Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Paula Theotonio
Publicado em 9 de outubro de 2019 às 09:49
- Atualizado há 2 anos
(foto/Paula Theotonio/divulgação) O garçom abre seu vinho no restaurante e te entrega a rolha para que você a analise. Ao mesmo tempo, serve uma pequena quantidade do rótulo aberto numa taça. Sem provar o vinho, de onde você imagina que extrairá mais informações sobre a qualidade da bebida: do aspecto da rolha, ou das cores, aromas e texturas do líquido servido?>
Ao contrário do que muitos pensam, as características da cortiça dá poucas certezas sobre a qualidade do vinho. É mais fácil saber se a bebida está boas condições observando-a em taça, fazendo aquele velho ritual de aerá-la e levá-la ao nariz. O que a vedação nos apresenta é um panorama, digamos assim, da situação daquela bebida no momento em que ela é servida.>
Rolha estufada>
Antes mesmo de sacar a rolha, observe se ela está saltada ou estufada. Isso indica que a garrafa passou por situações de temperatura elevada, e a bebida pode ter fermentado. É horrível, eu mesma já passei por isso e conto neste artigo sobre armazenamento e conservação dos rótulos. Nestes casos, costuma-se dizer que o vinho “cozinhou”.>
Rolhas e mofo>
Um grande pesadelo que ronda os colecionadores de vinhos é encontrar, entre suas joias bebíveis, uma rolha com fungos e uma bebida estragada, com cheiro de papelão molhado ou mofo.>
Mas segundo a sommelière Juliana Britto, nem sempre o vinho cuja vedação foi comprometida por microorganismos estará “bouchonée”. “Já abri garrafas que estavam com essa contaminação apenas na rolha, mas o vinho estava intacto. A confirmação do problema só se dá em boca”, conta a profissional.>
A infecção por 2,4,6-tricloroanisol ou TCA atinge apenas 5% de toda a produção enológica do mundo. Talvez, em toda sua vida, você nunca vá pegar um vinho mofado. E caso aconteça, é dever do estabelecimento receber a bebida de volta.>
Leia mais: Rolha ou rosca de metal: entenda qual é melhor para seu vinho>
Rolhas e oxidação do vinho>
Há situações, ainda, em que se percebe uma mancha de vinho nas laterais da cortiça, ou até na parte próxima ao lacre. Esta é uma confirmação de que houve vazamento da bebida, permitindo maior contato do vinho com oxigênio e levando a uma (possível) oxidação mais rápida.>
Existe outro indício de oxidação que a rolha pode nos dar: seu ressecamento e tamanho reduzido. Se ao sacá-la, ela esfarela, é bem capaz que tenha havido uma troca de ar mais intensa com o meio externo. As causas para esse esfarelamento: garrafa mal armazenada, mantida em pé; ou simplesmente uma rolha de má qualidade.>
Essas duas situações não atestam, em duas vias no cartório, que o vinho está ruim. Mas prepare-se para descartar o rótulo escolhido caso identifique aromas de vinagre ou acetona ao cheirar a rolha!>
Rolhas, cores e bons aromas>
Nem só de maus presságios vive o mundo das rolhas. Se ela está macia, úmida apenas na face que fica em contato com o vinho, sem manchas, com aromas vivos e frescos, celebre! “Vinhos estruturados e tintureiros costumam deixar uma boa marca nas cortiças”, adiciona Juliana Britto. E beba em paz.>