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Hugo Brito
Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 12:09
- Atualizado há 2 anos
Informações do site Tecnoblog dão conta de que dados atrelados aos CPFs de mais de 220 milhões de brasileiros, alguns já mortos, e de 40 milhões de CNPJs de empresas brasileiras estariam disponíveis e à venda na internet, e não na chamada deepweb, aquela internet oculta da qual já falamos aqui na coluna. Os dados seriam oriundos de dois vazamentos. Segundo o jornal Folha de São Paulo o Procon paulista já questionou a Serasa sobre esse vazamento e a empresa soltou nota afirmando que o formato com que os dados são apresentados não é o usado em seu banco de dados e que, inclusive, existem informações que não constam dos dados utilizados por ela. Saber de onde veio o vazamento é essencial para punir os responsáveis, mas o estrago já está feito. Com o que está presente no material vazado criminosos podem fazer uma infinidade de golpes e, por isso, o cuidado que já era necessário deve ser redobrado no sentido de pensar sempre antes de clicar, não responder e-mails desconhecidos, inclusive de instituições financeiras por mais completos que os dados presentes neles possam estar. O mesmo vale para boletos, correspondências, cobranças, etc, que possam vir a aparecer. Tudo que já devia ser checado antes deve ser conferido com mais atenção ainda a partir de agora e, em alguns casos, o bom e velho telefonema para os emissores desses documentos vale muito a pena.>
Ainda sobre segurança, ou a falta dela... O salto tecnológico imposto pela pandemia fez o home office virar o normal e, com ele, fez também as ameaças cibernéticas saltarem de 15 para 75 milhões. Segundo o relatório da Apura Cybersecurity Intelligence, em janeiro de 2020, antes da pandemia de Covid-19, foram registrados menos de 15 milhões de ameaças cibernéticas, enquanto no final do ano o número chegou próximo aos 75 milhões. A maior parte desse aumento ocorreu no primeiro semestre, quando o mundo parou ante o novo coronavírus, inimigo ainda totalmente desconhecido. Segundo a Apura, os crimes são na sua maioria gerados pelo já conhecido Phishing (pescaria), um trabalho que os bandidos fazem através de informações que captam por imagens, arquivos, e-mails, postagens em redes sociais, fóruns e aplicativos de mensagens. O nome do inimigo biológico foi a isca mais usada. No relatório é possível ver que o uso da palavra coronavírus em cada dez e-mails tem quatro como fraudes. Nas mídias sociais foram mais de 35 milhões de eventos de ameaça cibernética, dos mais de 300 milhões listados pelo relatório. Em todos os ataques o objetivo dos criminosos é ter acesso ao máximo possível de dados para uso em fraudes e sequestro de informações sigilosas, tanto pessoais quanto empresariais. Os golpes mais comuns são o de perfis falsos, com 28.9%, uso de dados bancários, 19.8%, e uso de cartões de bancos falsos, 15.1%, com mais de 800 mil cartões clonados.>
2021 de casa e correndo risco Sandro Suffert, CEO da Apura, sinaliza que em 2021 o cenário não aparenta sinais de que vá mudar de forma significativa já que a segunda onda da pandemia de Covid-19 está levando as empresas a manterem boa parte do seu pessoal trabalhando de casa. Segundo ele, para amenizar o alto índice de crimes só resta mesmo focar na segurança das redes domésticas, somado a um esforço, principalmente por parte dos gestores, para a conscientização de funcionários quanto ao bom uso da internet de casa e implementação de ferramentas e serviços que aumentem a segurança, e complementa: “Estar preparado não é mais apenas uma questão de compliance, pode vir a ser uma questão de sobrevivência. O investimento em segurança cibernética deve ser encarado com seriedade, deve ser parte constante de todo planejamento institucional, tanto em relação às ferramentas e serviços que aumentem o nível de segurança, quanto aos que auxiliam no processo de detecção dos incidentes”.>
Carreiras das mulheres do ramo de tecnologia sofreram com a pandemia Essa afirmação está no último estudo da empresa internacional de cibersegurança Kaspersky. A pesquisa foi encomendada à Arlington Research e entrevistou homens e mulheres que trabalham em tecnologia ou funções de TI em entrevistas feitas de novembro a dezembro de 2020, com 13 mil respondentes de 19 países, sendo 500 deles do Brasil. O estudo explorou as percepções das pessoas sobre as diferenças de gênero dentro da indústria, as barreiras para uma carreira em tecnologia e TI entre ambos os sexos, o que motivou homens e mulheres a desenvolver uma carreira nessas indústrias e o impacto da pandemia da Covid-19. Os dados mostram que inicialmente parecia que por estarem todos em casa haveria ganho na melhoria da igualdade das mulheres que trabalham no setor de tecnologia, mas o que aconteceu foi que quase metade delas (46%) afirmaram que desde março do ano passado lutam para combinar trabalho e vida familiar, uma proporção que se repete globalmente. Segundo a pesquisa funções do dia a dia impactam diretamente na produtividade ou no avanço na carreira dessas mulheres. A faxina doméstica, por exemplo, impactou diretamente 67,6% das profissionais pesquisadas que sinalizaram ter feito a maior parte dessa atividade, em comparação a 47,6% dos homens. A educação dos filhos dentro de casa durante a pandemia também acabou pesando mais sobre as mães com cerca de oito em cada dez brasileiras (78%) sendo responsáveis pela educação domiciliar, número que entre o público masculino da pesquisa chegou a apenas 56%. Para cuidar da família, quase metade (46%) das mulheres afirmou também ter feito mais ajustes à jornada de trabalho do que o seu parceiro.>
Crescimento profissional foi o mais impactado A conclusão da pesquisa da Kaspersky aponta que tudo isso trouxe como resultado para 40,4 % das mulheres entrevistadas a sensação de que os efeitos da Covid-19, ao invés de melhorar, atrasaram seu crescimento profissional. Patrícia Gestoso, diretora de suporte científico ao cliente da BIOVIA e vencedora do 2020 Women in Software Changemakers concorda com o estudo e arremata: “Entre as mulheres, a pandemia teve efeitos diferentes: algumas reconheceram que, por não ter que se descolar para o trabalho, conseguiram maior flexibilidade em seus horários e economia de tempo, enquanto outras confessaram estar à beira da exaustão.>
Por isso, é crucial que as empresas garantam que seus gestores estejam alinhados com a estratégia corporativa para apoiar os funcionários no cumprimento de suas responsabilidades familiares". Patrícia também chama atenção de que a forma híbrida de trabalho, que já começa a ser adotada por algumas empresas, também pode ser negativa para as mulheres pois conciliar a existência simultânea de trabalhadores remotos e híbridos em uma mesma organização representa um desafio para mulheres que trabalham remotamente, já que podem ter menos acesso à diretoria que está no escritório. Patrícia destaca que esse efeito só pode ser diminuído com o apoio dos empregadores: “Com o sistema híbrido podem diminuir as chances de mulheres serem consideradas para projetos e responsabilidades que levam a promoções já que podem ter menos acesso à diretoria que está no escritório. Os empregadores precisam ter consciência dessas desvantagens e considerá-las em suas estratégias a fim de minimizar essa diferença”. A íntegra do relatório: "Mulheres em Tecnologia: Onde estamos? Compreendendo a evolução feminina no setor" está disponível, apenas em inglês, neste link.>