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Jerônimo Rodrigues revive velho ditado: políticos também morrem pela boca

Governador da Bahia cometeu quatro deslizes em menos de uma semana - um deles recheado de discurso de ódio

  • Foto do(a) author(a) Rodrigo Daniel Silva
  • Rodrigo Daniel Silva

Publicado em 6 de maio de 2025 às 05:00

Estratégia de Jerônimo Rodrigues tem incomodado aliados
Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues Crédito: Feijão Almeida/GOVBA

Amigos, em menos de uma semana, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, protagonizou pelo menos quatro gafes - uma delas, inclusive, recheada de discurso de ódio. A primeira gafe ocorreu na última quarta-feira (30), quando, ao comentar sobre a disputa entre facções criminosas, o petista se isentou da responsabilidade e disse que os criminosos deveriam “cuidar deles”. A segunda veio na sexta-feira (2), quando culpou a população por não guardar comida para os animais durante a seca, em um momento em que o estado deveria, no mínimo, oferecer apoio em vez de repreensão.

No mesmo dia, Jerônimo cometeu um ato de “sincericídio” e reconheceu que sua gestão está mal avaliada. Disse: “Se eu tivesse bem, eu ia comprar aquela rede que falei com você”, numa tentativa desajeitada de justificar o desgaste. Mas foi sua quarta declaração que ultrapassou todos os limites: ao se referir aos eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) - que somaram 58,2 milhões de brasileiros em 2022 -, o governador afirmou que eles deveriam ir “para a vala”. Ou seja, no bom português, deveriam morrer.

Essa fala, além de perigosa e inaceitável em qualquer democracia, me fez lembrar de um ditado popular: “Peixe morre pela boca”. E na política, não faltam exemplos de figuras públicas que também “morreram” politicamente por não saberem o momento de calar. Um caso emblemático foi o de Ciro Gomes, em 2002. Durante entrevista à rádio Metrópole, em Salvador, Ciro perdeu a linha ao ser criticado por um ouvinte e respondeu chamando de “burro”. “Sugiro que mande a pergunta para o primeiro-ministro da Suíça, porque lá não tem presidente. Lá (o sistema) é parlamentarista. Tem que fazer as perguntas com um pouco mais de cuidado para deixar de ser burro”, disse ele. Na época, Ciro, que chegou a ter 30% das intenções de voto, não foi nem para o segundo turno na corrida presidencial.

O Ciro que fez aquela declaração era um político da Era da Televisão. Já Jerônimo Rodrigues é um político da Era Digital, onde tudo é registrado, compartilhado e viralizado em questão de minutos. O estrago, portanto, é potencializado. Ainda assim, muitos políticos parecem não ter compreendido que, hoje, há sempre uma câmera de celular por perto - e uma multidão pronta para julgar, cobrar e relembrar.

Isso não é de hoje. Já em 2008, quando as plataformas digitais passaram a influenciar de forma decisiva a política, o então candidato republicano nos Estados Unidos, Mitt Romney, enfrentou uma onda de críticas após mudar de posição sobre temas sensíveis como aborto e controle de armas. Vídeos antigos logo começaram a circular no YouTube, com suas declarações contraditórias feitas em campanhas anteriores. Resultado: desgaste e perda de credibilidade. Dizia Maquiavel que um príncipe precisa saber mudar de opinião conforme as circunstâncias. Mas, na Era Digital, mais do que saber mudar, é essencial saber como falar - ou o preço será cobrado nas urnas e nas redes.

Jerônimo Rodrigues está oferecendo farta munição para a oposição explorar na campanha eleitoral do próximo ano. E, se não mudar, vai morrer (politicamente) como um peixe.