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Paula Theotonio
Publicado em 19 de setembro de 2019 às 09:02
- Atualizado há 2 anos
Nada mais convidativo do que cozinhar com uma taça de vinho do lado. E no preparo da receita, então… Melhor ainda! Para além de dar uma animada na atividade, a bebida empresta cor, acidez, textura e/ou corpo a molhos, risotos, assados, doces e marinadas. Porém há alguns cuidados que todo cozinheiro do dia-a-dia há de tomar, a fim de não prejudicar os sabores finais de seu prato.>
Qualidade é essencial>
Existem alguns conceitos que precisam ser quebrados quando se fala em enogastronomia. Um deles é que, para cozinhar, podemos usar um vinho qualquer e até de baixa qualidade; e para harmonizar, que seja dos melhores que possamos encontrar.>
Não faça essa distinção! Porque uma vez que o álcool evapora, fica na sua receita o sabor concentrado do vinho escolhido. Então se você não beberia aquele rótulo, por que o comeria? Fica a dica: escolha um rótulo de bom custo-benefício, tome-o enquanto prepara seu prato especial e, se sobrar, teste a harmonização ao final.>
Comida salgada, vinho seco>
Outro erro comum é comprar vinhos suaves para compor receitas salgadas, bem como para elaborar reduções. É pedir para botar sua receita a perder. Vinhos doces somente para sobremesas e compotas; em preparos de molhos à base de Vinho do Porto ou Marsala; ou em ocasiões em que você, de fato, deseja um toque adocicado.>
Branco ou tinto?>
A ideia aqui não é colocar regras na sua criatividade. Mas sabe-se que vinhos tintos são excelentes para dar um up em preparos de carnes vermelhas ou mais gordurosas, como em rabadas, músculos ou carnes de caça. Claro que há exceções: o Coq Au Vin, clássico francês elaborado com frango, é preparado com vinho tinto. Alguns risotos, feitos com filés bovinos e embutidos, também pedem tintos.>
Os vinhos brancos, em geral, são indicados para marinadas, molhos e assados de proteínas mais delicadas, como pescados, cogumelos claros, aves e vitela. Exceção: o ragu à bolonhesa, que embora leve molho de tomate e carnes vermelhas, é originalmente feito com vinho branco. Isso na Itália, porque no Brasil, dá-lhe tinto na panela.>
Há quem use, também, rosés para carnes de porco ou camarões; e espumantes em diversas sobremesas. Vai da sua criatividade e do bom senso ao escolher uma bebida que não apague os ingredientes do prato.>
Boas uvas>
Se você quiser um resultado ainda mais preciso na sua receita, sugiro pesquisar sobre as características das uvas. As mais versáteis são aquelas “meio termo”, mais equilibradas ou>
até menos aromáticas. Chardonnay e Pinot Grigio sem passagem por barricas de carvalho, entre as brancas; e Merlot entre as tintas, por não ser tão tânica e possuir corpo médio. Vinhos muito aromáticos, principalmente os brancos florais Gewürztraminer e Torrontés, podem interferir mais no sabor final. Mas… Isso pode ser algo que você deseje, não é?>
Respeite a quantidade>
Seja branco ou tinto, o vinho costuma ter uma presença marcante nos pratos. Então é preciso ter bastante cuidado com a proporção sugerida na receita, para que a bebida não sobressaia exageradamente. Em marinadas, há quem indique o máximo de 250 ml para cada quilo de carne, peixe ou frango. Já os risotos e assados, há indicações precisas. Mas também não bote pouco demais, ou não fará diferença.>
O tempo é senhor>
Uma vez inserido no preparo, nada de pressa: o álcool leva tempo para evaporar, e o sabor da bebida também demora a se integrar ao da comida de maneira equilibrada. Uns 15 minutos de cozimento fazem evaporar 60% do componente alcoolico. Se cozinhar por 2h, terá eliminado quase 90% do álcool. Preste atenção nesse fator para entender quão alcoólica você quer que sua comida fique.>
Harmonize!>
Já sugeri mais acima, mas não custa reforçar: normalmente o vinho usado na receita pode facilmente ser harmonizado com a sua comida já pronta. Boa, hein? Que tal testar tudo isso ainda hoje?>