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Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2023 às 18:58
- Atualizado há 2 anos
Às vésperas da estreia do Bahia no Campeonato Brasileiro, o diretor de futebol Carlos Santoro falou pela primeira vez sobre o início de trabalho do Grupo City no Esquadrão, a montagem do elenco, os resultados conquistados e o trabalho do técnico Renato Paiva. >
A entrevista de Cadu Santoro foi concedida aos canais oficiais do Bahia e comandada pela assessoria do clube. Questionado sobre o desempenho, ele lamentou a queda na Copa do Nordeste, mas afirmou que o grande objetivo está em fazer uma boa campanha no Brasileirão. >
“Foram meses muito intensos, com coisas positivas, momentos de frustrações, decepções, ao final a gente tenta tirar o lado positivo. Durante os quatro meses de trabalho iniciamos um projeto novo. Como Renato Paiva sempre fala, o ano zero. Com um diretor de futebol novo, as gerências do clube nas áreas de saúde, scouting, base, com novas pessoas, novos processos. Um treinador e uma comissão técnica nova e 18 novos jogadores que chegaram ao longo de três, quatro meses. Não foi fácil, apesar de a gente entender o torcedor, que quer os resultados, mas não é fácil a implementação de uma nova ideia de jogo, de um novo sistema que se alterou ao longo das competições”, disse. Cadu Santoro falou sobre o início da gestão do Grupo City no Bahia (Foto: Reprodução) Sobre a montagem do elenco, Cadu afirmou que a janela de contratações atrapalhou os planos de ter o grupo fechado logo nos primeiros meses do ano. Ele disse ainda que não fará mais contratações nesta janela de transferências, que fecha no dia 20, mas que está atento ao mercado. A segunda janela abrirá em julho.>
“A janela do Brasil é diferente do que se faz lá fora, temos quase quatro meses para que seja feita a montagem com todas as renovações, contratações e saídas. No ano passado conseguimos o acesso e para esse ano, com muitos contratos encerrando, tivemos 20 saídas, 18 chegadas e sete renovações. Uma nova comissão técnica, uma nova direção. Gostaríamos de ter montado o elenco nos primeiros um, dois meses, mas não foi possível. Os clubes que hoje possuem atletas, e posso citar os casos de Ademir e Thaciano, esperam para negociar nos últimos 15 dias pois entendem que esses jogadores são ativos. Isso fez com que a gente tivesse uma certa dificuldade”, afirmou. >
“Esse ano foi atípico, pois precisamos ir ao mercado para contratar mais do que a gente espera nos próximos anos. Fizemos 18 contratações, entendo que nos próximos anos a gente seja mais pontual. Esperamos que, com a janela que a gente fez, tenhamos encontrado uma equipe para a disputa do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil, mas em julho temos que estar atentos para fazer movimentos, pois lesões podem acontecer, ou até mesmo saídas que não estamos esperando em caso de vendas”, completou. >
Sobre os valores desembolsados pelo Bahia desde o início da temporada na contratação de atletas, o diretor de futebol não quis entrar em detalhes, mas afirmou que o montante investido superou o que estava previsto inicialmente. >
“Não é o perfil do Grupo divulgar valores, depois o torcedor terá acesso ao balanço e saberá quanto foi investido, mas não de cada atleta. O que eu posso dizer é que o valor investido hoje foi maior do que o que a gente previa. O mercado foi diferente, valores muito maiores. Essa janela foi atípica, atletas que antes eram negociados por empréstimo ou numa troca, hoje os clubes sabendo que eles são ativos esperam o final da janela para vender por um preço maior”, comentou, para depois completar: >
“O próprio Vitor Hugo a gente tentou em dezembro, o clube não quis vender. Ademir, a gente concorreu com cinco clubes. O trabalho do Renato Paiva de explicar o modelo de jogo e a gente de explicar o projeto foi fundamental. É uma dinâmica nova de mercado. O que eu posso garantir ao torcedor é que, como disse Ferran [Soriano, CEO do Grupo City], se precisar de um investimento maior para tornar a equipe competitiva, isso pode vir a acontecer”.>
Confira outros pontos abordados por Cadu Santoro:>
Início do trabalho Tivemos uma competição muito positiva, na qual pudemos jogar as últimas rodadas com o time sub-20, e um outro torneio que a gente tinha uma expectativa maior, que é a Copa do Nordeste, que foi um momento de frustração com um resultado contra um rival nosso do Nordeste. Temos que tirar pontos positivos de tudo isso. Depois desse jogo o Renato adaptou um novo sistema, novos jogadores chegaram e acho que a equipe encontrou o melhor caminho e terminamos essa primeira parte com um título que é algo importante para a sequência na Série A. >
Modelo de jogo Foi muito falado e gerou certa polêmica sobre o modelo de jogo. É muito claro quando as pessoas assistem jogos das equipes do Grupo City que os atletas, os treinadores, tentam ser protagonistas, ter o controle do jogo. Para isso, algumas características são fundamentais. Quando a gente traz zagueiros como Vitor Hugo e Kanu, a gente traz porque são atletas com boa velocidade. Para jogar num jogo que a gente quer controlar, quer ser protagonista, é importante ter atletas que possam defender em espaços largos, como o próprio Marcos Felipe, que a gente viu fazendo cobertura de profundidade. >
Busca por jogadores A gente tinha muito claro dentro de cada posição quais eram as características e muito com o auxílio de scouting do Grupo City, não só no Brasil, mas na América e Europa, a gente fez um trabalho longo dentro do nosso orçamento, nossas necessidades, das posições que a gente buscava para encontrar atletas dentro da ideia de jogo do Grupo e de Renato Paiva. >
Série A do Brasileirão Mesmo entendendo que o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste, além da Copa do Brasil, seriam torneios muito importantes, a gente sempre teve como prioridade o Brasileiro. Ano passado estávamos na Série B e esse ano precisamos ter um ano de estabilidade. Nosso primeiro objetivo é encontrar estabilidade para ter um ano regular. Passado esse momento, temos que aspirar coisas mais importantes e brigar por torneios internacionais. >
Trabalho de Renato Paiva Foi uma experiência nova para nós do Grupo e também para o Renato termos mais de 20 jogos em dois meses e meio. É algo que, apesar da expectativa de ganhar sempre, é difícil dar sequência aos jogadores. Tivemos duas lesões de dois atletas que são titulares, Kanu e Rezende, que foi difícil para o treinador encontrar a estabilidade com a saída deles. Renato foi muito inteligente quando mudou o esquema e se adaptou ao perfil dos atletas que ele tinha naquele momento. Jogar com três zagueiros não é ser defensivo, principalmente com os laterais que nós temos, e aí cito até o Jacaré, que é um ponta que aprendeu a ser ala. Renato foi feliz e inteligente para encontrar o momento certo para estabilizar e dar a volta por cima para terminar essa primeira parte bem. >
Filosofia do Grupo City Quando a gente faz a busca por um treinador e chega ao nome de Renato, a gente entende que os princípios do treinador estão de acordo com os princípios do Grupo. É um treinador que tem na veia o desenvolvimento, a formação, tem 18 anos no Benfica, que é um dos clubes com maior poder de formação do futebol mundial. Ele foi muito bem referenciado por jogadores do Manchester City que trabalharam com ele, como Ederson e Bernardo Silva. Ele também tem uma passagem pelo Independiente del Valle que, com uma equipe jovem, performou e foi campeão nacional. >
A gente encontrou no Renato um treinador que tem princípios e ideias similares aos do Grupo, que gosta de desenvolver jogadores. Mas o nosso objetivo não é ter jogadores jovens, é ter jogadores de qualidade. Biel, Chávez e até Marcos Victor são exemplos. São jovens, mas prontos para jogar uma Série A. Para a gente, na montagem do elenco era importante encontrar esse equilíbrio, além dos jovens jogadores, a chegada do Vitor Hugo, Ademir, Thaciano, Danielzinho, Mugni, Goulart, são atletas que se juntam aos jovens para que a gente tenha uma equipe competitiva. >
Trabalho como diretor de futebol Esses primeiros quatro meses foram de muita intensidade. Eu estive por nove anos no Grupo, passei por quatro funções, sendo a última a gestão do departamento de scouting em toda a América Latina. Nesse processo eu tive a chance de participar das discussões com os diretores de futebol na montagem de cada um dos elencos, sempre participando das decisões e negociações de jogadores da América do Sul para esses clubes. O Grupo vem trabalhando com isso de uma forma positiva. O Bolívar é um exemplo recente, está disputando a Libertadores. O New York campeão na MLS, o Yokohama tinha 15 anos que não era campeão antes da chegada do Grupo e [eles] ganharam duas vezes em quatro anos. >
É importante deixar claro que a forma como o Grupo atua não é concentrada no acerto ou erro de uma única pessoa. Existem departamentos, funções e processos para que a gente possa tomar as melhores decisões, baseado sempre no orçamento que a gente tem, na característica da liga, tudo isso. Obviamente a gente vê um nome citado e gostaria que tal jogador voltasse para o Bahia, pois teve muito sucesso, e não quer dizer que não tentamos, mas pode ser que para aquele orçamento que a gente tinha o jogador não se encaixava. >