Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Pombo Correio
Publicado em 25 de julho de 2025 às 05:30
Um importante figurão do governo do estado anda enamorado por uma dirigente da área da educação do interior. O amor é tanto que a moça tem conquistado cada vez mais poder no órgão estadual em que atua numa relevante região da Bahia. Tanto é que, sob a gestão dela, o órgão tem registrado aumentos expressivos de gastos, que contam com anuência do amante apaixonado. Inclusive, deputados que militam na região andam P da vida com a situação, pois a tal dirigente, muito empoderada, não tem aliviado para os parlamentares. Das coisas que o amor faz.>
Parceria solitária>
A presença, mais uma vez, da Bahia na primeira posição, com folga, do ranking de mortes violentas no Brasil, segundo divulgou nesta quinta-feira (24) o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostra que até então a política adotada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) não surtiu efeito. Ou pior: a crise tem se aprofundado sem que o petista dê sinais de reação. A Bahia tem nove das 20 cidades mais violentas do país e nem mesmo com a mão amiga do governo Lula (PT), prometida exaustivamente na campanha de 2022, Jerônimo conseguiu tomar a dianteira no combate às facções criminosas. Talvez até porque o próprio Lula, que já tem problemas demais, prefere esquivar suavemente quando o tema é insegurança pública. A tal parceria Jerônimo-Lula vem provando ser um verdadeiro estelionato eleitoral. >
Democracia da violência>
Os dados do Anuário mostram que a violência e o controle das facções criminosas se alastraram pelo interior da Bahia - fenômeno muito mais intenso por aqui do que no resto do país. Quando se analisa o ranking das 20 cidades mais violentas do país, a maioria delas está nas regiões metropolitanas das capitais. Na Bahia, entretanto, as nove cidades mais violentas se espalham pelas regiões norte, sul, sudoeste, agreste, extremo sul e recôncavo, além da região metropolitana, evidenciando o avanço do crime organizado pelo estado. Como bem disse um observador da política baiana, a má gestão do PT na área da segurança "democratizou" a violência no estado.>
Sem prioridade>
Ainda sobre o Anuário, os dados evidenciam também a falta de prioridade de Jerônimo para a segurança pública, mesmo diante do cenário da crise de violência que vive a Bahia há anos e anos. De acordo com o levantamento, o estado gasta 8,9% com segurança em relação ao total de despesas, percentual muito abaixo do que, por exemplo, Rio de Janeiro (14,8%) e Ceará (10,1%), segundo e terceiro colocados, respectivamente, no ranking de homicídios. Além disso, o gasto per capita da Bahia com segurança é apenas o quinto menor do Brasil. Ou seja: fica claro que garantir a segurança do povo baiano está longe de ser uma prioridade de Jerônimo e do PT.>
Sem piso>
O Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou as contas de 2024 do governador Jerônimo, mas deixou um rastro de ressalvas e alertas que depõem contra a percepção de que está tudo ‘muito bem, obrigado’. Um dos apontamentos foi sobre o flagrante de que Jerônimo, assim como o ex-governador Rui Costa (PT), deixou uma parcela de professores da rede estadual, incluindo indígenas, com salários abaixo do Piso Nacional do Magistério. A Secretaria da Educação chegou a alegar que o não pagamento decorria de limites fixados por leis estaduais, mas a alegação foi desmontada porque a Lei Federal não permite a estados e municípios fixarem vencimentos iniciais inferiores ao piso nacional.>
Nem um pio>
O caso, por sua vez, desperta a curiosidade sobre o silêncio seletivo que os sindicatos da classe adotaram frente à omissão estadual em 2024, diferente do tom agressivo que escolheram usar contra a prefeitura de Salvador, onde há um evidente contexto de disputa política.>
Lero-lero>
Governistas brincaram nos bastidores que o discurso do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), durante uma agenda de anúncios sobre o VLT esta semana, pareceu um remake da fracassada campanha do emedebista à prefeitura de Salvador em 2024. Nem mesmo o governador Jerônimo conseguiu disfarçar a impaciência com o lero-lero.>
Grosseria peculiar>
O ex-governador e ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez valer em Salvador o apelido que ganhou em Brasília de “Rui Grosseria”, quando, esta semana, dispensou o peculiar tratamento hostil a profissionais da imprensa, que o perguntaram sobre os rumores de que ele pode ser substituído na Casa Civil pelo ministro dos transportes, Renan Filho (MDB). Grosseiro, Rui deu as costas, alegando que a política não era a razão da pauta naquele dia. Estranho é que, dois tempos depois, lá estava o ex-governador, numa roda com jornalistas fazendo ataques políticos ao prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil). Rui, na verdade, só esqueceu de explicar que não cabia falar política em assuntos que o desagradassem.>
Perseguição>
Um poderoso cacique da base petista vem sendo acusado nos bastidores da política baiana de usar sua influência no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) para perseguir adversários em suas bases pelo interior. Nesta semana, o julgamento das contas de um ex-prefeito de uma cidade próxima à Chapada Diamantina chamou a atenção. O motivo é que as contas cumpriram os requisitos legais na aplicação dos recursos e não apresentaram irregularidades graves, mas apenas pequenas falhas, o que foi admitido pelo próprio conselheiro relator. No final, entretanto, veio o parecer pela rejeição, o que causou estranheza entre parlamentares. O fato é que o cacique, que é muito próximo ao conselheiro relator, é ferrenho adversário do ex-prefeito na cidade dele. Eles, inclusive, já trocaram farpas recentemente. Quem acompanha o caso garante: é um típico caso de perseguição política.>
Cela do luxo>
As imagens do bunker de luxo de uma facção criminosa na penitenciária Lemos de Brito em Salvador, com direito a TV a cabo, móveis planejados, perfume e uísque importados, mostrou que além de perder o controle sobre a segurança pública do lado de fora, o governo Jerônimo também fracassa da porta para dentro. O caso se soma a sucessivas irregularidades e fragilidades em presídios pelo interior da Bahia, tal como a fuga de 16 detentos da unidade prisional de Eunápolis, onde o buraco da passagem foi depois coberto por uma folha de zinco. A situação aprofundou ainda mais a crise na Secretaria de Administração Penitenciária e as críticas ao titular da pasta, José Castro, indicado pelo MDB. Em sua defesa, o governador alegou que as imagens da cela de luxo são de 2023, como se tal informação diminuísse o absurdo que elas provocam ou tivessem ocorrido em outra gestão, fora da sua responsabilidade. Seria cômico se não fosse trágico.>
Apoio constrangido>
Um prefeito de uma cidade do interior da Bahia, que vinha mantendo certa distância do Palácio de Ondina, surpreendeu aliados ao declarar, de forma constrangida, apoio a Jerônimo. O gesto, que deveria simbolizar alinhamento político, soou mais como um ato de sobrevivência. Segundo fontes que acompanham o caso, o prefeito foi recentemente alvo de investigações no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). O clima nos corredores da política local é de desconfiança, com aliados comentando, na boca miúda, que a adesão ao governador pode ter vindo “acima da vontade”.>