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Coluna Pombo Correio
Publicado em 25 de agosto de 2023 às 08:20
Ouro de tolo
O Judiciário baiano está desapontado, para dizer o mínimo, com Rui Costa e Jaques Wagner. O ministro e o senador petista prometeram votos para os desembargadores Maurício Kertzman e Roberto Frank na composição da lista quadrupla de indicados para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mas nenhum dos dois obtiveram votos suficientes e estão fora do processo. Kertzman teve apenas 7 votos e Frank nenhum, mostrando a baixíssima influência da dupla petista no Judiciário em Brasília. Em 17 anos do PT no estado, nenhum baiano foi indicado para o STJ ou STF com a ajuda de Rui e Wagner. “Eles deram tapinhas nas costas, mas no final não fizeram nenhuma força pelos dois. Foi ouro de tolo”, comentou um experiente desembargador.
Rui x Wagner
A rixa entre Rui e Wagner, que tem se intensificado, acabou atrapalhando a corrida pelo STJ. Se a dupla petista tivesse unida em torno de um só nome e empenhada de verdade, teria mais chances de eleger o escolhido. Mas, na prática, o clima entre os dois continua péssimo, e quem sofreu dessa vez foram aqueles que acreditaram nas promessas de ambos.
Motivo de Piada
Zé Trindade era um personagem do comediante Milton Bittencourt, famoso por suas piadas e pelos bordões “Mulheres Cheguei” e “Meu Negócio é Mulher”. Salvador tem também o seu Zé Trindade, o ex-vereador e atual presidente da Conder. O Trindade local não chega a ser um comediante, mas já virou motivo de piada dentro do PT baiano. Favorito de Rui Costa para a eleição da capital, o Zé Trindade baiano acabou sendo vetado pelo senador Jaques Wagner, que diz para quem quiser ouvir que não vai aceitar uma imposição de Rui. Nomes do PT como o deputado Robinson Almeida e a secretária estadual de Assistência Social, Fabya Reis, começam a ganhar força.
Chá de cadeira
Os irmãos Vieira Lima voltaram para Brasília essa semana. Geddel e Lucio visitaram o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, e entregaram um presente de casamento a um membro da família do ministro do MDB. Só que não contavam com um longo chá de cadeira para o começo da audiência. Irritado, Lucio subiu o tom na antessala do ministro e protagonizou um grande chilique. Depois do barraco, os irmãos foram finalmente atendidos.
Conversa de salão
Duas senhoras conversavam num salão de beleza da capital essa semana. “Ele anda muito vaidoso, amiga. Toma o tempo todo injeção de ozenpic, branqueou os dentes e só vive na dermatologista”, desabafou a esposa de um importante político baiano. “Isso só pode ser namorada nova”, retrucou a amiga. É bom o garanhão ficar esperto, pois a batata dele está assando.
Operação tartaruga
O piti dado pelo deputado estadual Eures Ribeiro (PSD), que saiu do plenário da ALBA gritando “não voto mais p... nenhuma do governo”, representa os sentimentos da bancada do partido na Casa. Sob reserva, deputados do PSD confessaram que a relação com o governo de Jerônimo Rodrigues vai de mal a pior devido a cargos da gestão estadual no interior do estado, que seguem travados. A insatisfação é tanta que alguns parlamentares foram a Brasília nesta semana para tentar uma “intervenção federal”. Quem também anda P da vida é a deputada Ivana Bastos, a mais votada no ano passado. Fontes no Legislativo contam que ela também já avisou que não vai dificultar a vida do governo, mas não vai se esforçar para facilitar. No partido, o sentimento é de “operação tartaruga”.
Disputa antecipada
E a corrida pela presidência da ALBA para a sucessão de Adolfo Menezes (PSD) tem se intensificado, um ano e meio antes da eleição, em 2025. O próprio Adolfo tem abertamente se movimentado para conquistar um terceiro mandato, mas para isso precisa de uma mudança na legislação. Contudo, seus eventuais adversários também já estão se articulando e, inclusive, buscam apoio nacional para sua empreitada. Um deles é o deputado Rosemberg Pinto (PT), que, segundo dizem parlamentares que acompanham o movimento, espera apoio do ministro Rui Costa à sua empreitada, como forma de agradecimento pela escolha da esposa do petista, Aline Peixoto, como conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Como disse um interlocutor nessa semana, as forças ocultas estão agindo nos bastidores.
Roteiro arrasador
O governador Jerônimo Rodrigues montou um roteiro arrasador para pagar a fatia dos precatórios que cabe aos professores da rede estadual. Primeiro tratou de reduzir de 80% para 60% o valor que vai cair na conta da categoria, depois cortou da fatura os juros e correção a que os trabalhadores tinham direito. Para completar, embalou tudo num projeto de lei que foi enviado à Assembleia Legislativa em regime de urgência. Não contava ele que a bancada de oposição, apesar do tamanho reduzido, provocaria tamanho barulho contra a proposta. Tanto sim, que, para se livrar da matéria, a bancada governista teve que convocar uma sessão extraordinária na calada da noite para passar o rolo compressor sobre o direito dos professores.
Duas medidas
Os petistas que fizeram críticas à tomada de empréstimo pela prefeitura de Salvador para realização de obras e investimentos na cidade foram os mesmos que discretamente disseram amém ao desejo do governador Jerônimo Rodrigues de pegar R$ 400 milhões emprestados da Caixa Econômica Federal. Sem apresentar detalhes nem cronograma das obras que pretende executar, o governo empurrou o texto em regime de urgência na Assembleia para ter um cheque em branco nas mãos.
Ponte Salvador-Itaparica
Os governos do PT na Bahia parecem ter esgotado as desculpas sobre a demora de 14 anos para construção da ponte Salvador-Itaparica. Em entrevista recente, o governador Jerônimo Rodrigues resolveu inovar e disse que a culpa para tal atraso era da maré e dos ventos. De pronto, a classe política reagiu à pérola. Uma das sugestões, banhada de ironia, veio do líder da oposição na Assembleia, o deputado Alan Sanches (União Brasil): “Se tem tanto vento assim, não seria melhor então mudar o projeto para a construção de um parque eólico?”
O terraplanista da violência
O ministro Rui Costa atacou novamente com suas pérolas. Os alvos na última semana foram os levantamentos nacionais sobre violência. Em discurso negacionista e, como dito pela imprensa nacional, terraplanista, muito parecido com o bolsonarismo que ele critica, Rui disse que não reconhecia estas pesquisas e que era preciso uma “padronização dos dados” no país. Uma tentativa de maquiar os elevados índices de violência na Bahia que têm ganhado repercussão nacional neste ano, em especial após a morte da líder quilombola Mãe Bernadete. O ministro parece querer jogar no colo de institutos sérios, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a culpa pela violência no estado, se esquecendo que a fonte dos dados são os próprios governos estaduais. Rui, como bem disse um editorial de O Globo, não há contabilidade criativa capaz de esconder homicídios.