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Pombo Correio
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 05:00
Pesquisas internas realizadas em várias cidades do interior apontam para um cenário que tem preocupado caciques governistas na Bahia. Os resultados de diversos levantamentos, inclusive em cidades pequenas, mostram dois caminhos: em alguns casos, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) parece ter chegado no teto e, em outro, tem visto sua intenção de voto recuar em relação ao resultado alcançado em 2022. Fontes governistas confidenciaram à coluna que, das pesquisas que tiveram acesso recentemente, nenhuma aponta para um crescimento da intenção de voto de Jerônimo. Se soma a isso o fato de que as pesquisas mostram também um cenário desfavorável para o presidente Lula (PT) que, segundo um influente governista, parece ter “perdido seu encanto” nas cidades menores.>
Sinal vermelho>
Somente nesta semana, a coluna teve acesso a três pesquisas fresquinhas de cidades pequenas. Em duas delas, a intenção de voto em Jerônimo foi bem menor do que o resultado conquistado por ele na eleição de 2022. Na terceira cidade, onde as bandas A, B e C apoiam o governador, a intenção de voto foi praticamente igual à marca alcançada pelo petista na eleição passada. O cenário, vale lembrar, se soma ao apontado por pesquisas qualitativas em que a gestão de Jerônimo é considerada "péssima, medíocre e caótica", conforme publicou a coluna há algumas semanas.>
Quórum baixo>
A audiência pública realizada nesta semana pelo governo do estado na Assembleia Legislativa para apresentar o cronograma da Ponte Salvador-Itaparica foi considerada um fracasso para o Executivo devido ao baixo quórum de parlamentares da base. Menos de um terço dos deputados governistas participaram do encontro, que teve um caráter muito mais político do que institucional. Integrantes da base governista avaliam que a pouca presença de deputados foi um sinal de desprestígio e de descrença no projeto, que vem sendo prometido pelos governos petistas há quase 20 anos.>
Coincidências da ponte>
A descrença no projeto da ponte, vale ressaltar, foi a principal marca do encontro, inclusive entre parlamentares da base governista. Não por acaso: prometida há 16 anos, a obra reaparece sempre às vésperas de disputas eleitorais, e desta vez não foi diferente. O secretário da Casa Civil, Afonso Florence (PT), anunciou que a construção começará em 4 de junho de 2026, exatamente quatro meses antes da eleição para governador, coincidência que soou como ironia. A audiência ocorreu em meio ao impasse sobre a criação da secretaria especial da ponte (batizada de Seponte), anunciada pelo próprio governador, mas cujo projeto nunca chegou à Assembleia. Para frear a expectativa em torno da chegada da matéria, o líder governista Rosemberg Pinto (PT) disse que a tal Seponte não passou de um “pensamento estratégico” de Jerônimo. Haja estratégia!>
Fake governista>
Por falar em Rosemberg Pinto, a justificativa que ele usou para defender a criação da tal Secretaria da Ponte foi, no mínimo, um tropeço histórico. Disse que havia precedente porque na construção da Ponte Rio-Niterói também existiu uma secretaria especial. O detalhe é que a ponte fluminense foi obra do governo federal, iniciada pelo então ministro Mário Andreazza no governo do presidente Arthur da Costa e Silva, em pleno regime militar, cenário em que sequer caberia uma secretaria estadual para tratar do assunto. Ou seja, o argumento para blindar o governo não resistiu a uma checagem mínima de fatos. No fim das contas, a defesa virou uma fake news, revelando o improviso como as coisas são tocadas na base governista.>
Escapuliu>
Ainda na audiência sobre a ponte, a presidente da Assembleia, Ivana Bastos (PSD), protagonizou um momento de “sincericídio”. Após fazer gestos para parecer entusiasmada com que o corpo técnico apresentava ali, Ivana acabou tendo um lapso de vida real e soltou a pérola: “Que Deus me dê saúde para ver essa ponte”. A frase gerou uma troca de olhares espantados por quem participava da audiência, com discretos risos de canto de boca com a descrença que a presidente deixou escapulir.>
Incômodo>
O núcleo do governo Jerônimo anda visivelmente incomodado com a movimentação do deputado Marquinho Viana (PV), que saiu a campo para colher assinaturas em defesa de uma nova PEC elevando para 1,2% da Receita Corrente Líquida (RCL) o valor destinado ao pagamento das emendas parlamentares impositivas. Vale lembrar que há três anos Marquinho foi autor de outra PEC que ampliou o percentual de 0,33% para 1%, vigente agora em 2025. Pelo novo texto, metade dos recursos teria destinação obrigatória para a saúde e a outra metade ficaria de livre aplicação dos deputados. Ele precisa de 21 assinaturas para protocolar a proposta, que vem tirando o sono do líder Rosemberg Pinto ao ver a base flertando com a pauta. No fim, o recado dos signatários é direto: querem menos promessas e mais garantias de que o governo pagará emendas que são, por força de lei, obrigatórias.>
Jero vetou>
O governador Jerônimo Rodrigues desidratou o abono extraordinário destinado aos profissionais do magistério com recursos dos precatórios do Fundef. Diferente de 2023 e 2024, quando o percentual foi de 30%, este ano caiu para 20%. Mais uma vez, em regime de urgência, o governo apelou para a dispensa de formalidades e vetou sumariamente uma emenda modificativa apresentada pela bancada de oposição que pretendia restabelecer os 30%. O pagamento do abono ocorre sob protestos de que o governo não repassa os juros de mora das parcelas relativas aos precatórios e prefere travar na Justiça um embate contra os professores, que se sentem lesados e acusam o Estado de não cumprir integralmente o que lhes é devido por lei.>
Deu xabu>
Por falar em transmissão, parece ter dado algum xabu no podcast semanal do governador Jerônimo Rodrigues. O evento rende memes e cortes desfavoráveis contra o petista praticamente toda semana, motivo pelo qual alguns de seus assessores já haviam sugerido a suspensão do programa, conselho não seguido pelo governador. Pois desta vez o programa foi transmitido, mas só ficou disponível para o público muito tempo depois e com diversos sinais de edição.>
A seca perdura>
A situação da seca na região de Irecê continua causando incontáveis prejuízos à população dos municípios do entorno. A falta de água continua levando animais à morte e comprometendo o abastecimento em diversas regiões, afetando inclusive a subsistência das pessoas, visto que muitas estão tendo que racionar para ter o que beber. Nesta semana, novas imagens de animais mortos e rios completamente secos voltaram a circular nas redes. Enquanto isso, prefeitos e lideranças da região querem saber o que o comitê montado pelo governo para enfrentar a seca tem feito.>