País depende deles, mas professores pensam em desistir

Violência e baixo salário são desafios citados; em pesquisa; outro estudo indica que 60% da aprendizagem depende do docente

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  • Flavio Oliveira

Publicado em 11 de maio de 2024 às 16:00

Oito a cada dez professores já pensaram em trocar de carreira, afirma pesquisa Crédito: shutterstock

É difícil fazer uma hierarquia de profissões mais importantes, pois cada uma tem sua importância. Mas é fácil constatar que sem professoras e professores, não existiriam jornalistas, médicos, advogados, engenheiros, policiais ou artistas. Essa observação deveria ser suficiente para que o Brasil – governo e sociedade – garantissem a esses profissionais mais que uma missão quase religiosa, feita por amor e diletantismo. Missão sim, mas valorizada salarial e socialmente.

Infelizmente, não é isso o que acontece. Tanto assim que uma pesquisa publicada na quarta (8) aponta que quase 80% dos professores já pensaram em desistir da carreira. A esse estudo, se soma um outro (divulgado e 30 de abril), que mostra que o professor é responsável por quase 60% do resultado dos alunos na educação fundamental, ou seja, esse profissional é mais relevante que todas as demais variáveis da escola pública somadas, a exemplo da quantidade de alunos por turma, escolaridade dos pais, se há ou não internet.

O primeiro percentual foi trazido pela pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, realizada pelo Instituto Semesp, entre 18 e 31 de março, com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país. Além do fato de que 79,4% dos professores entrevistados já pensaram em mudar de área profissional, o levantamento aponta que em relação ao futuro, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.

E que entre os principais desafios da carreira citados pelos professores estão: falta de valorização e estímulo (74,8%), falta de disciplina e interesse dos alunos (62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).

Ainda de acordo com a pesquisa, 52,3% dos entrevistados disseram já ter passado por algum tipo de violência na sala de aula. As violências mais relatadas são agressão verbal, com 46,2%; intimidação, 23,1%; e assédio moral, 17,1%.

Eles citaram também racismo e injúria racial, violência de gênero e ameaças de agressão e de morte. A violência contra os mestres é praticada principalmente por alunos, 44,3%; alunos e responsáveis, 23%; e funcionários da escola, 16,1%.

Mesmo assim, os dados do Semesp mostram que 53,6% dos professores da educação básica estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a carreira. Os motivos: interesse em ensinar e compartilhar conhecimento, 59,7%; satisfação de ver o progresso dos alunos, 35,4%; e vocação, 30,9%.

Essa vida sempre no limite entre o céu e o inferno passa por um cenário novo, com a pressão econômica para cursos 100% a distância e uma exigência cada vez maior de pais e governos pelo uso de ferramentas tecnológicas em sala de aula - isso, claro, sem que os educadores sejam preparados para usá-las. Pior, fala-se até em uso de tecnologias de inteligência artificial para substituir professores e professoras na sala de aula. Nada poderia ser mais enganoso.

Pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) mediram pela primeira vez na história do Brasil o impacto do professor na aprendizagem de um aluno no Brasil.

Na educação fundamental (até o 9º ano), a professora ou professor são responsáveis por quase 60% dos resultados obtidos pelos estudantes. No ensino médio, esse porcentual cai para 36%, mas, segundo os pesquisadores, ainda é um número alto pois o docente é comparado a outros 29 fatores que podem contribuir para um ensino de qualidade.

As informações da pesquisa brasileira são similares às feitas em outros países. De acordo com a FGV, um estudo americano revelou que estudantes de um bom professor têm maior probabilidade de iniciar o ensino superior, receber maiores salários e poupar mais para aposentadoria. Melhores professores são ainda mais importantes para crianças mais pobres.

“Se não tiver estratégia para olhar o professor, não adianta fazer reforma de currículo, colocar tecnologias, tempo integral. Importa saber como o professor vai ser preparado para isso”, resumiu Fernando Abrucio, um dos autores do levantamento da FGV.

Ou seja, o salto de qualidade da educação brasileira (em qualquer esfera) precisa, sem desprezar outros fatores, inclusive os tecnológicos e a segurança do ambiente escolar, colocar professoras e professores no centro do processo, pagar melhores salários e ofertar cursos periódicos de atualização para melhor prepará-los para a sala de aula.

Homem mata esposa para não pagar tratamento

Ronnie Wiggs tem 75 anos Crédito: reprodução

O custo de viver está cada vez maior em todo o mundo, trazendo impactos psicológicos diversos e ainda desconhecidos. Nos Estados Unidos, os cidadãos podem até não ter medo de andar pelas ruas por causa da violência como no Brasil, mas temem ficar doentes porque o preço dos tratamentos costuma levar famílias inteiras à falência.

Ronnie Wiggs, de 75 anos, foi preso no Missouri acusado de assassinar a esposa, Ellen, por estrangulamento. À polícia, ele afirmou que cometeu o crime porque não tinha fundos para pagar o hospital e não conseguia mais cuidar dela. O homem sufocou a esposa no leito do hospital e fugiu, mas foi localizado em seguida.

Segundo os policiais, Ronnie tentou matar a esposa em outra oportunidade, também durante uma internação hospitalar, mas ele "não conseguiu continuar". A esposa teria dito para ele "não fazer mais isso".

Os EUA são um dos poucos países sem um sistema universal de saúde. Os programas Medicare e Medicaid têm acesso restrito e a maioria dos atendimentos dependem de caríssimos planos de saúde, o que deixa a classe média sem direito ao serviço público ao mesmo tempo em que é excluída pelas seguradoras privadas.

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