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Conheça a história da Banda do Companheiro Mágico, que marcou na cena da música baiana pré-Axé Music

O grupo era formado por músicos como Ary Dias, Zeca Freitas, Toni Duarte e Guilherme Maia

  • Foto do(a) author(a) Osmar Marrom Martins
  • Osmar Marrom Martins

Publicado em 5 de julho de 2025 às 11:00

Guilherme Maia
Guilherme Maia Crédito: Arquivo pessoal

Sempre que vou escrever sobre um artista ou uma banda que não é ligada ao Carnaval, faço questão de ressaltar que Salvador já teve uma cena musical muito forte. Além de música ao vivo em diversos bares, havia música instrumental, sinfônica com grandes orquestras, antes do advento da Axé Music. Para sobreviver, muitos músicos tiveram que migrar para essa nova cena que conquistou o Brasil e projetou a música carnavalesca para o mundo.

E um desses nomes que brilhou entre o público baiano foi a Banda do Companheiro Mágico.

Para contar um pouco dessa história, fui conversar com o baixista Guilherme Maia, 71 anos. Um carioca, filho de baianos, que veio para Salvador aos 19 anos estudar na Escola de Música da Ufba (Universidade Federal da Bahia), referência até hoje em todo o Brasil, revelando grandes musicistas que estão espalhados pelo mundo, mostrando a força e o talento dos baianos. Fala Guilherme:

“Entrei na Banda do Companheiro Mágico em 1974, substituindo o baixista, Conrado Holzmeister, um carioca que havia decidido voltar para o RJ. A formação era Toni Costa (guitarra), Ary Dias (Bateria), Men Xavier da Silveira (flauta), Querino (Acordeon) e eu no baixo. Éramos todos músicos iniciantes, alguns estudantes de música da Ufba, mas Ary tocava na Orquestra Sinfônica da Universidade. Já nessa época, a banda tinha uma pegada bem eclética, fazia uma música popular instrumental brasileira com sotaque de rock e com influência da música contemporânea experimental que se fazia na Escola de Música da Ufba na época. Alguns músicos da banda tocavam também no grupo de Smetak. Com essa formação, a Banda fez uma pequena temporada no Teatro da Gamboa”.

No ano seguinte, em 1975, foi montada uma “mini big band”, com a seguinte formação: Sérgio Souto: flautas; Tuzé de Abreu: flauta e sax soprano; Zeca Freitas: flauta e sax alto Thomaz Oswald: sax tenor; Gérson Barbosa: Trombone; Boanerges de Castro: Trompete Ary Dias: bateria e percussão; Anunciação: bateria e percussão; Toni Costa: guitarra; Guilherme Maia: baixo. Ary Dias até hoje faz parte da Cor do Som, ao lado de Armandinho Macedo, Dadi Carvalho, Mu Carvalho e Gustavo Schroeter.

Ainda segundo relato de Guilherme, “esse grupo, que passou a incorporar sonoridades jazzísticas ao repertório, com muita improvisação, recebeu apoio do ICBA, que cedeu sala de ensaio e pautas no Teatro da instituição, com direito a som e iluminação. Além de apresentações regulares no ICBA, com o teatro sempre lotado, o grupo viajou para o Rio de Janeiro e fez dois shows no Teatro Opinião, apresentações que geraram matérias jornalísticas elogiosas e que até hoje são lembradas por músicos do RJ”.

Depois dessa temporada, ficou difícil manter um grupo tão grande unido e, ao mesmo tempo, surgiu a vontade de ir para o Rio de Janeiro, mas somente quatro dos integrantes toparam a aventura: Toni Costa, Ary Dias, Zeca Freitas e Guilherme. Fizeram um show de despedida no Solar do Unhão, com uma cenografia assinada pelo saudoso Gilson Rodrigues e, seguindo a trilha dos Novos Baianos, foram morar em um sítio em Vargem Grande, Zona Oeste do RJ. Passaram um semestre nesse sítio compondo e ensaiando dia e noite, e fizeram duas apresentações no Teatro Opinião, em um horário alternativo reservado para a música instrumental. Foi um período de muito estudo, onde todos evoluíram como instrumentistas.

Após esse período, Ary e Guilherme voltaram para Salvador para dar prosseguimento à graduação na Escola de Música da Ufba, Toni Costa foi para Boston, estudar na Berklee, famosa escola especializada em jazz. Zeca Freitas também voltou para Salvador e começou a militar no campo da música instrumental. Foi o organizador de várias edições do Festival de Música Instrumental e, mais tarde, fundou a sua própria orquestra. Ary Dias passou a tocar com o trio elétrico de Dodô e Osmar e, pouco depois, foi um dos fundadores do grupo A Cor do Som. Toni Costa, ao voltar da Berklee, trabalhou como guitarrista com grandes nomes como Moraes Moreira, Caetano Veloso, Gal Costa e Elba Ramalho, e passou a desenvolver seu trabalho autoral.

Toni Costa, Ary Dias, Guilherme Maia e Zeca Freitas
Toni Costa, Ary Dias, Guilherme Maia e Zeca Freitas Crédito: Acervo Pesssoal

Para finalizar, Guilherme arremata:

“Eu me mudei para o Rio de Janeiro em 1980, para trabalhar como baixista e arranjador do Moraes Moreira. No Rio, acompanhei em shows e gravações artistas como Chico Buarque, Elba Ramalho, Luís Melodia e Ednardo. Voltei para Salvador em 2023, para fazer um doutorado na Faculdade de Comunicação da Ufba e iniciar uma carreira de professor universitário. Hoje, atuo como professor da área de concentração de Cinema e Audiovisual da Facom, mas sigo compondo canções e música para produtos audiovisuais”.