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Sugestão de pauta para a reunião do secretário Bruno Monteiro com Wagner Moura

Minha singela contribuição para o encontro é esta lista com textos (e correspondentes resumos) nos quais publiquei denúncias e críticas que artistas da Bahia - de diferentes segmentos - vêm fazendo há bastante tempo

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 06:00

Ministra Margareth Menezes faz coro pela saída de Bruno Monteiro da Secult
Bruno Monteiro  Crédito: Feijão Almeida/GOVB

O que sabemos é que Jerônimo Rodrigues, o governador da Bahia, afirmou que ia mandar o secretário de Cultura Bruno Monteiro conversar com o ator Wagner Moura. Isso, depois que Wagner disse ao microfone o que muita gente do setor repete insistentemente: no tempo de ACM, o cenário cultural da Bahia era melhor. “Ah, pronto, me conte uma novidade”, você deve estar pensando. Pois conto: desta vez, o secretário vai ouvir críticas sem dar os tradicionais chiliques que pessoas próximas tanto comentam. 

Tomara que Wagner queira e possa conversar, porque vai falar por muita gente que não é escutada, por mais que tente. Só que ele anda muito ocupado e, por isso, pensando em facilitar a pauta do encontro, decidi juntar alguns textos que escrevi nos últimos tempos, sempre sob a demanda de artistas e produtores da cultura na Bahia. Quem sabe inspiram? Tem coisa que não acaba mais, envolvendo vários segmentos, incluindo acidentes em patrimônios históricos e descaso com espaços culturais importantíssimos. 

Toda vez que publiquei, houve quem agradecesse e concordasse, mas também quem jogasse "hate" dizendo que era “perseguição política”. Normal. Porém, informo que nada saiu apenas da minha opinião, que todos os textos que trago aqui foram escritos depois de denúncias e reclamações que artistas, técnicos, produtores e gestores culturais da Bahia me enviaram, muitas vezes anonimamente. Tenho os registros. Pessoas de direita e pessoas de esquerda. Por exemplo, Wagner é um homem declaradamente de esquerda e não está contente. Há muita gente como ele. Ou seja, com um pouco de honestidade você vai concordar que não tem a ver com isso. 

Além das perguntas feitas em cada um dos textos - que nunca foram respondidas - há novos comentários na praça. Nesta semana, alguém me disse que o TCA não ficará pronto em 2026, conforme prometido. Pelo menos, não até outubro, afirmaram com certeza. É isso mesmo? Peço encarecidamente, que informem as pessoas também sobre esse tema. E outra: o MAM tá mudando de diretoria? Por que? Quais são os planos? Quem vai assumir e com que direcionamento? São patrimônios culturais públicos e valiosíssimos. Acho que nada, em relação a eles, deveria ser segredo. 

(Os textos listados abaixo seguem com resumos, links, datas e títulos.)

Inventário de alertas, denúncias e riscos no cenário cultural da Bahia:

Quem responde pelos eventos carnavalescos no MAM Bahia? - publicado em 30 de abril de 2022

Este artigo levantou a questão da responsabilidade sobre eventos realizados no MAM Bahia. Ele foi escrito depois de conversas com muitas pessoas do setor cultural. Na apuração, conversando com mais gente, descobri que o assunto era muito mais sério do que parecia. Laudos de capacidade máxima, limites de decibéis, cuidados estruturais: tudo documentado, mas invisível para o público. Entre relatos de vizinhos incomodados e alertas sobre a estrutura, ficou claro que a crítica não era só conceitual, mas sobre negligência e falta de planejamento. A pergunta é: quem responde por isso tudo? Nunca tivemos resposta.

O impacto do artigo anterior me empurrou para outro texto: o do MAM Bahia como um verdadeiro cenário de Scotland Yard cultural. Conversas com artistas revelaram a existência de mistérios espalhados pelos corredores e pelo chão histórico do museu. Descobri, no oco sob o pátio, outros riscos estruturais.

Dessa vez, investiguei mudanças na equipe da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e os motivos de algumas exonerações. Relatos de técnicos e artistas denunciaram centralização de poder, vaidade pessoal e interferência do secretário Bruno Monteiro em processos técnicos. Eventos calendarizados foram adiados, recursos de leis culturais foram centralizados no gabinete do secretário e informações sobre incêndio no TCA circularam de maneira confusa. Perguntei se decisões administrativas foram guiadas pela competência ou pelo gosto pessoal do secretário.

Esse gerou muita confusão e o fenômeno do “homem de palha”, mas quem leu de verdade conseguiu entender. Sob a demanda de diversos artistas, analisei o resultado do edital estadual da Política Nacional Aldir Blanc, evidenciando o protagonismo excessivo das cotas em relação à competência técnica e artística. Exemplos concretos mostraram cotistas sendo priorizados mesmo com notas inferiores a suplentes não cotistas em audiovisual, games, cineclubes, roteiros e produção de curtas. O artigo questiona o equilíbrio entre vulnerabilidade e mérito e sugere que o governo poderia ter aplicado critérios mais transparentes e eficientes, garantindo que inclusão social e qualidade artística caminhassem lado a lado.

Relatei o declínio do teatro baiano a partir do fechamento e sucessivos deslocamentos do Armazém Cenográfico, espaço que armazenava cenários e adereços de peças fora de cartaz. Profissionais pediram sigilo por medo de retaliações e relataram preocupação com o desaparecimento do acervo e a falta de espaço após o fechamento do TCA para reforma. A crítica é que, enquanto o governo anuncia projetos milionários de modernização, a preservação histórica e funcional do acervo é ignorada, e a descontinuidade administrativa tem atingido violentamente o ofício teatral.

"Está todo mundo desgastado, exausto, triste e desistindo", diz atriz e diretora Fernanda Paquelet - publicado em 29 de janeiro de 2025

Em entrevista, Fernanda detalha o esgotamento de profissionais do teatro devido à descontinuidade administrativa, queda de investimentos e ausência de editais eficazes. Ela aponta a necessidade de políticas estruturadas, diálogo com empresas e fomento à circulação de espetáculos. Sem apoio adequado, talentos migram para outras áreas, e o governo segue inerte, priorizando transferências financeiras diretas em detrimento de políticas culturais duradouras. A repercussão foi enorme, mas não houve qualquer resposta do governo estadual.

O desabamento do teto da Igreja de São Francisco resultou em morte e ferimentos. Relatei negligência do IPAC, Iphan e da Ordem Franciscana, questionando omissões, falhas de fiscalização e responsabilidades. A tragédia, que poderia ser evitada, evidencia que o risco de vida de visitantes e profissionais do turismo não é abstrato, mas real e presente no cotidiano.

Um guia de turismo me procurou e, sob anonimato, detalhou riscos graves em igrejas históricas, incluindo um incêndio na Igreja do Carmo, em Cachoeira. Condições precárias e ausência de fiscalização técnica colocam visitantes e profissionais em perigo constante. Ele alerta que o patrimônio está ao “Deus dará” e que apenas competência técnica e fiscalização responsável poderiam evitar tragédias futuras.

Ricardo Castro, ator com 40 anos de carreira, se despede após levar sozinho um milhão de pessoas ao teatro com sua Companhia de um Homem Só. Nessa entrevista, ele denuncia a falta de valorização da arte pelo Estado, editais ineficazes, sucateamento de espaços, temporadas curtas, uso obrigatório de tiqueteiras e ausência de circulação de espetáculos. Propõe medidas como temporadas mais longas, fomento à circulação e aproximação com empresas para valorização da obra em si.

Fui procurada para a divulgação de um manifesto no qual mais de 100 artistas denunciaram centralização de poder, falta de planejamento e ausência de orçamento próprio na Secretaria de Cultura, apontando desmonte progressivo da política cultural. O manifesto exigia políticas permanentes, editais claros e calendarizados, continuidade de projetos e regulamentação imediata do Plano Estadual de Cultura de 2014. Até hoje, o governo não respondeu publicamente. O que o secretário Bruno Monteiro fez foi atacar o Jornal Correio, e diversos artistas signatários do manifesto relataram, em privado, ter sofrido retaliações.

Mais uma vez fui procurada para a divulgação de uma carta, agora assinada por mais de 370 artistas, exigindo adesão imediata à Portaria nº 216, ampliação de recursos e coordenação dos editais pela Funceb. Entre os signatários, Wagner Moura, Jackson Costa, Cyria Coentro e Maria Menezes reforçam o peso do documento, apoiado por companhias históricas como Cia Baiana de Patifaria e Teatro Vila Velha. Alguns dos signatários relataram retaliações posteriores, embora sem assumir publicamente.

Siga no Instagram: @flaviaazevedoalmeida