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Marina Sena comparada a Gal: relaxe que foi sucesso, gata

Apresentação de Marina no   The Town levantou críticas na internet

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 13:44

Marina Senna e Gal Costa - Foto: Alile Dara Onawale / Divulgação
Marina Senna e Gal Costa  Crédito:  Foto: Alile Dara Onawale / Divulgação

Toda vez que morre um/a grande intérprete, já supomos a sequência de shows "tributo a grande intérprete que morreu", "intérprete anônimo canta grande intérprete que morreu", "grande intérprete vivo/a homenageia grande intérprete que morreu" e coisas parecidas. Assim como a gente pega carona no vácuo que fica atrás da fila de policiais atravessando multidão, cantores e cantoras embarcam na saudade e na comoção coletivas. Se eu cantasse, também faria. Isso não é uma crítica aos "obituários", digamos, de colegas de profissão.

De forma que que cantoras homenageando Gal Costa não faltariam de jeito nenhum. São várias, de diversos portes e qualidades. Aí, tão normal quanto o ato, é o fato de que jamais, em tempo algum, o "tributo" superou (ou sequer se igualou) o homenageado. Não que eu saiba. Imagino eu que quem homenageia se perceba - pelo menos nessa circunstância - uma versão desbotada do original e conte com a realidade esperada de perder na comparação. Se, por um lado, a emoção causada pela perda chama a atenção do público, a mesma paixão desqualifica o "genérico" ali no palco. Em nada disso qualquer novidade, você sabe.

Além do sentimento "meu ídolo é melhor do que isso" da platéia, muitas vezes há dificuldades até práticas, inclusive com desafios a registros vocais. Acontece também de quem homenageia ficar ali perdido entre citar e imitar, performar o homenageado no corpo ou apenas cantar. Desse modo, até quem é bom pra caramba com o próprio repertório, poderá dar suas derrapadas ao mergulhar na set list e nos trejeitos de quem deseja homenagear. Quanto mais velho o macaco, menos ele mete a mão em cumbuca, por isso que fiquei besta quando vi Marina Sena chamar pra si exatamente a maior cumbuca de todo o repertório de Gal Costa. Apesar de jovem, a cantora é bem assessorada e não fez isso por acaso.

Lá foi ela duelar com a guitarra, no The Town. Podia ter se contentado com Um Dia de Domingo, uma Chuva de Prata e até com o Balancê que o recado estaria dado, mas não. A cantora - que foi parceira na última gravação, em estúdio, de Gal Costa (Para Lennon e McCartney) - queria mais. Marina resolve repetir a icônica demonstração das absurdas possibilidades vocais de Gal Costa. O ápice. A mais conhecida exibição do instrumento que era o gogó da grande intérprete que morreu. Com isso, leva o público a comparar o incomparável e a se frustrar, obviamente. Chovem críticas, Marina vira meme e responde "vocês que se mordam". Sinceramente, achei genial.

"Não sangre em tanque de tubarões", ela deve ter essa frase tatuada em algum lugar. Trabalhar visibilidade não é para amadores. Ousar ser ridícula para uma parcela do público e, com isso, passar a ser conhecida por outra. Furar a fila passando na frente de tantos que estiveram no imenso festival, dominar as redes, ser o assunto e desdenhar toda a negatividade. Marina canta bem, mas não é uma Gal. Ela deve saber disso e, mesmo assim, foi a primeira que topou a comparação mais cruel. Diante de milhares de pessoas e câmeras abertas. O nome disso é coragem. Gosto de coragem. Só por isso, pra mim, Marina Sena venceu o duelo com a guitarra. Não com a voz, mas na habilidade com o mercado. Se fosse minha amiga, eu só diria o seguinte: relaxe que foi sucesso, gata.