Nelson Cadena: Nossa Senhora da Aparecida não é a padroeira

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2015 às 01:32

- Atualizado há um ano

Nossa Senhora da Aparecida nunca foi e nunca será a padroeira do Brasil. Parece ser a padroeira, o que é bem diferente. Parece ser porque assim quis a Igreja Católica quando, nos remotos idos de 1930, resolveu exonerar do encargo de nos proteger a Nossa Senhora da Conceição, esta sim a legítima padroeira do Brasil, desde quando Thomé de Souza aportou no Porto da Barra no mais distante ainda Outono de 1549. Já era intenção e desde 1646 realidade. Lembrando que o orago já era a padroeira de Portugal e de todas as colônias lusas. Nossa Senhora da Aparecida, que nada mais é do que a própria Nossa Senhora da Conceição, a imagem sem cabeça encontrada pelos pescadores nas águas do Vale do Paraíba em 1717, parece ser a padroeira do Brasil porque assim  quis o governo federal em 1980, quando instituiu a data de 12 de outubro. Então, tomou uma referência religiosa e dela fez uma data cívica, feriado nacional. E parece ser a padroeira porque a mídia assim o quis para não contrariar os legítimos poderes do céu e da terra. Repercutindo todo ano a romaria dos fiéis em volta da basílica, o belo e imponente santuário do município de Aparecida do Norte. Na verdade, Nossa Senhora da Aparecida, fruto de uma decisão unilateral do comando da Igreja Católica, nunca foi a padroeira do país, a não ser de direito, mas não de fato. Nossa Senhora da Conceição continua a ser a padroeira dos baianos e também dos pernambucanos, amazonenses e sergipanos, e ainda a padroeira de muitos estados e municípios brasileiros. E Nossa Senhora de Nazaré é a legítima padroeira dos paraenses, celebrada na mesma data da Aparecida, 12 de outubro, com a magnífica procissão do Círio, senão para contrariar a Igreja, para deixar claro a preferência. Nossa Senhora da Aparecida é a padroeira de fato da Igreja paulistana e nada mais, enquanto o Paraná reverencia Nossa Senhora do Rocio, o Espírito Santo a Nossa Senhora da Penha, Minas Gerais cultua Nossa Senhora da Piedade e o Maranhão e o Piauí a Nossa Senhora da Vitória. E se o Rio de Janeiro e o Ceará preferem padroeiros santos, São Sebastião e São José respectivamente, lá eles têm seus motivos. E por mais que a Igreja se empenhe em fazer parecer que Nossa Senhora da Aparecida é a nossa padroeira, as preces dos brasileiros são direcionadas a outras Nossas Senhoras e outros oragos. Ainda que todas as Nossas Senhoras (as de Fatima, Lourdes e outras aparecidas pelo mundo afora) sejam uma mesma pessoa, ou divindade. A propósito da Festa de Nossa Senhora de Nazaré, o Círio, alguns setores da imprensa derraparam na informação. O G1 informou que 2 milhões de fiéis participaram do evento ao longo dos 3,6 quilômetros de percurso. Um número imaginário naquele propósito de fazer parecer uma festa maior do que realmente ela é. Que é uma festa maior que a romaria de Nossa Senhora da Aparecida a gente sabe, mas, nas mais otimistas estimativas, não poderia ter nas ruas de Belém mais do que 300 mil fiéis, no cálculo, digamos convencional, de 4 pessoas por metro quadrado, considerando a largura de 20 metros de rua. Bem que o jornalista que escreveu a matéria e o editor poderiam ter consultado o IBGE. E então verificar que Belém do Pará tem apenas 1,4 milhão de habitantes.