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Hagamenon Brito
Publicado em 9 de setembro de 2019 às 06:20
- Atualizado há 2 anos
Nos tempos liquídos que vivemos, onde nada é para durar, como bem escreveu o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), quando nos deparamos com uma artista como Lizzo, 31 anos, sentimos a necessidade de ouvir com atenção tudo aquilo que ela tem para nos dizer. Lizzo faz história ao chegar no topo da Billboard Hot 100 com Truth Hurts: apenas outras quatro mulheres negras conseguiram o topo desde 2010 (Foto/Div.) E foi isso que aconteceu quando ela lançou Cuz I Love You em abril deste ano. O tão esperado terceiro álbum de estúdio da rapper americana conseguiu um lugar no Top 10 da Billboard e o número 1 no iTunes, lugar que até então pertencia a Homecoming, da superstar Beyoncé. >
Mas, além de boa música, com uma voz poderosa que mescla soul, R&B, funk e rap, ouvimos desde então mensagens que, mais do que nunca, importam ser ouvidas num mundo com tantas almas sebosas em altos cargos governamentais. >
Prince e topo - O empoderamento feminino, a aceitação do seu corpo gordo e o modo como estão mudando os paradigmas na indústria da moda são três dos assuntos abordados por Lizzo, que colaborou com Prince (1958-2016) numa faixa de Plectrumelectrum, álbum que o gênio pop lançou em 2014. >
Na capa de Cuz I Love You, por exemplo, a cantora surge completamente nua. Uma imagem que não é explícita, mas que a representa tal como verdadeiramente é. “Me olho no espelho e agora penso: ‘Droga, não preciso que ninguém me diga que sou bonita’. Nem preciso de um espelho”, declarou sagazmente em entrevista à versão digital da Dazed & Confused Magazine. São afirmações desse tipo que nos tornam mais próximos de Lizzo.>
Desde o lançamento do álbum, a cantora só aumenta e espalha sua boa vibração de empoderamento e representatividade. Em 2018, ela tinha 60 mil seguidores no Twitter e 247 mil no Instagram. Hoje, são 898 mil no Twitter e 4,8 milhões no Instagram.>
E, na semana passada, Lizzo fez história ao emplacar o single Truth Hurts (lançado originalmente em 2019) no topo da parada Billboard Hot 100. Apenas outras quatro mulheres negras conseguiram esse feito desde 2010: Beyoncé, Rihanna, Janelle Monáe e Card B.>
Veja os videoclipes de Truth Hurts e de Tempo (feat. Missy Elliott)>
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POST MALONE É UM POP STAR ACIMA DO RÓTULO RAPPER Embora use muitos elementos do rap, sobretudo o trap, o americano Post Malone (foto), 24 anos, não gosta do rótulo rapper. Isso, aliás, evita maiores tretas com detratores que o acusam de não ter autenticidade e ser um diluidor do gênero dominado por rappers negros. No seu novo, bom e 3º álbum, Hollywood’s Bleeding (Universal), ele posa de roqueiro na capa, inova e foge ainda mais dos rótulos ao misturar gêneros como indie rock, synth pop, hip hop e trap em 17 canções, quase todas com cheiro de sucesso. O álbum tem participações especiais de Ozzy Osbourne, Travis Scott, Halsey, Future e SZA, entre outros.>
Veja o videoclipe de Circles>
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DOIS NOVOS BAIANOS 1. Bruno Capinan (Real) - Cantor e compositor baiano radicado no Canadá, Bruno lança o seu quarto e mais pop álbum, Real, produzido por ele e Mark Lawson, engenheiro de som da cultuada banda Arcade Fire. "É o meu trabalho mais confiante", diz o artista. Com bonita capa de Lucas Murnaghan e Michael Tha- yer, o álbum tem pontos altos na folk pop Love’s Will (feat. Rubel), em Pessoa (com guitarras rock’n’roll) e Momento.>
Veja o videoclipe de Escorpião>
2. Teago Oliveira (Boa Sorte) - Vocalista da Maglore e com composições gravadas por Gal Costa, Erasmo Carlos e Pitty, Teago lança dia 17, pela Natura/Deck, o seu primeiro álbum solo. O primeiro single, a melancólica, bonita e melódica Corações em Fúria (Meu Amigo Belchior), já está nas plataformas digitais e tem videoclipe dirigido por Victor Mari- nho. Dia 3/10 tem show de lançamento na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. Assista o videoclipe de Corações em Fúria (Meu Amigo Belchior) >
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GRANA, FÉ E HIPOCRISIA Em nove episódios, a boa comédia The Righteous Gemstones (no canal HBO, domingo, às 23h, e no app HBO Go), conta a história de uma poderosa família televangelista americana de fama mundial que é muita hipócrita e gananciosa. John Goodman vive o pastor e patriarca Eli Gemstone e Danny McBride, produtor da série, interpreta o filho mais velho.>
Veja o trailer da série>
Hagamenon Brito é crítico musical e escreve sobre cultura pop toda segunda-feira>