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Jairo Costa Jr.
Publicado em 1 de abril de 2022 às 05:00
O tom das declarações de líderes do PT na Bahia sobre as críticas ao acordo que deu a vaga de vice na chapa governista para o MDB confirma a percepção de que, para os caciques do partido, garantir a vitória do ex-presidente Lula supera qualquer mal-estar por casamentos indigestos. Na tentativa de minimizar eventuais desgastes causados pela aliança com o ex-ministro Geddel Vieira Lima, os caciques petistas concentram os discursos em justificar o acerto a partir de uma necessidade estratégica de agregar o máximo possível de forças políticas em torno de Lula, mesmo que haja prejuízos para o PT nas disputas estaduais e danos à imagem da sigla já arranhada por escândalos de corrupção.>
Túnel do tempo Em geral, a avaliação de parlamentares e dirigentes de partidos alinhados à órbita do PT é de que Lula optou por uma tática semelhante à que usou há 20 anos, quando buscou apoio até de rivais históricos. Em 2002, a prioridade era conquistar o Palácio do Planalto. O avanço nos estados seria consequência natural das eleições seguintes.>
Reação adversa Apesar dos esforços da cúpula petista para reduzir estragos decorrentes da aliança com o MDB, o nível de insatisfação permanece ainda alto no arco governista. Em especial, por conta da repercussão negativa gerada pela presença de Geddel na coletiva realizada anteontem para confirmar o acordo e a escolha do presidente da Câmara de Vereadores de Salvador, Geraldo Júnior, como vice do candidato do PT ao governo, Jerônimo Rodrigues. As queixas eram dirigidas ao fato de que o ex-ministro fez a primeira aparição pública após a condenação no caso do bunker de R$ 51 milhões justamente no evento organizado para anunciar a entrada do MDB no palanque da base. O que acabou virando o foco da cobertura da imprensa.>
Nuvem de lágrimas Em reunião ocorrida na noite da quarta-feira, horas depois do encontro na sede do MDB, o "efeito Geddel" dominou a pauta de conversas entre o senador Otto Alencar (PSD) e lideranças que fazem parte de sua base política no interior baiano. Embora tenha derramado saliva para amenizar a revolta com os prejuízos legados pela aliança, Otto foi forçado a engolir desbafos e lamentos de quem vê a caminhada, que para eles estava bastante difícil, bem pior agora.>
Ordem na casa O atraso de Lula no lançamento da chapa do PT, afirmam interlocutores próximos ao ex-presidente, tem origem na sua decisão de intervir pessoalmente para encerrar a desordem do partido na Bahia. Sobretudo, pacificar a relação entre o governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner, abalada por divergências sobre a montagem do tabuleiro eleitoral, e acabar com o fogo amigo disparado por deputados da legenda contra parceiros, assuntos que arrastaram as discussões além do tempo previsto.>
Sem retorno Antes da chegada de Lula ao ato no Wet'n Wild, politicos que gravitam a órbita petista consideraram impossível reverter a migração em massa de prefeitos para a trincheira do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) na briga pelo governo do estado. No melhor dos cenários, acham, conseguirão reduzir a sangria daqui em diante. Hoje é um dia muito importante. Nunca houve, em toda a história do nosso estado, uma candidatura de oposição com tanta força como a que estamos organizando ACM Neto, ao comemorar a filiação oficial do deputado federal José Rocha, que trocou o PL pelo União Brasil >