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Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2019 às 12:38
- Atualizado há 2 anos
A prisão preventiva da desembargadora Maria do Socorro Barreto Santiago, cumprida nesta sexta-feira (29) pela Operação Faroeste, elevou as expectativas em torno de novas ordens para deter magistrados suspeitos de participar da venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ).>
Fontes ligadas à investigação anteciparam à Satélite que o Ministério Público Federal (MPF) já possui provas capazes de levar à cadeia outros nomes da Corte implicados no caso. Da lista, a Faroeste tem alto interesse no pedido de prisão da juíza Marivalda Moutinho, tida como elo para elucidar o papel do TJ no suposto esquema de grilagem. (Foto: Arquivo CORREIO) Deslize fatal Um descuido foi crucial para que o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinasse a prisão de Maria do Socorro e a do juiz Sérgio Humberto Sampaio, decretada sexta passada em caráter provisório. Após o cerco iniciado pela Faroeste no último dia 19, ambos usaram celulares de terceiros para orientar a ocultação de provas, sem saber que os aparelhos também eram alvos de escuta judicial.>
Linha cruzada Entre os áudios interceptados pela Polícia Federal, um deles criou embaraços à procuradora-geral de Justiça, Ediene Lousado, chefe do Ministério Público do Estado (MP). No diálogo, cuja data não informada na decisão em que o STJ autoriza a segunda fase da Faroeste, a desembargadora Maria do Socorro, destaca o relatório do MPF, foi flagrada em conversa na qual fala sobre a necessidade de fazer uma reunião, afirma que o irmão de Ediene estaria acompanhando o caso e “expõe possível limpeza de dados criminosos em aparelho telefônico”. Em nota à imprensa em que manifesta apoio “amplo e irrestrito” às investigações, o MP não fez menção ao trecho em que a desembargadora cita o auxílio supostamente prestado a ela pelo irmão da procuradora-geral.>
NOTA DE RESPOSTA>
O Ministério Público do Estado da Bahia, em razão de informações publicadas pela coluna Satélite, do jornal Correio, intitulada “Linha Cruzada”, vem exigir o direito de resposta e informar ao público que inexiste qualquer relação entre os fatos narrados na denúncia da Operação Faroeste e a atuação da procuradora-geral de Justiça da Bahia ou de outro procurador ou promotor de Justiça, motivo pelo qual não há qualquer necessidade de esclarecimento institucional sobre a atuação de pessoas alheias ao seu quadro de membros e servidores. Esclarece, ainda, que foi divulgada no site do Ministério Público nota institucional para informar sobre a designação de procuradora de Justiça para acompanhar a correição promovida pela 2a Vice-Presidência do Tribunal de Justiça da Bahia, que foi publicada no Diário da Justiça da última sexta-feira, dia 29, e sobre o apoio do Ministério Público aos desdobramentos da operação. Por tais motivos, a instituição manifesta sua indignação com a publicação de nota jornalística com associação leviana de informações. >
Pulga na orelha Reservadamente, investigadores da Faroeste informaram à coluna a existência de indícios sobre possível vazamento de detalhes da operação pouco antes que a primeira fase fosse deflagrada. Sobretudo, viagens inesperadas de alvos das buscas e apreensões realizadas pela PF, transferências bancárias feitas de modo repentino e sumiço de smartphones usados por suspeitos presos por ordem do STJ.>
Fala, Barros! A respeito da nota “Galope no páreo”, publicada nesta sexta-feira (29), o publicitário Fernando Barros negou ser apoiador da desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, candidata à presidência do TJ. Barros disse conhecê-la no período em que a magistrada implantou, entre 2016 e 2018, o projeto “Parceiros pela Justiça”, apoiado por ele e “muitos outros entes públicos e privados”. Frisou ainda que a eleição na Corte é “interna e, portanto, discutida e definida entre os próprios desembargadores”.>
Ponta da língua Com o cerco cada vez maior aos membros da cúpula do Judiciário baiano, ganharam mais intensidade os sinais de delação premiada por suspeitos de operar repasses de propina a investigados no esquema de venda de sentenças e pessoas utilizadas como “laranjas”.>