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Miro Palma
Publicado em 10 de maio de 2017 às 05:31
- Atualizado há 2 anos
Pouco mais de cinco meses depois do acidente aéreo que vitimou quase toda a delegação da Chapecoense, além de jornalistas e tripulantes que também estavam no voo da LaMia, o Verdão do Oeste conquistou o Campeonato Catarinense. É o sexto caneco do estadual que o time levanta, mas este ano teve um gostinho especial. O jogo que garantiu a taça terminou 1x0 para o Avaí, na Arena Condá, mas nem o resultado adverso diminuiu a notabilidade do momento.A forma como a Associação Chapecoense de Futebol conseguiu se reerguer em tão pouco tempo é incrível. Mais extraordinário ainda é o momento que eles estão vivendo agora. Daqui a pouco, entram em campo contra o Atlético Nacional de Medellín, na cidade que marcou a história da Chape para sempre. Quer dizer, contra não é bem a palavra correta, afinal, desde o ano passado que Chapecó e Medellín são praticamente a mesma nação.>
Leia também: Viúva de Ananias fala sobre como contou ao filho de 5 anos sobre morte do jogadorOnze quilos mais magra, noiva de Arthur Maia tenta superar perda: 'ele era a minha vida'A disputa dessa vez é pela Recopa Sul-Americana, que reúne os campeões da Copa Sul-Americana e da Libertadores da América. A cidade colombiana vai, enfim, realizar a partida interrompida pela tragédia do ano passado. Por isso, é impossível não lembrar do drama que comoveu o mundo do futebol. Os sobreviventes Jakson Follmann, Alan Ruschel, Neto e o jornalista Rafael Henzel acompanharam a equipe de Santa Catarina e foram recebidos com flores brancas pelos cidadãos colombianos.Todos eles visitaram o local do acidente, o hospital onde foram atendidos e, também, a membros do Corpo de Resgates de Antióquia. A gratidão é, mais uma vez, o sentimento que contorna essa relação entre Brasil e Colômbia.Nas quatro linhas, cada um vai defender a sua camisa, é claro. Contudo, esse jogo não é comum, não são apenas dois times buscando um resultado. Esse jogo é o fruto da solidariedade humana, da empatia entre dois países, da compaixão e da comoção. E, nesse caso, o resultado final é um mero coadjuvante. Pois, não nos esqueçamos, foi graças à honrosa atitude do Atlético Nacional em abrir mão do título da Sul-Americana que estamos prestes a acompanhar essa histórica partida.Ah, mas todo mundo quer ganhar, pensarão os mais céticos. É verdade. E nós, daqui, estaremos torcendo pela Chapecoense, afinal de contas quem neste país não carrega as cores verde e branco embaixo da camisa do time do coração? Somos todos Chape, já dizia a famosa frase que ecoou nos quatro cantos do mundo. E o time colombiano, pela segunda vez, não vai enfrentar apenas 11 jogadores, tem mais 19 anjos de chuteira que, com certeza, também vão entrar em campo. Sem mencionar que um empate já basta para a Chapecoense festejar. Perto do todo, isso é quase nada. Perto do que todos nós – torcedores, jornalistas esportivos, admiradores do futebol ou apenas cidadãos brasileiros e colombianos, seres humanos como um todo – fomos capazes de fazer, o destino da taça da Recopa é o que menos importa.Por isso, sugiro que você assista à partida com a alegria de quem vê a superação personificada, com a fraternidade de quem reconhece um amigo, mesmo com cores opostas e a tranquilidade de quem vai comemorar do início ao fim dos 90 minutos. Esse jogo estar acontecendo depois de um desastre de tal magnitude já é uma vitória. E, eu não sei vocês, mas vou gritar gol, independente de qual rede balance. Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às quartas-feiras>