reclamam do “excesso de poder” de Adolpho. Alguns, inclusive, chegaram a dizer em conversas recentes que o próprio governador Jerônimo não faz ideia do tamanho do controle de seu auxiliar no governo. A ingerência já chega a diversas áreas, como obras e comunicação, e muitas vezes com interesses do próprio Loyola, segundo interlocutores.>
Salvo-conduto>
Integrantes do PSD cogitam pedir um “salvo-conduto” à direção do partido para ficarem desobrigados de apoiar a reeleição do governador Jerônimo Rodrigues em 2026. O pedido nasce de um ressentimento que ainda sangra desde as eleições municipais de 2024, quando lideranças do partido foram atropeladas pelo peso da mão do governador, mesmo integrando a base. Prefeitos e caciques regionais acusam Jerônimo de ter interferido em disputas locais e de ter contribuído para derrotas amargas. A garantia, todavia, é de apoio integral à reeleição do senador Angelo Coronel (PSD), que, inclusive, está ameaçado de ficar de fora da chapa governista. Se a tendência ganhar corpo, muitos vão deixar Jerônimo pelo caminho. A lógica entre eles é que gato escaldado tem medo de água quente. Quem já foi ferido em 2024, não quer ver a cena se repetir em 2028.>
Crise>
O Planserv vive um novo momento crítico sob a nova direção. Tanto usuários dos serviços quanto prestadores do plano dos servidores estaduais relatam diversos problemas, que vão desde cortes de consultas e exames até aumento da burocracia para o acesso a procedimentos básicos. Entre prestadores de serviço, há um temor de que o "modelo falido da Unimed", que levou a uma crise financeira no plano privado, provoque o mesmo destino no Planserv. Entre servidores e usuários do plano, que voltaram a protestar na Assembleia Legislativa nesta semana, o temor é que haja um colapso dos serviços.>
Efeito rebote>
Setores governistas já foram informados da nova crise no Planserv, inclusive com um aumento nas queixas de acesso a exames e consultas. Técnicos já alertaram que isso pode causar um "efeito rebote" no plano, uma vez que pacientes que poderiam ser tratados com medidas simples podem evoluir para quadros graves, com internações em UTI, cirurgias de alto custo e tratamentos prolongados. Ou seja: a economia de hoje pode resultar numa explosão de custos amanhã.>
Sem explicação>
Após o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) denunciar uma obra inacabada em Abaíra, o governo do estado foi rápido para responder. Neto, que participou de uma agenda na cidade, apontou uma promessa de Jerônimo da campanha de 2022 para a construção de uma estrada de 30 km ligando à localidade de Catolés. Só 1 km da obra foi concluído. O governo correu para dizer que a intervenção atingiu 35% de execução e botou deputados para atacarem Neto, mas só esqueceu de explicar por que a obra ainda não foi entregue. A ordem de serviço foi assinada em junho do ano passado, com previsão de entrega no início de 2025. Inclusive, no mês, o próprio governo divulgou que a obra estava com 40% de execução, mas agora disse que está com 35%.>
Ponte, só que não>
O governador Jerônimo Rodrigues passou a mencionar, estrategicamente, uma passarela provisória que será erguida na Baía de Todos-os-Santos, prevista no projeto da Ponte Salvador-Itaparica, para transportar trabalhadores e equipamentos do canteiro de obras. Trata-se de algo corriqueiro em grandes intervenções, mas raramente acaba virando anúncio oficial de governo. Ao usar o termo “ponte”, em vez de passarela, Jerônimo sugere uma ilusão conveniente: quando a população começar a ver a tal estrutura no mar, poderá acreditar que é, finalmente, a ponte definitiva, que foi prometida desde 2009 e adiada em todos os governos petistas. Anunciar canteiro como se fosse obra pronta é o mesmo que querer vender o trailer como se fosse o filme.>
Boquinha da ponte>
Por falar em promessa, ela agora terá uma secretaria para chamar de sua. O governador enviou à Assembleia Legislativa o projeto que cria a Secretaria Especial da Ponte, com previsão de 33 cargos e um custo médio anual de R$ 5 milhões. Oficialmente, a pasta nasce com “perfil técnico”, mas nos corredores da base governista a disputa já é intensa para saber quem vai abocanhar a nova estrutura. A resenha na classe política é que a ponte continua sendo promessa, mas a boquinha já é realidade.>
Renovação de araque>
O senador Jaques Wagner (PT) voltou a pregar nesta semana o seu "mantra" da renovação na política e, também, no PT baiano. Conversa muito bonita, mas completamente descolada da realidade. Primeiro, porque no próprio PT da Bahia não há renovação dos quadros, tanto que o próprio Wagner continua no comando do partido há tantos anos. Nacionalmente, o presidente Lula comanda o PT desde sempre e segue sendo a única alternativa eleitoral do partido, segundo seus próprios quadros se orgulham de dizer. É como diz aquela velha máxima: a renovação é importante desde que não mexam em mim. Me deixe, viu?!>
Perguntar não ofende>
O mundo da política baiana quer saber se o governador Jerônimo Rodrigues também vai segurar a mão do vereador do PT de Santo Estêvão Ailton Leal, preso em uma operação policial que investiga uma organização criminosa envolvida em crimes como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Recentemente, vale lembrar, Jerônimo disse que não tem "o costume de soltar a mão daqueles que caminharam comigo", ao falar sobre três aliados dele que foram alvos de uma operação da Polícia Federal.>
Pedala>
Um decreto financeiro do Governo da Bahia que remanejou R$ 243 milhões do programa Bolsa Presença para bancar obras e o abono extraordinário aos professores acendeu o sinal amarelo entre os observadores da cena política. O Bolsa Presença é um auxílio que atende mais de 300 mil famílias em situação de vulnerabilidade, para garantir segurança alimentar, sob a condição de que os estudantes estejam em sala de aula. Ao puxar recursos do programa para outra finalidade, o governo caiu naquela máxima popular de descobrir um santo para cobrir outro e mostrou que o cobertor, leia-se, o dinheiro no caixa do Estado está curto. Além disso, há quem diga que tecnicamente que a manobra beira uma pedalada, já que mexe em verba carimbada sem explicação convincente.>
Cobertor curto>
O timing do governo não poderia ter sido pior. A pedalada aconteceu justamente na semana em que o Anuário Brasileiro da Educação mostrou que a Bahia tem o segundo maior índice de abandono escolar no ensino médio - faixa de competência exclusiva da gestão estadual. E mais, o levantamento mostra que é preciso ampliar os investimentos para conter esse fluxo de evasão, e não esvaziar o cofre do principal programa que poderia ajudar nessa direção. O ponto mais crítico é que o Bolsa Presença virou um caixa disponível para remendos financeiros na engenharia contábil da administração tocada por um governador que carrega o título de professor.>