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Victor Uchôa: Baião de estatuto

  • D
  • Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2016 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

Eu sei, caro leitor ou bela leitora, que a esta altura dos acontecimentos é bem capaz de você ainda estar meio mole, sentindo os reflexos do licor de passas ou de jenipapo. Sei também como é difícil retomar a rotina depois de tanto amendoim e bolo de milho. Pior ainda é voltar para os afazeres cotidianos depois de tanto rala-bucho, sem falar nas cafungadas no cangote. Mas, infelizmente, o fato é que há vida após o São João e todo mundo precisa assumir suas responsabilidades.Os conselheiros do Vitória, por exemplo, há muito tempo passaram da hora de dar seguimento ao processo de democratização do clube. Odeio ser chato (ainda que seja difícil fugir do destino), mas volta e meia sou obrigado a bater neste tema, porque o silêncio na Toca do Leão é ensurdecedor.No dia 20 de dezembro de 2015, os sócios do Esporte Clube Vitória aprovaram um novo estatuto, com previsão de eleições diretas para a presidência e o Conselho Deliberativo, que seria formado de maneira efetivamente proporcional. Acontece que alguns conselheiros não gostaram de ver os interesses do seu grupo contrariados e conseguiram derrubar o estatuto na Justiça.A promessa era de que outro texto seria logo apresentado. Nisso, já passou o Natal, foi-se o Ano Novo, lavamos o Bonfim, brincamos Carnaval, nos entupimos na Semana Santa, uma presidente da república foi tirada do cargo, trocentos ministros do governo interino já caíram, cantamos pra Santo Antônio, pulamos fogueira, soltamos adrianino e, mesmo assim, nada de sair o novo estatuto do Vitória. Será que faltou tempo?Há alguns dias, o CORREIO revelou que existe uma versão incompleta perto de ser votada dentro do Conselho Deliberativo, para depois ser apreciada na Assembleia Geral de Sócios. Incompleta porque prevê apenas novas regras para as eleições, mas mantém as normas do Vitória desatualizadas em termos de governança profissional. Tanto enrolaram que, logo após as eleições previstas para dezembro deste ano, será preciso mudar o estatuto mais uma vez. Brilhante.O texto que circula nos bastidores prevê que, para concorrer à presidência, o candidato precisa ter ao menos cinco anos de associação ao clube. Para votar, são exigidos 18 meses de vínculo. Com mais abertura para a torcida, o estatuto aprovado em dezembro de 2015 estabelecia carência de três anos para concorrer e de 12 meses para votar.      Ainda não está claro como os pretensos donos do Vitória querem que seja constituído o Conselho Deliberativo. A torcida precisa ficar de olho, principalmente para que não tragam à tona novamente a invencionice aqui batizada de Aritmética de Canabrava, proposta que visa a proporção desproporcional do Conselho, excluindo as vozes dissonantes e deixando o colegiado exatamente como é hoje, servindo apenas para dizer amém.Se a torcida não cobrar, nas arquibancadas ou fora delas, uma resolução rápida desse impasse, o roteiro é mais do que previsível: o Campeonato Brasileiro vai afunilar e, no momento decisivo do torneio, esteja o time em que posição estiver, logo surgirá a oportunista desculpa de que não é bom discutir política do clube enquanto é preciso ter foco no campo. Foco no campo, porém, é preciso ter o tempo todo, do mesmo modo que os torcedores devem ficar constantemente vigilantes com quem gere as questões mais importantes do seu clube do peito.No Vitória, os responsáveis por tal gestão nunca deram muita bola para a torcida e, apesar dos discursos de que querem mais associados, seguem demonstrando que não dão a mínima.Lembremos disso no próximo brinde com licor. Feliz ou infelizmente, há vida após o São João.*Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados