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Editorial
Publicado em 9 de agosto de 2024 às 05:00
A Bahia, estado que desponta como um dos maiores polos culturais e turísticos do Brasil, enfrenta uma realidade preocupante em seu setor aéreo. Apesar da relevância econômica e estratégica do estado, a infraestrutura aeroportuária permanece aquém das necessidades locais e da demanda crescente. >
A situação é especialmente crítica em cidades como Feira de Santana, onde o aeroporto local ainda não possui sequer uma torre de controle. Isso, além de limitar a capacidade operacional, compromete a segurança das operações em condições climáticas adversas ou em voos noturnos. A recente decisão do governo do estado de ampliar a área do aeroporto para permitir a operação de aeronaves de maior porte, como o Boeing 737, pode parecer uma iniciativa importante, mas será insuficiente se não vier acompanhada de uma modernização completa das instalações. >
Também preocupante é a situação de municípios como Bom Jesus da Lapa, onde o aeroporto opera apenas com voos particulares. A ausência de voos comerciais impede que a cidade aproveite todo o seu potencial turístico, principalmente em eventos como a romaria, que estima atrair quase 1 milhão de fiéis. A escassez de voos não só afasta turistas como também limita as oportunidades de negócios e desenvolvimento econômico na região. >
O diálogo entre o governo estadual e as companhias aéreas sobre a possível expansão de voos é fundamental, mas a falta de ações concretas até agora é frustrante. A inércia da gestão petista não só limita as oportunidades de crescimento das cidades baianas, mas também contribui para a perpetuação das desigualdades regionais. Prova disto é a decisão das principais companhias aéreas de instalar seus hubs em outros estados do Nordeste, como a Latam no Ceará e a Azul em Pernambuco.>
Não podemos esquecer que, em 2017, Salvador perdeu para Fortaleza na disputa pelo hub da Air France-KLM Gol. Na época, a Secretaria de Turismo da Bahia minimizou a derrota e celebrou, de forma burlesca, o simples fato de o estado ter participado da concorrência.>
A pouca oferta de voos comerciais para municípios do estado é sintomática de um problema: a ausência de uma política pública eficaz para o setor aéreo. Quem parte de Salvador para Vitória da Conquista, por exemplo, só encontra seis voos. A situação é ainda mais complicada para quem viaja da capital baiana para Ilhéus ou Porto Seguro, já que há voos disponíveis apenas três vezes por semana. E, pasmem, para chegar mais rápido ao oeste baiano, em Luís Eduardo Magalhães, é melhor voar até Brasília e, de lá, seguir de carro. Só para citar outro exemplo. Enquanto estados investem em aeroportos modernos e em novas rotas para atrair turistas e negócios, a Bahia parece estacionada no tempo, com uma infraestrutura insuficiente.>
Quando as ações são conduzidas de maneira competente, os resultados se tornam evidentes. Um exemplo notável é o Aeroporto de Viracopos, localizado em Campinas, no interior de São Paulo. Antes da concessão em 2011, o aeroporto movimentava 7,6 milhões de passageiros. Com a entrada da concessionária Aeroportos Brasil em 2012, esse número subiu para 8,9 milhões. Em 2023, o aeroporto bateu seu recorde pelo segundo ano consecutivo e alcançou a marca de 12,5 milhões de passageiros - um número que ultrapassa a população da cidade de São Paulo, com seus 11,4 milhões de habitantes.>
É inadmissível que, em um estado com o potencial da Bahia, o setor aéreo seja relegado a um segundo plano. A carência de voos comerciais e a precariedade da infraestrutura aeroportuária afetam diretamente o crescimento das cidades e a qualidade de vida da população. O governo precisa priorizar investimentos no setor e criar condições para que os aeroportos baianos possam operar de forma segura, eficiente e com uma oferta de voos que atenda à demanda local e nacional.>
Se a Bahia deseja realmente se posicionar como um dos principais destinos turísticos e econômicos do Brasil, é imprescindível que o setor aéreo receba a atenção que merece. O futuro do estado depende de uma infraestrutura moderna e eficiente, capaz de conectar suas cidades ao resto do país e do mundo.>