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Paula Theotonio
Publicado em 18 de junho de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Tem dois acontecimentos que amamos chegando nos próximos dias: o inverno, que tem início no sábado (20), e a véspera de São João, com suas comidas típicas, bebidas quentinhas e muito aconchego com a família. E as duas situações combinam direitinho com vinho! Por que não?>
Só tem um “porém”: a diversidade de comidas e finger foods da noite junina impede qualquer harmonização exata. Tem desde pamonha salgada, cuscuz, amendoim cozido, caldo verde, paçoca de carne de sol, escondidinho; até um xerém com carne ao molho e preparos mais pesados, como sarapatel. Não sei você, mas eu não conheço muita gente disposta a parear cada prato com um vinho diferente.>
Diante dessa situação, é interessante que a bebida abra mão do protagonismo para se apresentar como um bom coadjuvante para a noite e suas delícias. A sommelière Juliana Britto, de Vitória da Conquista, concorda comigo. “O vinho também devem estar em sintonia com a ocasião. E, neste caso específico, não necessariamente queremos que ele seja harmonizado, mas que esteja harmonioso com o buffet de comidas típicas, com a temperatura da noite e com a festividade”, disse-me.>
Para que seu rótulo seja apreciado sem erros, é interessante que tenham as seguintes características:Seja um tinto de corpo médio ou médio para alto, com estrutura que “aqueça” o corpo na noite junina; Tenha açúcar residual presente, mas não em excesso, para abraçar até mesmo os sabores levemente adocicados que podem aparecer em alguns preparos salgados; Possua taninos bem macios para não haver choque com o sal das comidas, mantendo um conforto no paladar; Apresente acidez elevada, que ajuda na digestão de pratos mais gordurosos. *Cuidado apenas ao encarar os pratos mais “carregados”, como buchada, sarapatel, vaca atolada… Há quem sugira vinhos tão potentes quanto, mas a mistura pode pesar no seu estômago numa refeição noturna e cheia de dança. Já os vinhos verdes e espumantes, indicados numa harmonização por contraste, acabam por não combinar com as festas juninas. Que tal colocar o vinho um pouco de lado nessa hora?>
Somente por referência geral, você pode partir de um bom Merlot (do Brasil ou em blends franceses), passando por um Carménère chileno com estágio rápido em carvalho e um Tempranillo espanhol, um exemplar do Dão (em Portugal), chegando até um vinho italiano que use a uva Primitivo. Como a gente sabe que vinho costuma ser uma caixinha de surpresas, não hesite em perguntar ao sommelier ou à sommelière da adega se a bebida escolhida passa nos critérios acima. A pessoa certamente te indicará algo adequado e dentro do preço que você pode pagar.>
As maravilhosas sobremesas, como pamonhas doces, canjicas, mungunzás, bolos de tapioca, de milho e de pé-de-moleque, untuosas e repletas de especiarias, pedem outra proposta. Que tal um bom vinho licoroso? Indicaria sem medo um Porto Tawny e um Jerez adocicado, que traga doçura e sabores complexos, toques de frutas secas, amêndoas e notas especiadas.>
No mais, desejo um excelente São João pra você!>
*Fotos de Paula Theotonio>