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Ivan Dias Marques: se gritar ‘pega ladrão’, não fica um, meu irmão

  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 02:34

 - Atualizado há 2 anos

No caminho de ontem pro trabalho, ao ligar o som, Os Originais do Samba já cantavam “Se gritar ‘pega, ladrão’, não fica um, meu irmão”. Simbólico. Àquela hora, eu ainda não sabia da prisão de Juan Ángel Napout e Alfredo Hawit, mais cedo, na Suíça. E muito menos do pronunciamento de Loretta Lynch, a secretária de Justiça dos EUA, que viria mais tarde.

Aconteceu o inevitável, que eu, você, a torcida do Bahia, do Vitória e da Seleção Brasileira sabíamos: Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero acusados de diversos crimes, entre eles formação de quadrilha, extorsão, lavagem de dinheiro e, claro, corrupção. Receberam tanta propina que fiquei com dor de cabeça só de fazer as contas.

Tudo isso é parte de um esquema monumental de corrupção que começa na Fifa e vem desembocar dentro dos países. Ou ao contrário. O caminho, tanto faz. O certo é que o futebol movimenta milhões, mas movimenta mais milhões em certas contas por aí. E que precisou os EUA serem passados para trás para entrar na briga e mostrar o que era óbvio há muito tempo e não era investigado por falta de vontade (leia-se escrúpulos e interesses).

A primeira pessoa que eu gostaria de encontrar depois do pronunciamento da secretária americana é o ex-treinador da Seleção Carlos Alberto Parreira. Em 2014, antes da Copa do Mundo, ele afirmou que, não vomite por favor, “a CBF é o Brasil que deu certo”. Realmente deu certo. Para seus três ex-presidentes - já contando a licença de Del Nero anunciada posteriormente -, a CBF fez com que eles aumentassem seus patrimônios, se endinheirassem, viajassem de primeira classe, comprassem tudo do bom e do melhor. Enriquecessem.

Para 44 dos 47 representantes do futebol brasileiro, 20 clubes da Série A e 27 federações, a CBF deu certo mesmo, já que Del Nero foi eleito para presidente da entidade por eles no ano passado, após a declaração de Parreira. Apenas o Figueirense (na época por uma questão jurídica) e as federações do Rio Grande do Sul e do Paraná acharam que não. Ainda acham?Enquanto os clubes brasileiros se entopem de dívidas, torcidas se estapeiam, estádios-elefantes seguem clareando-se cada vez mais e centenas de jogadores profissionais precisam arrumar trabalho “por fora” para se sustentar em boa parte do ano, a conta bancária dos homens que comandaram nosso futebol nos últimos 27 anos só aumentava com depósitos de milhões de dólares. Vai dizer que não deu certo para eles?

E pode continuar dando. Ao menos para Teixeira e Del Nero, que, espertos que são, já não deixam o país há algum tempo, com medo de ainda de cuecas, como Marin, serem acordados por um agente policial estrangeiro em suas portas. Vale lembrar que, após a prisão de Marin, ambos negaram quaisquer atividades ilícitas.

Realmente, eu não sei onde tem mais sujeira: na política ou no futebol. Coincidentemente - ou não -, os presidentes da Câmara dos Deputados e da CBF são acusados, com fortes indícios, do mesmo crime: corrupção, com recebimento de propina para favorecer determinadas empresas. Coincidentemente - ou não -, quem assume a CBF é um deputado federal, Marcus Vicente (PP-ES), conhecido membro da chamada Bancada da Bola, aquela que sempre atrasa o lado do futebol na casa comandada por Cunha.

Se seu estômago aguentou até aqui, respire. Voltemos aos Originais do Samba: duvido que esses caras citados nesta coluna gostem do ritmo tão bem tocado pelo grupo carioca. Bons sujeitos, obviamente, eles não são.