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O município é o local do afeto

Salvador sediará, pela primeira vez, o Congresso Brasileiro de Procuradoras e Procuradores Municipais

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 05:00

Vista aérea de Salvador, a partir da Barra
Vista aérea de Salvador, a partir da Barra Crédito: Divulgação

É no município que a vida acontece — onde se nasce, estuda, trabalha, adoece e sonha. É também aonde as crises chegam primeiro e onde as soluções devem emergir com criatividade e pertencimento. Por isso, é o espaço em que o afeto se converte em ação institucional. O afeto, aqui, não é mero sentimento, mas vínculo essencial entre as pessoas e o território em que vivem, um elo emocional que sustenta a experiência cotidiana.

Mais do que ente federativo, o município é o campo mais concreto da cidadania. É onde se materializam políticas públicas essenciais — saúde, educação, moradia, mobilidade, cultura, meio ambiente. O que está em jogo é a dignidade das pessoas: destinatárias diretas das promessas do Estado Democrático de Direito.

O afeto não se opõe à razão administrativa: ele a fundamenta. Reconhecer sua centralidade na gestão municipal é admitir que dores, vínculos e potências locais devem orientar políticas públicas. Cuidar da cidade, ouvir seus moradores e proteger seus símbolos é, antes de tudo, exercício de empatia institucional.

A música “Que Bloco é Esse?”, do Ilê Aiyê, ecoa como um canto de pertencimento e resistência. Ao perguntar “Que bloco é esse?”, a canção reivindica o direito de existir e ocupar a cidade com dignidade e força ancestral. O município não é só palco: é território de afeto e disputa, onde vozes antes silenciadas afirmam sua presença e constroem novas narrativas.

Proteger e fortalecer os municípios — sua autonomia e capacidade de ação — é garantir que o afeto se transforme em política pública e que o cuidado coletivo se torne base para um futuro mais justo.

Há uma canção de Marisa Monte que nos inspira: “Nós que passamos apressados/ Pelas ruas da cidade / Merecemos ler as letras / E as palavras de Gentileza.” Ter afeto, no contexto urbano, é ter sensibilidade com a vida da cidade e cuidado com quem nela vive.

É com esse espírito que Salvador sediará, pela primeira vez, o Congresso Brasileiro de Procuradoras e Procuradores Municipais (CBPM), promovido pela Associação Nacional das Procuradoras e Procuradores Municipais (ANPM) e Associação das Procuradoras e Procuradores do Município do Salvador (APMS). Em sua 20ª edição, o CBPM tem como tema: “Cidades conectadas: inovação e gestão na Advocacia Pública Municipal.”

Procuradoras e Procuradores de todo o país se reunirão para debater desafios e soluções para os municípios, redescobrindo, a partir da municipalidade, a potência transformadora do afeto. O evento ocorre em um momento simbólico para a cidade: os 40 anos do Axé Music, símbolo de força coletiva. Nesse contexto, a Advocacia Pública Municipal reafirma seu compromisso com a defesa de cidades mais inclusivas, criativas e conectadas com seu povo. Salvador será, mais do que nunca, a capital do afeto.

Gustavo Tavares é Procurador do Município do Recife e Ex-Presidente da ANPM; Lilian Azevedo é Procuradora do Município de Salvador e Ex-Presidente da ANPM; e Maria Amélia Maciel Machado é Procuradora do Município de Salvador e Presidente da Associação das Procuradoras e dos Procuradores do Município de Salvador.