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Pombo Correio
Publicado em 27 de junho de 2025 às 05:00
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já pode pedir música no Fantástico, programa dominical da Rede Globo, após sua passagem pelo interior durante os festejos do São João. O petista foi vaiado em três cidades diferentes por onde passou: Livramento de Nossa Senhora, Mucugê e Jequié. Após os dois primeiros casos, em Livramento e Mucugê, o governador chegou a ser orientado por integrantes de sua equipe a evitar presença em público nas cidades que passaria e até seguiu a recomendação em Cruz das Almas, mas arriscou em Jequié e recebeu novas vaias. Vale recordar que, no São João do ano passado, Jerônimo também foi vaiado durante sua passagem por Amargosa, cidade à época comandada por Júlio Pinheiro (PT), o que gerou um verdadeiro climão.>
Recado das ruas>
Embora setores governistas tratem os casos como pontuais, o fato é que as vaias refletem o aumento da rejeição de Jerônimo no estado. Como mostrou a coluna na semana passada, o governador tem derretido nas pesquisas quantitativas e, nas qualitativas, vê sua gestão considerada “péssima, medíocre e caótica”. Enquanto alguns tentam minimizar as vaias, parlamentares da própria base advertem que o recado precisa ser ouvido sob pena de a insatisfação crescer. Um deputado mais ácido não perdeu a oportunidade: “No São João, Jero foi só sofrência”.>
Bateu saudade>
O povo de Salvador e a imprensa se acostumaram tanto a ver o prefeito Bruno Reis (União Brasil) nas ruas diariamente que uma breve viagem dele com a família ao Vaticano, durante o São João, para uma audiência com o papa Leão XIV virou uma tempestade... em copo d'água. Foi para “agradecer a Deus por tudo” e para pedir sabedoria, segundo o próprio Bruno. Calma, meu povo! Já já o prefeito está de volta nas ruas da cidade para que todos possam matar a saudade. Aliás, por falar em saudade, neste São João, o povo não sentiu muita falta de Jerônimo, tanto que ele levou vaias. Talvez uma ida à Santa Sé ajudasse Jero nessa maré de azar. Muito melhor do que as “viagens institucionais” para o exterior que o governador faz e não traz nada para a Bahia. #FicaADica>
Balança, mas não cai>
O secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap), José Castro, viu a pressão sobre ele aumentar nesta semana após mais uma fuga, desta vez no Conjunto Penal de Feira de Santana, onde três detentos conseguiram escapar. Eles foram recapturados horas depois, mas o estrago já estava feito. Castro vem sendo criticado no governo por diversos problemas que acumula após mais de um ano na Seap, como a fuga do Presídio de Eunápolis, que teve repercussão nacional, e a recente nomeação de um ex-detento como diretor do Conjunto Penal de Salvador.>
Farra na Secult>
Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) flagrou uma verdadeira feira livre na execução de pagamentos de diárias na Secretaria da Cultura do Estado. Os auditores capturaram pelo menos 93 atos com irregularidades relativos ao ano de 2023, entre as quais está o ordenamento dos recursos fora dos prazos previstos por lei ou ainda a concessão para servidores com pendências em comprovações de diárias anteriores. A equipe técnica da Corte ainda identificou relatórios de viagens preenchidos de maneira incompleta, sem o detalhamento suficiente se houve efetivamente o deslocamento, processos em que houve pagamentos de diárias maior do que o devido, sem contar com a prorrogação de viagens sem as devidas justificativas e autorização da pasta.>
Jetons fantasmas>
A lupa do TCE foi adiante e verificou que a Secult realizou pagamento de jetons à Comissão Fazcultura em valores fixados e majorados por ato do secretário Bruno Monteiro sem nenhum amparo legal. E mais ainda, muitos desses pagamento foram destinados a pessoas não nomeadas como membros das comissões. Só naquele ano, a gastança da Secult com jetons passou de R$ 600 mil, pagos a servidores por participações em reuniões do Conselho Estadual de Cultura (CEC), Comissão Fazcultura, Comissão Gerenciadora do FCBA (COMGER) e Comissão de Monitoramento e Avaliação (CMA). Os dados só vieram à tona na semana passada, quando o TCE julgou e aprovou, a despeito dos achados, a prestação de contas da Secult, fazendo, todavia, uma lista de recomendações ao secretário Monteiro.>
Medo do futuro>
A entrada de Carlos Muniz Filho – herdeiro do presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz (PSDB) – na disputa por uma vaga na Câmara dos Deputados minou severamente os planos do vice-governador e seu filho, o deputado estadual Matheus Ferreira (MDB) para 2026. Avalia-se, nos bastidores, que Ferreira só chegou aos 21 mil votos em Salvador em 2022 graças à sustentação política e eleitoral do clã Muniz, em razão da aliança formal à época com Geraldo. Mas agora sem essa retaguarda, a curiosidade da classe política é onde o emedebista encontrará reposição. O vice-governador, por sua vez, viu que o tempo fechou e já desistiu da pretensão de sair a federal. Tem dito à imprensa que quer seguir onde está e não tem plano B. A verdade é que o vexatório terceiro lugar na campanha para prefeito de Salvador em 2024 impôs a compreensão de que é melhor não arriscar. Pelo visto, a lendária derrota assombra o futuro do emedebista.>
Cada um por si>
A guerra fria entre deputados estaduais e secretários do governo Jerônimo Rodrigues, que serão candidatos em 2026, atingiu um novo patamar. Agora, segundo confidenciam parlamentares governistas, muitos secretários já não atendem mais aos pedidos de audiências se não vierem acompanhados de algum tipo de parceria eleitoral. Mas a novidade mesmo é que alguns titulares têm liberado investimentos e autorizado obras à revelia sem nem mesmo consultar com o governador. O episódio mais recente que circula nos gabinetes da Assembleia é da secretária que, sem rodeios, condicionou a liberação de recursos para um município à promessa explícita do prefeito de lhe garantir “alguns votinhos”. A ofensiva segue em ritmo acelerado, impulsionada pela percepção de que o governador, mais afeito a viagens, tem pouca disposição em interferir no conflito. O lema na base governista é salve-se quem puder.>
Nem tão doido assim>
Conhecido por se apresentar como ‘o doido’ da política baiana, o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante) colocou o juízo no lugar e pensou duas vezes antes da votação que derrubou o decreto presidencial que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Uma semana antes, ele havia votado contra a urgência da matéria, mas na última terça acompanhou a onda e se somou à tropa que impôs uma dura derrota ao presidente Lula. Em sete dias, Isidório refez seu cálculo político e viu que seria loucura demais apoiar o aumento de mais impostos e sofrer um rebote eleitoral. O caso mostrou que, de doido, Isidório só tem o personagem.>
Pense num absurdo...>
O novo episódio da série “Pense num absurdo, na Bahia tem precedente” vem de Correntina, no oeste do estado, onde o ex-prefeito Nilson Maguila (PCdoB) contratou um empréstimo junto a uma empresa que nem existia formalmente. O caso aconteceu em 2019, quando ele fez uma operação de crédito no valor R$ 3 milhões, mas o prejuízo, somando juros e encargos, já passa da casa dos R$ 5 milhões. A empresa que realizou o empréstimo só foi registrada na Receita Federal um ano depois, em fevereiro de 2020. E não para por aí. Os sócios da empresa são os mesmos de uma prestadora de serviço que realizava serviços de limpeza na cidade. E, para completar, a operação de crédito foi realizada sem autorização da Câmara Municipal, o que refere a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Federal. O caso foi levado pela Controladoria do Município ao Ministério Público estadual.>