Mães e pais mais maduros após a crise

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  • Andreia Santana

Publicado em 12 de abril de 2020 às 09:30

- Atualizado há um ano

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Parafraseando a filósofa e escritora Simone de Beauvoir, que cunhou a frase “ninguém nasce mulher, torna-se mulher” para explicar que a identidade feminina é socialmente construída, nos dias que correm é possível afirmar que “ninguém nasce mãe e pai, torna-se mãe e pai”. E esse aprendizado, em tempos de quarentena, passa por aguçar o olhar sobre as crianças. 

Com a família reunida em casa, a meninada sem aulas na escola e os espaços públicos de lazer fechados; além do home office para aqueles que podem de fato ficar em casa, o tempo de convivência entre mães, pais e crianças aumenta, impondo desafios ainda maiores do que criar a rotina para os estudantes cumprirem as tarefas remotas enviadas por professores ou buscar na internet inspiração para brincadeiras e jogos que vão entreter os pequenos confinados. 

Em condições normais, a vida de boa parte das famílias – ao menos daquelas com condições financeiras melhores - segue com os adultos na empresa ou escritório nos dois turnos – às vezes até três, que o mercado de trabalho anda desafiador - e as crianças na escola o dia todo ou parte dele. Depois, os pequenos passam o restante do tempo aos cuidados de algum familiar, geralmente os avós, ou com a babá, no caso das mães e pais que têm condições de terceirizar esses cuidados.  Com as restrições ao deslocamento por conta da pandemia, as famílias passam mais tempo em casa (Foto: Betto Jr./Arquivo CORREIO) Resta, portanto, pouco tempo para essas mães e os pais perceberem de fato como são seus filhos e filhas, o que pensam, como veem o mundo. Na correria diária, é escassa a oportunidade para aprofundar laços que, antigamente, quando o mundo era menos veloz, as famílias conseguiam consolidar.

Essa semana, a psicóloga Cibele Marras, autora do livro ‘Psicologia de Emergências’ e especialista em lidar com pacientes que passam por traumas ou situações críticas, como é o caso da pandemia, deu uma entrevista ao jornal espanhol El País, onde reforçou a importância dos laços afetivos das famílias serem fortalecidos nesse período conturbado.

Para ela, mães e pais precisam ouvir mais os filhos e filhas e não subestimar a capacidade infantil de compreender a crise ao redor. Além disso, aconselha, é preciso dentro dessa nova rotina, ensinar às crianças que em algum momento do dia elas não terão o que fazer. É preciso ensiná-las que a frustração e o tédio existem e mostrar formas de lidar com eles. Se por um lado crianças precisam de horários definidos, por outro, Cibele Marras acredita que a pandemia pode servir para se rever o ritmo da existência e, se preciso, puxar o freio.

A própria relação dos adultos com o trabalho precisaria ser revista e ela aconselha que ninguém fique paranoico caso não consiga render o mesmo tanto que rende quando está na empresa. As condições dos últimos dias não são as mesmas com as quais as pessoas se acostumaram nas últimas décadas. Readaptar-se é preciso e questão de sobrevivência.

O psiquiatra e professor português Adriano Vaz Serra, por sua vez, afirma que a função primordial da família é dar proteção e suporte emocional na resolução das crises e conflitos. Então, para serem capazes de garantir às crianças esse apoio diante das mudanças dos últimos tempos, as mães e os pais têm como um dever de casa importante exercitar a maturidade. E ninguém amadurece se não aprender a escutar os outros.

Outros destaques da semana

*Feira cheia e terminal vazio no feriadão

A busca por itens para a ceia de Páscoa levou muito mais gente do que seria recomendado pelas autoridades de saúde às feiras livres de Salvador ao longo da semana. Em São Joaquim, a maior feira da capital, as pessoas vestiram a máscara e foram atrás dos ingredientes do caruru da Sexta-feira Santa...

...ali ao lado, no terminal do ferry-boat, ares de cidade fantasma. O local passou os últimos dias vazio porque a travessia foi suspensa justamente para evitar aglomeração na Ilha de Itaparica, destino bastante procurado nessa época do ano. Fotos de Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

*As mais lidas da semana1 - Ex-BBB 20, Marcela faturou mais de R$ 1 milhão: 'Choque'

2 - Mulher toma microfone de repórter da Globo ao vivo

3 - Jornalista que apresentou Jornal Nacional se demite

4 - Viúvo de baiana morta por Covid-19 é alvo de ofensas

5 - BBB 20: Prova do líder terá resistência e conforto

6 - Dança com caixão em funeral viraliza na web

7 - Líder de organização criminosa da Bahia é preso

8 - Mulher viola quarentena para encontrar com amante

9 - Paciente soca médico após saber que tem Covid-19

10 - Em 12 dias, coronavírus já matou mais que H1N1 em 2019 Em maio do ano passado, com as novas modalidades de saque dp FGTS, as agências da Caixa abriram aos sábados e tiveram muitas filas (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO) *Liberado novo saque do FGTS

Para amortecer a crise econômica agravada pela pandemia, o governo autorizou, essa semana, novos saques do FGTS tanto nas contas ativas quanto nas inativas. O valor máximo permitido será de um salário mínimo (R$ 1.045) por trabalhador, mesmo para quem tiver saldo maior na conta. Os saques começam em junho e a Caixa ainda vai liberar o calendário de pagamentos e os critérios para a retirada dos valores.

Os saques poderão ser feitos até dezembro e quem não retirar o recurso, terá o valor devolvido para a conta do FGTS. Assim como aconteceu nas outras modalidades de saque liberadas pelo governo no ano passado, quem tem conta na Caixa deverá ter o valor depositado. A preocupação agora é que o calendário de saques não gere corrida e aglomeração de pessoas nas agências, uma vez que boa parte das cidades brasileiras está com medidas pró-isolamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus.

Segundo o Ministério da Economia, 60,8 milhões de trabalhadores deverão ser beneficiados com a medida e, embora muita gente prefira não mexer no FGTS por medo de um desemprego futuro, com a crise ampliada pela pandemia, muita gente já se desempregou, teve contrato suspenso ou salário reduzido. Para esses, o dinheiro será bem-vindo. Apresentador até pediu Forças Armadas nas ruas para recolher doentes (Foto: Reprodução) *Sugestão muito infeliz

O apresentar do jornal Primeiro Impacto, do SBT, Marcão do Povo, foi afastado pela emissora de TV, essa semana, depois de sugerir que os doentes de Covid-19 fossem levados para um 'campo de concentração'. A ideia infeliz do apresentador repercutiu negativamente nas redes sociais e entre os telespectadores do programa. Ao afastar o profissional, o SBT emitiu nota afirmando não concordar com o apresentador: "Gostaríamos de esclarecer ao público, às autoridades, àqueles que estão na linha de frente ao combate incessante da pandemia e, em especial, às pessoas vitimadas, que de forma alguma a opinião expressada pelo apresentador reflete o pensamento, a atitude e o respeito que a emissora tem pelo momento atual", diz um trecho do texto. George Pell era o número 3 na hierarquia do Vaticano (Foto: Alberto Pizzoli/AFP) *Sentença de pedófilo anulada

A Suprema Corte australiana anulou a condenação do cardeal George Pell, acusado de abuso sexual contra menores. Essa semana, a Justiça aceitou recurso da defesa de Pell, ex-chefe das finanças do Vaticano. Por sete votos a zero, os juízes do mais alto tribunal da Austrália absolveram o cardeal, que agora deverá ser solto. Pell era o número 3 na hierarquia do Vaticano, mas foi afastado de suas funções após as acusações de pedofilia. Ele havia sido condenado há 6 anos de prisão por abusar de dois garotos nos anos 1990, em Melbourne. Os juízes decidiram por absolver Pell alegando que no caso do cardeal poderiam aplicar o benefício da dúvida. Renata morreu com um tiro na cabeça (Foto: Acervo Pessoal) Insegura até dentro de casa

Uma briga entre duas facções rivais no Calafate, localidade na região da avenida San Martin, culminou com a morte, por bala perdida, de Renata Verena de Azevedo Ribeiro, de 40 anos. Na hora em que foi baleada, Renata, que cumpria o isolamento social, se exercitava na porta de casa. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o Calafate é disputado pelo Bonde do Ajeita, ramificação da facção Bonde do Maluco (BDM), e pelo Comando da Paz (CP), que domina o tráfico na comunidade.