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Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2021 às 11:25
- Atualizado há 2 anos
Um farmacêutico sergipano de 44 anos morreu por uma recorrência de covid-19 em Aracaju (SE), se tornando o primeiro caso documentado do tipo no país. Ainda não se sabe se o caso foi de uma reinfecção ou de uma recidiva - quando o mesmo vírus de uma mesma infecção ataca o corpo. O estudo sobre o óbito foi publicado na sexta-feira (12) por pesquisadores no Journal of Infection.>
"É um resultado importante porque o vírus está associado à morte numa recorrência. No primeiro episódio foi um caso bem leve. Ele voltar a apresentar sintomas da doença nesse intervalo já é algo incomum, e com o desfecho morte é inédito", avaliou Roque de Almeida, chefe do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular do Hospital Universitário de Sergipe, falando ao Uol.>
Geralmente, quando a covid leva à morte, isso acontece no primeiro episódio da doença, com o segundo sendo mais leve. O caso do farmacêutico fugiu a essa regra. "Pelo que conhecemos do vírus, quando há morte de covid-19 é no primeiro episódio, nunca no segundo", diz.>
O artigo fala também de 32 casos de recorrência da doença entre pacientes que são profissionais de saúde em Sergipe. Um dos casos é de reinfecção por linhagens diferentes no Brasil, ainda em julho do ano passado, o que faria ser o primeiro caso do tipo no país.>
Até então, segundo o Ministério da Saúde, o primeiro caso de reinfecção foi em outubro do ano passado, em uma médica do Rio Grande do Norte. >
Paciente teve sintomas duas vezes O paciente que morreu trabalhava em um hospital de Aracaju. Em 8 de maio do ano passado, ele fez um primeiro teste RT-PCR que detectou o coronavírus. Passou nove dias com sintomas leves, não precisou se internar e depois retomou suas atividades normais.>
Um mês depois, ele voltou a ter sintomas da doença. Em 13 de junho, ele fez outro teste RT-PCR, que também deu positivo. Agora, contudo, a doença teve sintomas graves nele, que precisou ser internado. Ele morreu no dia 2 de julho.>
Não dá para confirmar se o paciente teve reinfecção ou recidiva porque o vírus da primeira amostra, em maio, não fi isolado. Se isso tivesse ocorrido, seria preciso ter um período de 90 dias entre um caso e outro e, no intervalo, um teste RT-PCR negativo, para que se tirasse a dúvida. Casos de recidivas da covid-19 são raros, mas já foram registrados em vários locais. >
O sequenciamento genômico da segunda amostra apontou para uma mutação do vírus ligada a mortes de pessoas com covid, a G25088T. "Essa mutação tem um potencial letal grande, já era conhecida e descrita. Só encontramos ela nesse caso", diz o pesquisador. >