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Da Redação
Publicado em 12 de março de 2018 às 07:30
- Atualizado há 3 anos
Deus escreve certo por linhas tortas. Essa máxima popular pode ser aplicada à trajetória da cantora, compositora e pianista carioca Tais Alvarenga, 31 anos, que lança o seu primeiro e ótimo álbum, Coração Só (Sony). A cantora, compositora e pianista carioca Tais Alvarenga, 31 anos, brilha no seu primeiro álbum, Coração Só, produzido por ela e Pupillo, da Nação Zumbi (foto/Rael Barja/divulgação) De família adventista, Tais descobriu a música na infância, ao cantar e tocar piano na igreja. Uma promissora carreira gospel se desenhava, mas com 13 anos ela começou a tomar os passos de "ovelha desgarrada" ao não concordar com os limites musicais religiosos e certos aspectos do comportamento adventista, como o modo rígido de pensar e vestir-se.>
Daquela época ficaram a experiência de tocar em corais e grupos, o gosto por melodias e a capacidade, por exemplo, de citar espontaneamente na conversa, por telefone, comigo (que também tive formação protestante), os muitos livros que compõem a Bíblia. >
Boas melodias não faltam nas dez faixas do álbum Coração Só, bem como emoção e intensidade pop autoral, numa narrativa cinematográfica sobre os sentimentos de uma relação amorosa, com seus altos e baixos. Só Duna, de Lula Queiroga e Lucky Luciano, não foi composta por Tais. "Estou atenta e entregue nessas canções, que são autobiográficas. Elas têm tudo de mim", afirma Tais, cuja emotividade musical é ressaltada pelo modo mais percussivo com que toca piano, tendo como referência a cultuada artista americana Fiona Apple.>
É preciso coragem - As canções Você Se Enganou, a soul Coração Só (ambas, com bons clipes), Esse Lugar e Ainda Penso (que, noutra versão, esteve na trilha da novela Verdades Secretas, em 2015) traduzem bem a força e a personalidade da afinada cantora, que não encontra paralelo na atual cena pop brasileira.>
Produzido por Tais e Pupillo (Nação Zumbi), a quem elogia pelo cuidado e o respeito à sua integridade artística, o disco não seria o mesmo sem a fase de aprendizagem da cantora na Berklee College of Music, em Boston, EUA, entre 2007 e 2011.>
Bolsista, Tais se formou em trilha para filme, expandiu sua musicalidade, tocou em festivais e com artistas de várias nacionalidades. "Na Berklee eu me apaixonei pela música de verdade, por toda a sua história. Pela música em si, não pela música porque ela pode ser um sucesso viral, não pelo seu aspecto mercadológico", conta.>
Na volta ao Brasil, Tais Alvarenga recusou propostas de se lançar seguindo o estilo de outras cantoras, "tipo uma nova Vanessa da Mata", por exemplo. "Acredito em consistência musical. É mais árduo, mas é autêntico. É preciso ter coragem em tudo na vida".>
Confira os videoclipes de Coração Só (filmado em Nova York) e Você Se Enganou>
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DRAMA ALEMÃO "EM PEDAÇOS" VALE PELA ATUAÇÃO DE DIANE KRUGER>
Germânico de ascendência turca, o diretor Fatih Akin, 44 anos, regressa ao tema que lhe é próximo da pele, colocando uma alemã e o seu marido de origem turca no centro da história do bom drama Em Pedaços, que estreia quinta-feira (15) em Salvador. Diane Kruger: prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, em 2017, pela ótima interpretação (foto/divulgação) Depois de um atentado à bomba em Hamburgo, realizado por neonazistas e que mata o marido (ex-traficante) e o seu filho, a protagonista Katja atravessa o luto num misto de angústia insuportável e procura de justiça seja qual for a expressão desta.>
Diane Kruger, 41, (alemã, no seu primeiro filme alemão), é o rosto que se presta à lente de Akin com simultânea força e vulnerabilidade, traduzindo o contexto emocional com um sentido de franqueza admirável. O prêmio de melhor atriz em Cannes, em 2017, foi merecido.>
Além da ótima atuação de Diane, de Troia (2003) e Bastardos Inglórios (2009), chama atenção, para o bem e para o mal, a manipulação dramática evidente do diretor em prol da discussão sobre a ascensão de grupos de extrema direita na Alemanha, usando até elementos questionáveis no roteiro para dar um tom político à obra. Em Pedaços ganhou o Globo de Ouro 2018 de filme estrangeiro, mas vale mesmo por Diane Kruger.>
Veja o trailer do filme>
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DOIS TOQUES>
1. RUBEL Depois do despretensioso álbum Pearl (2013), que virou um fenômeno indie, o carioca Rubel, 26 anos, amplia suas referências de folk e MPB com o disco Casas (Dorileo/Natura Musical), de produção mais bem cuidada. São bem-vindas, por exemplo, as participações dos rappers Emicida (Mantra) e Rincon Sapiência (Chiste). Mas, embora com algumas melodias mais alegres, Rubel segue um cara melancólico.>
Ouça a faixa Mantra, com participação especial de Emicida>
2. TIM MAIA FOREVER Rei da soul music brazuca, Tim Maia morreu em 15 de março de 1998 e, 20 anos depois, segue bem vivo na MPB. O Black Soul Especial de amanhã (13), na Globo FM (gfm.com.br), às 21h, festeja o grande Síndico.>