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Paula Theotonio
Publicado em 26 de agosto de 2021 às 05:03
- Atualizado há um ano
Tempranillo da Conchego, com caixa de três litros (divulgação) Conheci a bag-in-box (BiB) em 2015, quando minha história com o vinho estava só começando. O que primeiro chamou minha atenção foi a praticidade: a caixa com 3 litros, equivalentes a 4 garrafas, já estava na geladeira há mais de uma semana e a bebida estava tão fresca como se tivéssemos aberto uma garrafa naquele momento.
Quando fiquei sabendo do preço, fiquei ainda mais convencida de que uma revolução estava acontecendo e que as garrafas de vinhos para o dia-a-dia seriam aposentadas muito em breve.
Só que… mais ou menos!
Lá fora as BiBs foram adotadas de maneira irregular. Na Suécia e na Noruega, o formato representa mais de 50% do mercado e é possível encontrar vinhos de entrada e rótulos de renome. Os escandinavos não desvalorizam a bebida pela sua embalagem e costumam comprar caixas durante a semana e garrafas para o fim de semana.
No restante do mundo as caixinhas estão em processo de popularização enquanto alternativa prática e com bom custo-qualidade. Espera-se que nelas esteja aquele vinho para beber com amigos, não para uma degustação. Segundo a Decanter, no Reino Unido existem poucas marcas premium, como a When In Rome e a francesa Le Grappin. Esta última está “encaixotando” vinhos das regiões de Mâcon, na Borgonha; e Beaujolais.
Nestes países a pandemia foi um divisor de águas. Segundo a Decanter, a rede de supermercados inglesa Sainsbury’s registrou um aumento de 41% nas vendas de “boxed wine” durante o lockdown de 2020, em relação ao ano anterior. Pelo menos 28% dos compradores tinham entre 25 e 34 anos (os millennials). Na França esse incremento foi de 43% na quarentena, de acordo com o The Independent.
No Brasil os passos têm sido mais lentos. Em 2019 a comercialização de bag-in-boxes nacionais e importadas somou 1,5 milhões de litros — somente 1,1% do total de vinhos finos comercializados no Brasil. E nos primeiros sete meses de 2020, bem no auge da pandemia, a categoria cresceu somente 1% em comparação ao mesmo período do ano anterior — passando de 737,5 mil litros em 2019 para 743,3 mil litros. Os dados são da Ideal Consulting.
Afinal, o que falta para o brasileiro adotar a bag-in-box?
Eu acredito que ainda exista uma visão mais tradicional (e sofisticada) de como o vinho deve ser desfrutado, o que afasta o principal consumidor de vinhos no país: a geração X, com idades entre 40 e 60 anos.
Há, ainda, muito desconhecimento sobre a proposta da bag-in-box: por desinteresse ou porque algumas questões ainda não são bem explicadas. Algo que desejo abordar nos próximos pontos.
1. A embalagem é segura e, aparentemente, não muda o sabor do vinho
Dentro da box, o vinho é mantido dentro de uma sacola de material plástico selada a vácuo. Estudos apontam que esse contentor não muda drasticamente o sabor ou os aromas da bebida em até um ano; desacelera ao máximo a oxidação e previne alterações pela luz.
Mas não exagere: o plástico é permeável em um nível microscópico e a perda dos aromas, da cor e dos sabores vai acontecer com o tempo, portanto não é recomendável deixar esse vinho envelhecer. Beba-o assim que comprar!
Para ter certeza de que está fazendo uma boa aquisição, sempre verifique a data de fabricação ou preenchimento, informada na caixa. Quanto menos tempo passar, melhor! E, sempre, mantenha a BiB na geladeira.
2. O vinho dura mais tempo (e dá pra tomar uma tacinha por vez)
Você já deve ter ouvido falar que o vinho de bag-in-box dura um mês na geladeira após aberto. Isso acontece porque a sacola interna é preenchida com o mínimo possível de contato com oxigênio e fechada a vácuo. À medida que a bebida vai saindo, o plástico se contrai e não permite que o ar entre.
Além disso, a torneira por onde o vinho é servido também é hermética e usa a gravidade para espremer o líquido para fora. Isso reduz o contato da bebida com oxigênio — mas não impede 100%. É por estes motivos que o vinho se mantém com qualidade por um mês depois de aberto, não muito mais do que isso.
Essa qualidade evita o desperdício das garrafas esquecidas na geladeira, por exemplo.
3. É menos poluente e mais sustentável
Ao contrário do que pode parecer, esses contentores têm se mostrado mais amigos do meio ambiente que as garrafas de vinho.
A bag-in-box é feita com 75% de papelão ondulado, facilmente reciclável. Sua logística é mais eficaz: a embalagem vazia é entregue plana, ocupando muito pouco espaço. Após o enchimento, é fácil de empilhar, transportar e não corre risco de quebrar.
Para entender a diferença: um caminhão completo de sacos e caixas de 5 litros equivale a sete veículos com a mesma quantidade de garrafas de 750 ml. A carga também é bem mais leve!
Essas características levam não somente a reduções substanciais em custos logísticos, mas nas emissões de CO2, o que deixa a pegada de carbono da bag-in-box até 8 vezes menor que a das garrafas de vidro.
4. É bem mais barato que comprar as garrafas separadamente
No Brasil, o vinho fino em caixa chega a ser 30% mais econômico do que sua versão em garrafa. Em alguns casos, a taça chega a sair por menos de R$ 5! É ideal para restaurantes que desejam resolver o problema do vinho em taça.
Marcas disponíveis
As bag-in-boxes brasileiras têm dividido de igual para igual o mercado com as importadas, principalmente do Chile e Portugal. Marcas como Fabenne, Don Guerino, Arbo e Miolo compartilham mercado com Olaria, Espíritu de Chile, Pinta Negra e Viña Geisse.
Uma novidade é a Conchego, marca da Evino produzida na Espanha pela Altosa Wines (Bodegas y Viñedos Verum). São três os estilos: um tinto e um rosé de Tempranillo, e um branco de Airén — as uvas mais plantadas do país. O primeiro é um vinho super frutado e leve, ideal para harmonizações do cotidiano e até mesmo para cozinhar. O BiB é de 3 litros e custa R$ 99, algo como R$ 4,99 por taça.