A revolta do gelo

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Mini não dá muita trela pra esporte. Não é nem uma questão específica com o futebol, como volta e meia surge alguém reclamando – com razão – do quase monopólio na mídia popular. O caso aqui é de não ser ligada em esporte mesmo, de modo geral.

Enquanto ficamos aflitos com o Ba-Vi, na expectativa da Champions e meio frustrados quando, sei lá, Gabriel Medina perde o Mundial de Surfe, ela cuida da horta e das suculentas. Existe até uma explicação: “Não sou competitiva e tenho dó de quem perde”. Ponto.

Há, entretanto, exceções que chegam para confirmar sua própria regra. A exceção da vez chama-se Patinação Artística no Gelo, uma das modalidades da Olimpíada de Inverno em disputa na Coreia do Sul.

Para ver as piruetas no ar, Mini deixa de lado os afazeres e nem se importa de dormir menos, já que, devido ao fuso coreano, as competições começam tarde da noite por aqui.

Na madrugada de quinta, ela vibrou com a apresentação do casal alemão que bateu os recordes olímpico e mundial. Empolgada, se preparou para a noite seguinte e, no auge da expectativa... NBA no SporTV. Estabeleceu-se a revolta – com razão, é preciso reconhecer.

NBA tem ano sim e no outro também e nem na fase decisiva está. Deve dar mais audiência que patinação, é verdade, mas Olimpíada só ocorre de quatro em quatro anos e é até bom quando a gente pode ver algo diferente. Durante o basquete, até o narrador fez um mea-culpa.

Eu sei, caro leitor ou bela leitora, que você pode estar no time do jornalista e escritor Flávio Rasta, com seu argumento de que patinação é lazer e nem na Olimpíada deveria estar.

Entretanto, deixo uma sugestão: caso não tenha visto, procure na internet a apresentação do casal da Alemanha. É realmente assombroso como eles fazem tudo aquilo sem se estabocar com a cara no gelo.

Não tenho certeza se é só lazer ou é esporte, mas há motivos para largar os afazeres e ver a patinação.

É clássico Nem lembrava, então fui checar nos arquivos: desde 2012, publico esta coluna aos sábados. Por óbvio, já foram trocentos Ba-Vis aos domingos com um texto saindo na véspera. Perdi as contas dos números, mas não me passo no sentimento: os dias que antecedem ao clássico são sempre de ansiedade, mesmo quando é um jogo pela fase de classificação de um torneio de meia tigela como o Campeonato Baiano.

A ansiedade, sabemos, extrapola as questões do campo e vem bater a nossa porta. O jogo pode não valer nada, mas vale ao menos alguns dias de bom (ou mau) humor.

Este Ba-Vi marcará o retorno das duas torcidas dentro do estádio, após seis embates com uma arquibancada homogênea e um tanto sem graça. É neste momento que nós, torcedores autênticos, temos que fazer prevalecer a festa e a sabedoria, para deixar claro que não estamos do lado dos marginais travestidos de torcedores.

Pra completar, este será o primeiro jogo em que torcedores poderão chegar ao Barradão pela Avenida Mário Sérgio. A via é essencial nas partidas, mas ela é mais do que isso: é um vetor que pode facilitar a vida de milhares de pessoas que moram na região do estádio. Demorou de chegar, mas veio em boa hora.

*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados