Interferência de Jerônimo na disputa por vaga do TCM provoca mal-estar na base

Por Jairo Costa Júnior

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Publicado em 3 de janeiro de 2024 às 05:00

De cara fechada

A interferência do governador Jerônimo Rodrigues a favor do deputado estadual Paulo Rangel (PT) provocou mal-estar na base aliada e pode colocar em risco o favoritismo do petista na disputa pela vaga aberta no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) com a aposentadoria do conselheiro Fernando Vita. Até meados de dezembro, Jerônimo vinha prometendo manter distância regulamentar da corrida, mas mudou a postura e passou a trabalhar pessoalmente para oxigenar a candidatura de Rangel e desidratar seu principal concorrente, o deputado estadual Fabrício Falcão, cujo partido, o PCdoB, reivindicava o espaço no TCM como parte de um eventual acordo com o PT.

Fumaça e fogo

A certeza de que Jerônimo quebrou a palavra e decidiu assumir as negociações sobre o tribunal surgiu após o senador Otto Alencar anunciar o ingresso do PSD na tropa pró-Rangel, em movimento articulado por Wagner e previamente combinado com o governador, que assegurou apoio à nomeação do deputado estadual Sérgio Brito (PSD) para a próxima vaga no TCM ou TCE.

União de esforços

Com a adesão formal do PSD ao deputado petista, parlamentares da bancada governista e da oposição iniciaram conversas internas para tentar enfraquecer a posição de Paulo Rangel e evitar que o PT emplaque o terceiro conselheiro seguido do TCM pela cota da Assembleia Legislativa na corte de contas - antes, o ex-deputado federal Nelson Pelegrino e a ex-primeira-dama Aline Peixoto foram nomeados para o cargo de conselheiro. A estratégia passa por viabilizar a candidatura de Fabrício Falcão, que ainda não reuniu o mínimo de 13 assinaturas necessárias para oficializar a candidatura.

Pista dupla

À Satélite, parlamentares dos dois blocos de poder afirmaram que trabalham em dois cenários para tentar impedir a vitória de Rangel. O primeiro é assegurar que tanto Falcão quanto o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) reúnam apoio suficiente para entrar no páreo, com objetivo de forçar um segundo turno de um dos dois contra o petista. O outro passa pela desistência de Nilo. Com isso, Falcão somaria os 20 votos da bancada oposicionista e dos integrantes da base insatisfeitos com a ingerência do Palácio de Ondina no duelo, contando também com traições comuns em votações secretas.

Fila de largada

Levantamento feito pela coluna aponta que já há ao menos dez deputados estaduais com pré-candidaturas posicionadas a prefeito este ano: Pablo Roberto (PSDB) em Feira de Santana; Bobô (PcdoB) em Senhor do Bonfim; Cláudia Oliveira (PSD) em Porto Seguro; Robinho (União Brasil) em Mucuri; Pancadinha (SD) em Itabuna; Ricardo Rodrigues (PSD) em Irecê; Raimundinho da JR (PL) em Dias D'Ávila; Roberto Carlos (PV) em Juazeiro; Leandro de Jesus (PL) em Lauro de Freitas e Cafu (PSD) em Ibititaia.

Em cima do muro

Outros dois parlamentares, ambos do PSD, cogitam entrar na briga, mas ainda estão em dúvida. Um é Eduardo Alencar, irmão de Otto, duas vezes prefeito de Simões Filho. O outro é Antônio Henrique Jr (PP), que sonha com Barreiras.

"O baiano começa o ano com esse presente indigesto, e a gente não vê nenhuma reação dos governos estadual e federal no sentido de preservar o bolso das pessoas"

Alan Sanches
Líder da oposição na Assembleia, ao criticar o novo aumento no preço do gás de cozinha