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Secretário Bruno Monteiro ataca CORREIO, mas quem o chamou de 'alienígena' foi grupo de artistas baianos

Monteiro, que assumiu a pasta em janeiro de 2023, enfrenta resistência desde o início da gestão, acusado de não ter trajetória na área cultural

  • Foto do(a) author(a) Flavia Azevedo
  • Flavia Azevedo

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 18:31

Secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro
Secretário de Cultura da Bahia, Bruno Monteiro Crédito: Manu Dias/GOVBA

O secretário de Cultura da Bahia (Secult), Bruno Monteiro, atacou o jornal CORREIO, nesta quinta-feira (14), após um artigo escrito pela colunista Flávia Azevedo no qual é reproduzido um manifesto da classe artística do estado com críticas contundentes à política cultural do governo Jerônimo Rodrigues (PT).

O alvo central das críticas é o secretário Bruno Monteiro, que, segundo o documento, seria “um alienígena que caiu de paraquedas no cargo”. Monteiro, que assumiu a pasta em janeiro de 2023, enfrenta resistência desde o início da gestão, acusado de não ter trajetória na área cultural, de carecer de visão estratégica e de adotar um modelo de condução centralizado e pouco transparente.

Em um evento na cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, o titular da Secult afirmou que o CORREIO é um “diário oficial”, "da família dos nossos adversários" e que o jornal propaga "opinião contra o nosso governa e nosso trabalho". Bruno Monteiro afirmou ainda que o jornal o chamou de “alienígena”, o que não é verdade. O CORREIO apenas reproduziu a expressão usada no manifesto dos artistas.

O secretário ainda ironizou e disse que “deve ser coisa de alienígena" espalhar por diversos lugares feiras literárias e escolas. Bruno Monteiro não respondeu a nenhuma das críticas feitas pela classe artística no manifestado. Ele repetiu o clichê de "atacar o mensageiro", em vez de entender a mensagem.

Confira abaixo o manifesto na íntegra:

MANIFESTO DE REPÚDIO À POLÍTICA CULTURAL DA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DA BAHIA

Nós, profissionais da cultura da Bahia — artistas, produtores, técnicos, mestres da cultura popular, gestores, pesquisadores, educadores e agentes dos diversos segmentos que compõem o fazer cultural do nosso Estado — tornamos público nosso mais profundo repúdio à política pública cultural conduzida pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia.

É lamentável que um estado como a Bahia — matriz da cultura brasileira, berço de uma das mais vigorosas expressões artísticas da América Latina — não disponha de dotação orçamentária própria e estruturada para seu campo cultural.

A atual gestão tem se apoiado quase exclusivamente em recursos de editais vinculados a leis emergenciais, criadas com o objetivo de mitigar os impactos da pandemia e não para substituir uma política cultural de Estado.

A produção artística não pode estar subordinada à lógica fragmentada e imediatista de interesses partidários na gestão pública. Qual o projeto cultural do Estado da Bahia?

A cultura exige continuidade, investimento constante, planejamento, escuta ativa e compromisso com a diversidade da produção cultural baiana.

A insatisfação com a descontinuidade das ações culturais se manifesta em todos os segmentos do fazer artístico.

Nos últimos dez anos, segundo dados do Observatório de Economia Criativa da Bahia (OBEC), o Estado reduziu sistematicamente seu investimento no setor.

Trata-se de um desmonte progressivo que compromete não apenas a realização de projetos, mas a própria sustentabilidade econômica da cultura baiana.

Reivindicamos uma Secretaria de Cultura que compreenda a complexidade e a amplitude da cultura na Bahia, que conheça de fato a dinâmica de suas linguagens, territórios e tradições.

Precisamos de uma escuta institucionalizada, continuada e comprometida com todos os profissionais da área — sem distinção ou favorecimentos.

A sistemática negação de diálogo, a falta de transparência e a ausência de critérios claros nos processos seletivos revelam o desinteresse da atual gestão em construir uma política pública séria, estável e sustentável para o setor.

Esse contexto de exclusão e apagamento jamais promoverá o desenvolvimento de uma economia criativa sólida ou justa para a Bahia.

Demandamos:

* Uma política pública de Estado para a cultura, com linhas de apoio para os diferentes segmentos culturais;

* A previsão de recursos próprios no orçamento estadual para as diversas linhas;

* Publicação de parâmetros claros, transparentes e democráticos para a inscrição e seleção dos projetos;

* A realização periódica e calendarizada dos processos seletivos;

* Garantia de continuidade para os projetos culturais como princípio fundamental de qualquer política pública.

* A lei Nº 13193 DE 13/11/2014, publicado no DOE - BA em 14 novembro de 2014, na gestão do Governador Wagner e do Secretário de Cultura, Albino Rubin que cria o Plano Estadual de Cultura da Bahia está até hoje à espera de regularização.

A existência de uma lei que sirva de eixo tanto para os fazedores de cultura como para os gestores públicos é fundamental, demandamos sua regularização.

* A escolha de cargos são prerrogativas do governo, contudo se faz necessário que a escolha dos gestores públicos seja fundamentada no conhecimento, experiência, credibilidade na área e representativos de diferentes perspectivas e backgrounds.

* A arte é sempre uma expressão de um tempo. Cabe ao poder público criar as condições para que as expressões culturais se desenvolvam, registrem o momento histórico e criem memória.

O papel da Secretaria de Cultura da Bahia — estado fundador da nação — é o de reunir, estimular e promover as múltiplas manifestações culturais da nossa rica e múltipla identidade nacional.

Nosso papel, como fazedores da cultura, é demandar uma política pública de Estado para a cultura e resistir à lógica excludente, fragmentada e binária que insiste em tratar a cultura como evento, e não como o legitimo direito de expressar a complexa diversidade de perspectivas que constitui a cultura da Bahia.

Seguiremos mobilizados, vigilantes e ativos, exigindo respeito, transparência e compromisso com a cultura baiana.

Salvador, 27 de junho de 2025.

Assinam o documento:

• Adler Fernandes Da Paz

• Afa Neto

• Aicha Pinheiro Marques

• Albenísio Fonseca – Poeta / Compositor / Jornalista

• Albeniso José De Andrade Fonseca

• Almandrade – Artista Visual

• Ana Aragão

• Ana Paula Moura Da Fonseca

• Andressa Rodrigues – Montadora

• André Castro

• Aurélio Dos Santos Filho

• Bernard Attal – Cineasta / Produtor

• Bertrand Duarte – Ator / Produtor Cultural

• Carlei Gomes Daltro

• Célia Maria Baldas Mallett

• Celia Mares

• Chico Mazzoni

• Débora Medeiros

• Deli Abade De Oliveira Neto

• Demian Moreira Reis

• Dominique Silva Faislon

• Ducca Rios

• Eduardo Ayrosa – Produtor / Sound Designer

• Edyala Yglesias – Cineasta

• Eder Long

• Evelin Buchegger

• Fabiola Aquino Coelho

• Fernanda Silva Dos Santos

• Francisca Alice Carelli

• Gabriel Lake

• Gabriel Silva Lake

• Gilberto Almeida Filho

• Gilberto Lopes Reis

• Giltanei Amorim

• Guache Marques – Artista Visual

• Hildebrando Rodrigues

• Iara Normando Tude

• Irema Santos Silva

• Isa Maria Faria Trigo

• Isaac Donato – Cineasta

• Jessica Menezes De Oliveira

• Joel De Almeida – Cineasta

• Joelma Neves Evangelista

• Johny Guimarães Da Silva

• Jonathan Monteiro Bernardo

• João Matos

• João Perene

• João Pinheiro De Matos

• Julio Góes – Ator / Cineasta

• Julia Ferreira

• Kaika Alves

• Luca V V Domingues

• Luiz Alberto Ribeiro Freire

• Luis Parras – Diretor De Arte

• Manoel Messias Oliveira Silva

• Manoel Passos Rocha Pereira

• Marcello Benedictis – Produtor / Técnico De Som

• Marcello Benedictis De Campos Neto

• Maria Dolores Bastos Laborda

• Mirella Matos Sales

• Monica Millet

• Monica Monteiro Almeida

• Nadir Oliveira Galrão Leite

• Nenno Pena

• Nislene Nascimento De Brito

• Og Cerqueira

• Orlando Sacramento Valle

• Pedro Cesar Dorea Luz

• Pedro Semanovsky – Diretor De Fotografia

• Plínio Alves Da Silva Dos Santos

• Priscilla Andreata

• Raimundo Bujão – Produtor Cultural

• Raimundo Laranjeira – Artista Visual

• Rita Assemany

• Rita Celeste Neres De Azevedo

• Roberto Torres – Escritor / Roteirista

• Rosalia Junqueira Aguiar Rodrigues

• Sergio Almeida

• Susan Kalk – Roteirista E Diretora

• Thais Brito

• Tiago Britto

• Tuzé De Abreu – Cantor / Compositor

• Valney José Silva Dos Santos

• Vinícius Rodrigues ACAMB

• Yulocezzar (Alberico Mandarino Barreto)

• José Carlos Torres – Diretor De Fotografia

• José Mendes Dos Santos Júnior

• José Umberto Dias – Cineasta

• José Walter Lima – Cineasta E Artista Visual

• José Wanderley Meira Filho