Jerônimo reprovado, a nova crise na educação e o voto de Geraldo Jr. em Bolsonaro

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  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 05:00

Governador tornou-se meme após atacar escolas
Governador tornou-se meme após atacar escolas Crédito: Paula Fróes/Arquivo CORREIO

O reprovado

A fábrica de memes do governador Jerônimo Rodrigues (PT) segue de vento em popa. Após dizer que iria distribuir milho para combater a seca e considerar a proibição das pistolas de água em festas populares uma importante medida de segurança, o petista resolveu agora atacar os profissionais da educação da Bahia ao dizer que o professor não pode reprovar alunos e que a “escola que reprova é autoritária e preconceituosa”. Entre os milhares de memes, uma internauta não perdeu a piada: “O problema foi a professora não ter reprovado ele. Deu nisso”.

Dorflex vermelho

O líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Rosemberg Pinto (PT), precisou de uma dose generosa de relaxante muscular depois do contorcionismo que fez no plenário para defender o indefensável discurso do governador Jerônimo a favor da aprovação em massa de estudantes, até mesmo para aqueles que sequer pisam os pés na sala de aula. O malabarismo argumentativo de Rosemberg terminou com um evasivo discurso de que a responsabilidade da educação é coletiva. E ficou assim…

Focada na missão

A aprovação de estudantes que não pisam os pés na escola já é uma realidade no governo Jerônimo mesmo antes da portaria 190. No final do ano passado, uma diretora regional de educação na região do Sisal tomou assento no conselho de classe de uma determinada escola e saiu aprovando alunos que os professores não viam há meses nas aulas. Apesar do desconforto e reclamação geral, ela seguiu focada na missão, dizendo atender uma orientação da Secretaria Estadual de Educação.

Silêncio ensurdecedor

No meio desse debate, tem chamado a atenção o silêncio da secretária da Educação do Estado, Adélia Pinheiro, que já foi reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Nem mesmo para reiterar as falas ou para defender o chefe. Também ficaram caladas as deputadas Alice Portugal e Olívia Santana, ambas do PCdoB.

Nau a deriva

Integrantes da base governista passaram a observar movimentos desesperados do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que não tem conseguido aglutinar apoios para sua pré-candidatura a prefeito de Salvador. Ao contrário, tem reunido muitas críticas internas, principalmente de uma ala considerável do PT. Nos últimos dias, Geraldo resolveu fazer críticas atabalhoadas à prefeitura e tem batido cabeça em relação às articulações com os partidos que o acompanham. Nesta semana, pós-Carnaval, segundo informações que chegaram à coluna, o mau humor do vice piorou e tem sobrado até para assessores.

Camaleão

Ainda nessa semana, Geraldo apelou para o nome do presidente Lula, afirmando que o petista é seu “líder político”. O problema é que o vice-governador foi eleitor declarado do presidente Jair Bolsonaro. “Eu votei no presidente Jair Bolsonaro. Acredito como acreditava que ele faria um bom governo”, disse em entrevista em 2019. A questão agora é ver como ele vai explicar isso aos lulopetistas.

Súplica final

O deputado Fabrício Falcão (PCdoB) subiu esta semana à tribuna da AL-BA para fazer sua última súplica à Mesa Diretora da Casa a fim de ter o nome inscrito na disputa por uma cadeira de conselheiro no TCM-BA. Além do apelo, o comunista lavou a roupa suja de acordos não cumpridos pelo governo e revelou detalhes de encontros e reuniões em que o governador Jerônimo lhe havia sinalizado apoio, o que não se confirma agora - já que o petista se decidiu pelo correligionário Paulo Rangel (PT).

Passado sombrio

Uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) colocou luz sobre os detalhes sombrios de convênios celebrados em 2022 pelo ex-governador Rui Costa (PT), através da Conder. Os atos, com evidente objetivo eleitoral, estavam contaminados por uma série de irregularidades, que tornaram imperioso o parecer dos técnicos pela desaprovação das contas da Conder daquele ano. Insuficiência de documentação necessária, ausência de estudos prévios e critérios técnicos na concessão de recursos, além do absurdo de utilizar licitações antigas em instrumentos de convênios firmados a posteriori. O material é só a ponta do iceberg…

Descompasso

Quem também terá o passado eleitoral revirado é a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), que fez um show de horrores no manejo da coisa pública. O relatório elaborado pelos auditores do TCE aponta ao menos dois aspectos preocupantes: um é o baixo ou nenhum desempenho físico das ações de governo e o outro mostra que houve descompasso entre a execução orçamentária e o que efetivamente pode se comprovar na prática.

Guerra aberta

O deputado estadual Rogério Andrade (MDB) tem passado maus bocados no Recôncavo, onde estão suas principais bases eleitorais. O prefeito de Castro Alves, Thiancle Araújo (PSD), almeja disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2026 e tem trocado farpas com Andrade. Os dois devem disputar votos da região e, três anos antes, já dão a tônica de como vai ser o embate.

Caindo do salto

Cardeais petistas têm sentido uma mudança de rumo em duas cidades que davam como certas nas eleições de outubro. Pesquisas de consumo interno fizeram acender um sinal de alerta em Feira de Santana e Camaçari. O crescimento dos candidatos de oposição José Ronaldo (Feira) e Flávio Matos (Camaçari) derrubou do salto governistas que já davam a fatura como liquidada.