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Nelson Cadena: 110 anos da Loja Cecy

  • D
  • Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2016 às 03:28

 - Atualizado há 2 anos

Em setembro deste ano, um dos mais antigos estabelecimentos varejistas de Salvador, a Loja Cecy, completa 110 anos de fundação, mais de um século de atividades ininterruptas e sempre no mesmo ponto comercial, na Baixa dos Sapateiros. Ao que me consta, apenas a Leão de Ouro, fundada por Severo Miguez Pazo, em 1903, a precedeu no varejo, embora hoje seja pertencente à família de Wanderley Rey.Mais antiga ainda seria a Loja A Primavera, esta datada de 1876, mas na época não era varejo e sim casa de penhores, assim foi até a década de 1940, quando então passa a vender joias e instrumentos musicais. Vale lembrar aqui das Casas Ruas, com 95 anos de comércio, e as lojas Frutos Dias, com seus 93 anos de atividades, originalmente uma representação de óleos para automóveis, mais tarde comercializando aparelhos de rádio e geladeiras, até se firmar no ramo automotivo.A Loja Cecy surge em 1906, então propriedade de Josias Oliveira, destacado membro da Liga Teosófica Acyone, que editava uma revista mensal com o nome “Amor”; mais tarde passa a ser propriedade do comerciante Natan Serebrinic, e a partir de 1966 de Ivo Fucs, que comanda a casa há exatamente 50 anos, hoje especializada exclusivamente em roupas para crianças, diferente de seu catálogo inicial.Originalmente, a Loja Cecy comercializava cartões-postais, meias, punhos, colarinhos, fazendas, perfumes, gravatas, bicos de filó e algodão, e anunciava na Revista do Brasil com o slogan: “Alerta Rapaziada! Ide à Loja Cecy, a barateira”. Logo ganhou notoriedade e popularidade na praça através do patrocínio a atividades esportivas da moda e em especial pela sua presença no Carnaval. Promovia corridas de patins, de ciclistas e de rua, na Cidade Baixa e no Rio Vermelho, em páreos que levavam o seu nome. E a loja contribuía com a premiação, naquele tempo troféus e medalhas, essas banhadas a ouro ou prata.Nas festas populares, no Micareme e no Carnaval de Salvador, a Loja Cecy era presença certa e aguardada pelo público. No Carnaval de 1915 desfilou o cordão carnavalesco Cecy e em 1917 sua marcha-reclame foi uma das músicas mais cantadas no evento com os versos: “Como é belo o sossego da alma/sob o teto da Loja Cecy/Vendo o brilho da seda opalina/Evolando odor do Jasmim/Como é doce sorrir a Cecy/Para a noiva que compra enxoval/A grinalda ela dá de presente/E um vestido de Casa Cristal”.Cinco anos depois, no Carnaval de 1922, o grupo intitulado Almofadinha foi às ruas cantando em ritmo de tango: “Não acreditem/Que esta gente almofadinha/Compre por mais de seu preço/A sua roupa ligadinha/E se assim faz/É porque a Cecy tem/Um sistema de vender/Servindo como ninguém/Ai Cecy, ai Cecy, ai amor/És a culpada de nos trajar assim/Sem diferença de um manequim”.  E nas festas populares, a volta do Almofadinha, dessa vez cantando os versos: “Gosto de ouvir cantar, os sucessos da Cecy/Gosto que o mundo saiba/Que nela eu já me prendi/Gosto de ouvir falar/De seu grande sortimento/Gosto saber que o povo/Compra ali tudo a contento”.A loja patrocinava ainda as famosas pranchas, com belos nomes de flores, que consistiam em carrocerias de bondes adaptadas para circular com cerca de 50 foliões e uma banda a bordo, uma espécie de camarote andante pelos trilhos, invenção baiana que não existiu em nenhum outro Carnaval do país. A Loja postava uma faixa de lado a lado e certamente contribuía com o cachê dos músicos e o aluguel do vagão, que já não era barato, e a Companhia Linha Circular fazia questão de encarecer por conta da grande demanda. E nesse percurso um promotor distribuía os versos-reclame da loja para o povo cantar. “Ai Cecy, Aí Cecy”. 

* Nelson Cadena é publicitário e jornalista, escreve às sextas-feiras