Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Confira na íntegra manifesto da classe artística da Bahia que chama secretário de 'alienígena'

O alvo central das críticas é o secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 19:11

 secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro
Secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro Crédito: Matheus Landim/GOVBA

A classe artística da Bahia divulgou um manifesto com críticas contundentes à política cultural do governo Jerônimo Rodrigues (PT). O alvo central das críticas é o secretário Bruno Monteiro, que, segundo o documento, seria “um alienígena que caiu de paraquedas no cargo”.

Confira o manifesto na íntegra:

MANIFESTO DE REPÚDIO À POLÍTICA CULTURAL DA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DA BAHIA

Nós, profissionais da cultura da Bahia — artistas, produtores, técnicos, mestres da cultura popular, gestores, pesquisadores, educadores e agentes dos diversos segmentos que compõem o fazer cultural do nosso Estado — tornamos público nosso mais profundo repúdio à política pública cultural conduzida pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

É lamentável que um estado como a Bahia — matriz da cultura brasileira, berço de uma das mais vigorosas expressões artísticas da América Latina — não disponha de dotação orçamentária própria e estruturada para seu campo cultural.

A atual gestão tem se apoiado quase exclusivamente em recursos de editais vinculados a leis emergenciais, criadas com o objetivo de mitigar os impactos da pandemia e não para substituir uma política cultural de Estado.

A produção artística não pode estar subordinada à lógica fragmentada e imediatista de interesses partidários na gestão pública. Qual o projeto cultural do Estado da Bahia?

A cultura exige continuidade, investimento constante, planejamento, escuta ativa e compromisso com a diversidade da produção cultural baiana.

A insatisfação com a descontinuidade das ações culturais se manifesta em todos os segmentos do fazer artístico.

Nos últimos dez anos, segundo dados do Observatório de Economia Criativa da Bahia (OBEC), o Estado reduziu sistematicamente seu investimento no setor.

Trata-se de um desmonte progressivo que compromete não apenas a realização de projetos, mas a própria sustentabilidade econômica da cultura baiana.

Reivindicamos uma Secretaria de Cultura que compreenda a complexidade e a amplitude da cultura na Bahia, que conheça de fato a dinâmica de suas linguagens, territórios e tradições.

Precisamos de uma escuta institucionalizada, continuada e comprometida com todos os profissionais da área — sem distinção ou favorecimentos.

A sistemática negação de diálogo, a falta de transparência e a ausência de critérios claros nos processos seletivos revelam o desinteresse da atual gestão em construir uma política pública séria, estável e sustentável para o setor.

Esse contexto de exclusão e apagamento jamais promoverá o desenvolvimento de uma economia criativa sólida ou justa para a Bahia.

Demandamos:

* Uma política pública de Estado para a cultura, com linhas de apoio para os diferentes segmentos culturais;

* A previsão de recursos próprios no orçamento estadual para as diversas linhas;

* Publicação de parâmetros claros, transparentes e democráticos para a inscrição e seleção dos projetos;

* A realização periódica e calendarizada dos processos seletivos;

* Garantia de continuidade para os projetos culturais como princípio fundamental de qualquer política pública.

* A lei Nº 13193 DE 13/11/2014, publicado no DOE - BA em 14 novembro de 2014, na gestão do Governador Wagner e do Secretário de Cultura, Albino Rubin que cria o Plano Estadual de Cultura da Bahia está até hoje à espera de regularização.

A existência de uma lei que sirva de eixo tanto para os fazedores de cultura como para os gestores públicos é fundamental, demandamos sua regularização.

* A escolha de cargos são prerrogativas do governo, contudo se faz necessário que a escolha dos gestores públicos seja fundamentada no conhecimento, experiência, credibilidade na área e representativos de diferentes perspectivas e backgrounds.

* A arte é sempre uma expressão de um tempo. Cabe ao poder público criar as condições para que as expressões culturais se desenvolvam, registrem o momento histórico e criem memória.

O papel da Secretaria de Cultura da Bahia — estado fundador da nação — é o de reunir, estimular e promover as múltiplas manifestações culturais da nossa rica e múltipla identidade nacional.

Nosso papel, como fazedores da cultura, é demandar uma política pública de Estado para a cultura e resistir à lógica excludente, fragmentada e binária que insiste em tratar a cultura como evento, e não como o legitimo direito de expressar a complexa diversidade de perspectivas que constitui a cultura da Bahia.

Seguiremos mobilizados, vigilantes e ativos, exigindo respeito, transparência e compromisso com a cultura baiana.

Salvador, 27 de junho de 2025.