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Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 04:32
- Atualizado há 2 anos
Imagine poder prever com precisão o comportamento das pessoas de uma cidade e, com isso, ajustar os serviços como ônibus, segurança e emergência, além, é claro, do trânsito, de acordo com a demanda de cada horário ou dia da semana. Cientistas americanos e belgas deram um importante passo nesse sentido mas, como tudo sempre tem um lado negativo, essa evolução, se mal utilizada, pode tornar ainda mais rara a tão valorizada privacidade.Tráfego celularÉ através da análise do tráfego dos celulares que os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o famoso MIT, em conjunto com um outro grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, esperam poder enxergar como cada cidade funciona. Para ficar claro como isso é possível, primeiro precisamos entender o que é esse tráfego celular. Olhando para o alto, em qualquer grande cidade do mundo, é fácil perceber que antenas de celulares das diversas operadoras estão por toda parte. O sistema das operadoras fica o tempo todo monitorando cada aparelho e verificando onde os telefones celulares se encontram. Essa informação permite que a operadora procure conectar o telefone à antena que estiver com melhores condições de atendê-lo, sempre que necessário. Esse rastreamento funciona enquanto o aparelho estiver ligado e dentro da área de cobertura de cada empresa. O estudo Os cientistas usaram como laboratório para desenvolver o sistema um pequeno país da Europa, cujo nome não revelaram, onde um milhão e meio de aparelhos estão ativos. Durante 15 meses, todos os dados do tráfego de telefones eram coletados e organizados pelos computadores que iam montando mapas onde se podia detectar a movimentação de cada celular dia a dia. Depois de alguns meses os computadores já conseguiam prever padrões de movimentação do grupo de aparelhos e, depois de mais algum tempo, já era possível enxergar além disso.Radar Ao final dos 15 meses o padrão de comportamento de cada aparelho já era facilmente detectado. A hora em que começava a se movimentar, locais frequentados pelo dono do celular, a velocidade que levava para percorrer cada distância e o tempo médio de permanência em cada local em que parava além da hora em que usualmente cada ação acontecia. Só não era possível saber quem era o dono desse aparelho, pois esse dado é mantido em segredo pelas operadoras. Mas os especialistas logo deram um jeito de resolver esse problema.Bola de cristalOs cientistas tiveram a ideia de cruzar os dados do tráfego de celulares com as informações retiradas de postagens em sites de relacionamento, que geralmente possuem o local e a hora onde foram publicados. Bingo! Já era possível afirmar, com certeza quase que total, qual aparelho dentre os um milhão e meio rastreados havia gerado a postagem. Com os dados acumulados durante os 15 meses de pesquisa, o comportamento dos usuários cujas portagens podiam ser coletadas agora era altamente previsível. O percentual de acerto chegou a 95%. Não é difícil imaginar o poder destrutivo de uma tecnologia dessas em mãos erradas, mas deixando de lado a tendência que temos de pensar em conspirações, em maldades as mais diversas, em mãos responsáveis, um sistema assim poderia melhorar a vida nas cidades através de ajustes em tempo real do funcionamento delas e, quem sabe, até salvar muitas pessoas. Ele ainda está nos laboratórios mas, com certeza, algum dia vai estar ativo, integrado nas vidas de todos, para o bem e, esperamos, é claro, que não para o mal. Leia a íntegra da pesquisa, com gráficos e outras informações, acessando o meu blog no endereço tecnoporto.com.>