As responsabilidades de Jerônimo, o ônus aos aliados de Geraldo Jr., e a crise na Secult-Ba

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 19 de abril de 2024 às 05:00

Petista criticou nesta semana a Feira de São Joaquim, que pertence ao estado
Petista criticou nesta semana a Feira de São Joaquim, que pertence ao estado Crédito: Feijão Almeida/GovBA

Tiro pela culatra

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já tem quase um ano e quatro meses no cargo, além dos oito anos como secretário de Rui Costa (PT), e parece ainda não ter descoberto que a Feira de São Joaquim é de responsabilidade do governo do estado - ou seja, dele. Nessa semana, criticou a situação da feira e tentou jogar na conta da prefeitura a culpa pelo estado deplorável do equipamento, mas o tiro acabou saindo pela culatra. Jerônimo foi duramente criticado e virou, mais uma vez, motivo de piada. A reforma da feira foi anunciada em 2011, quando Jaques Wagner (PT) ainda era governador e, desde então, feirantes e frequentadores esperam. O governo diz que já fez uma primeira etapa, que ninguém viu, e agora vai iniciar a segunda. Dado o histórico dos governos petistas, a espera ainda vai ser longa.

Refresco na memória

Bom, a coluna considera importante informar a Jerônimo, caso ele também não saiba ou tente tirar o braço da seringa, que há em Salvador outros pepinos e promessas do estado que seguem travados. Para começar, governador, a ponte Salvador-Itaparica e o VLT do Subúrbio, prometidos há anos e não saem do papel mesmo já tendo consumido mais de R$400 milhões, são de responsabilidade do estado. O antigo centro de convenções, no Stiep, que segue abandonado e servindo de esconderijo de bandidos, e o Colégio Odorico Tavares, outro que foi largado às traças, também. Ah, importante lembrar que o parque de Pituaçu, também de gestão estadual, é outro que está abandonado. Pronto, agora que o governador já sabe o que é de responsabilidade dele, certamente vai resolver os problemas. Confia!

Protagonismo no ônus

Foi de livre e espontânea pressão que a deputada federal Lídice da Mata (PSB) teve o nome alçado ao posto de coordenadora de campanha de Geraldo Júnior (MDB) em Salvador. Para muitos, a esquiva do PT em assumir a condução eleitoral provou mais uma vez que aos aliados resta o protagonismo apenas em tempos de vacas magras. É como reproduziu um emissário socialista: “aos aliados, só o ônus”. Apesar disso, Lídice pensa em fazer do limão uma limonada e tentar ampliar a bancada do PSB na Câmara. A operação inclui um voo atípico com quadros estranhos ao ninho socialista.

Secult em chamas

Figuras do setor cultural da Bahia dizem que o governo Jerônimo pode pagar uma fatura muito cara por ter empoderado o secretário Bruno Monteiro na quebra de braço com outros quadros essencialmente baianos. Gaúcho, Monteiro tem sido contestado desde sua nomeação pela falta de interface com o setor, o que justifica a avaliação interna ao longo dos últimos meses que o rendimento da Secult está aquém do esperado. Sobram, por outro lado, queixas de que o gestor se vale do apadrinhamento político pelo senador Jaques Wagner para tratorar quem considera ser uma ameaça.

A escolha

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Menezes (PSD), sempre disse que a irmã Rose Menezes foi uma das melhores prefeitas da história de Campo Formoso. Contudo, para as eleições deste ano, acabou escolhendo a esposa, Denise, para concorrer contra o prefeito Elmo Nascimento (União Brasil). A escolha rendeu alfinetadas: “talvez Rose não fosse tão boa prefeita quanto Adolfo dizia”, disse um parlamentar, que conversava com outro sobre o assunto.

Saia justa

A vereadora de Vitória da Conquista, Lucia Rocha (MDB), vem enfrentando uma saia justa daquelas. Pré-candidata a prefeita, ela tem sido questionada por lideranças locais, uma vez que sempre militou, nos seus mais 30 anos de vida pública, contra o PT no estado e, neste ano, deve disputar a eleição como aliada do grupo petista. Até fogo amigo de petistas ela tem sofrido, pois o PT tem como pré-candidato o deputado federal Waldenor Pereira, que deseja uma composição com Lucia, mas a vereadora já avisou que não abre mão da disputa.

Leitor de carteirinha

O governador Jerônimo Rodrigues se mostrou um leitor atento do CORREIO. Após o jornal ter denunciado que professores indígenas recebem R$3.167,43 a menos, ele, que se autodeclara como indígena, apresentou, enfim, um projeto de lei para equiparar os vencimentos deste grupo aos demais docentes.

Delay

Apesar da mobilização festiva, o projeto de lei apresentado ontem pelo governador Jerônimo na Assembleia Legislativa para equiparar a remuneração dos professores indígenas com os demais chega à Casa com um delay de 13 anos. A lei que estabeleceu a carreira do professor indígena no quadro de magistério da Bahia foi criada em 2011, na gestão Wagner, mas desde então os profissionais desta classe nunca tiveram vencimentos em conformidade com o Piso Nacional da Educação.

Passou o bastão

Com o cenário nada animador para a base petista em Simões Filho, o deputado estadual Eduardo Alencar (PSD) já avisou aos aliados que não pretende disputar a eleição deste ano, frustrando as expectativas do grupo político dele. Ele pretende indicar para a disputa o ex-prefeito Edson Almeida, também filiado ao PSD. Nos bastidores da cidade, se comenta que o recuo de Eduardo ocorre pelo temor de uma derrota em outubro, visto que o prefeito Dinha Tolentino tem elevada aprovação na cidade e o seu candidato, Del do Cristo Rei (União Brasil), vem crescendo e acumulando apoios. Pelo que se diz, Eduardo não quer uma eventual derrota na conta dele.

Recuo

O deputado Marcinho Oliveira até ensaiou uma aproximação com o governo, mas recuou diante das queixas que tem recebido de suas bases sobre desmandos na gestão de Jerônimo. Em especial, o drama de uma criança que espera por uma vaga no “terrível fila da regulação de saúde” há mais de dois meses. “Eu suplico à secretária de Saúde que possa ajudar para que essa criança tenha a condição de lutar para sobreviver", exclamou no plenário da Casa.

De volta ao jogo

Após oito anos, a ex-prefeita de Cardeal da Silva e ex-presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB) Maria Quitéria vai tentar retomar o comando da cidade nas eleições deste ano. Primeira e única mulher a presidir a UPB, ela se filiou ao Solidariedade para disputar a eleição no município, que governou até 2016.