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O gabinete de milhões de Jerônimo, a irritação do governador e a insatisfação na base petista

Leia a coluna na íntegra

  • Foto do(a) author(a) Pombo Correio
  • Pombo Correio

Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 05:30

Só em 2025, o gabinete de Jerônimo já custou aos baianos R$ 78 m mi
Só em 2025, o gabinete de Jerônimo já custou aos baianos R$ 78 milhões Crédito: Wuiga Rubini/GOVBA

A expressão “de milhões”, muito utilizada nas redes sociais, cabe muito bem para definir o gabinete do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Entretanto, neste caso, o termo não se refere a algo legal, mas ao elevadíssimo gasto do gabinete do governador. Somente em 2025, a despesa do gabinete de Jerônimo já custou ao bolso dos baianos, segundo dados do Portal Transparência, R$ 78,69 milhões, valor equivalente à construção de três grandes escolas de alto padrão, por exemplo. Os gastos vão desde manutenção de pessoal, serviços e diárias até auxílios, compra de mobiliários e ampliação e renovação da frota de veículos. O montante já superou em mais de 10% o valor orçado inicialmente para todo o ano, de R$ 70 milhões.

O céu é o limite

Desde 2023, quando Jerônimo assumiu, o seu gabinete já teve uma despesa de R$ 217,19 milhões. Só para se ter uma ideia, o número já é mais do que o dobro do gasto pelo gabinete do ex-governador Rui Costa (PT) durante todo o seu segundo mandato, entre 2019 e 2022, cuja cifra chegou a R$ 108,35 milhões. O recorde ocorreu no ano passado, quando o gabinete de Jerônimo custou a bagatela de R$ 84,8 milhões aos cofres públicos.

O mundo é tão desigual

A gastança do gabinete do governador contrasta com a situação social da Bahia, que tem quase metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo dados do IBGE divulgados no final do ano passado. E mais: dados recentes do instituto apontam que quase 40% dos lares baianos enfrentam situação de insegurança alimentar – ou, em outras palavras, as pessoas passam fome.

Irritação crônica

O governador Jerônimo Rodrigues tem andado cada dia mais irritado e mal humorado, tanto em agendas públicas quanto nos bastidores. Nesta semana, apenas para citar um exemplo, o governador destilou todo o seu ódio contra os adversários durante um discurso político em Dário Meira e falou dar "uma entupida na boca deles". Ainda disse que "não precisa de ninguém para chamar atenção". Em discursos, tem sido comum ver o governador descontrolado e raivoso. Jerônimo está mais ríspido nas respostas feitas por jornalistas. Internamente, fontes com trânsito no Palácio de Ondina contam, sob reserva, que o líder petista também está mais rude no trato com auxiliares e em reuniões. Parlamentares da base aliada especulam que o mau humor do governador está diretamente associado aos resultados desfavoráveis das pesquisas, inclusive as internas, e à insatisfação quase generalizada de aliados.

Cobrança

Causou um enorme bafafá em Itapetinga, no Sudoeste da Bahia, a declaração de um empresário local que revelou ter pago o buffet de recepção ao governador Jerônimo Rodrigues no município, cujo anfitrião foi o prefeito Eduardo Hagge (MDB). A empresa dele presta serviço para a prefeitura, que, segundo o proprietário, está devendo. Ao fazer a cobrança dos meses atrasados, o proprietário utilizou uma foto de Jerônimo ao lado de Eduardo. "Não esqueça do dinheiro do buffet da última vinda do governador e do conserto da televisão da rodoviária", disse em uma rede social, direcionando a cobrança a uma auxiliar do prefeito. O print circulou em diversos grupos e causou enorme mal-estar para o prefeito e para os apoiadores do PT na cidade.

Sincericídio

O governador Jerônimo Rodrigues cometeu mais um ato de sincericídio nesta quinta-feira (4) ao admitir que vai pedir ao prefeito Bruno Reis (União Brasil) para cortar linhas de ônibus em Salvador devido ao VLT, cuja promessa se arrasta há anos. Em entrevista, o petista afirmou que vai conversar com Bruno para avaliar a situação, visto que "não fica bem o nem para a Prefeitura nem para o Estado subsidiar passagens e vendo os ônibus que concorrem com o metrô ou com o VLT". A declaração escancara a incoerência do grupo petista, que, no ano passado, tentou emplacar um discurso de corte de linhas, quando ficou comprovado que o próprio governo exige da prefeitura a retirada de ônibus. Agora, mais uma vez, o governador já deixa claro que virá um novo pedido de corte de linhas.

Abriu a porteira

O deputado estadual Cafu Barreto (PSD) saiu da base do governador Jerônimo Rodrigues e parece que deixou a porta entreaberta, porque dias depois diversas lideranças do partido ensaiaram passos em direção ao grupo da oposição. Os casos mais recentes envolvem o ex-prefeito de Belo Campo, Quinho Tigre, e o prefeito de Conceição da Feira, João de Furão, como se comentou nos bastidores. Mas, antes de fazer um movimento mais acentuado, Furão teria sido aconselhado pelo senador Angelo Coronel (PSD) a conversar primeiro com o governador, o que de fato ocorreu, conforme eles registraram nas redes sociais. Dizem que a reunião foi tensa, com ameaças de rompimento e tudo mais. Depois a coisa se acalmou, mas está longe de estar pacificada.

Virou camisa 10

Para alguém que tinha a eleição dada como perdida na base do governo, Cafu Barreto viu sua reeleição voltar para os trilhos após seu reposicionamento político. Dizem que, em poucas semanas como emissário da oposição, ele conseguiu agregar o que não havia conquistado em anos dentro do governo. Na resenha dos bastidores, o lateral Cafu, camisa 2, virou o camisa 10 na região de Irecê, onde todas as apostas apontam para ele como o mais votado do território.

Obstrução

A sessão da última segunda-feira na Assembleia Legislativa teve de tudo na obstrução de oito horas da bancada de oposição contra o novo empréstimo de R$ 2 bilhões do governador Jerônimo. Teve deputado do PT tirando cochilo no plenário e cenas inusitadas, como a do deputado Samuel Júnior (Republicanos), que subiu à tribuna carregando uma impressora, brincando que aquele era o equipamento inseparável do governador - usado para imprimir as ordens de serviço das promessas que nunca saem do papel. E ainda cutucou a base: “Com R$ 26 bilhões em empréstimos, o que vocês vão dizer ao povo quando perguntarem cadê a obra?”.

Na base do chicote

A presença da bancada governista na longa obstrução de segunda só aconteceu depois da pressão e do puxão de orelha do secretário de Relações Institucionais, Adolfo Loyola (PT). Mesmo diante de uma gritante insatisfação por causa da falta de entregas objetivas do Executivo, Loyola cobrou que a turma fizesse valer o título de governistas e não soltassem a mão de Jerônimo.

Papel e promessa

Na ausência de algo mais palpável, lideranças do interior passaram a fazer postagens, em suas redes sociais, de publicações de avisos de licitação, ato meramente administrativo, para atenuar a pressão que recebem de suas bases pela realização de obras que foram prometidas nas eleições de 2022. Como sabem que as obras não vão sair do papel, o jeito é tentar enrolar o povo com publicação de Diário Oficial. Diferente da última eleição, o interior não dá mais sinais de confiabilidade no governo.