Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gabriel Rodrigues
Publicado em 28 de abril de 2019 às 05:40
- Atualizado há 2 anos
Em dezembro do ano passado, Fernandão e a esposa, Daiana, passaram por um dos piores momentos das suas vidas. O coração de Rebeca, filha do casal, parou de bater e ela morreu pouco antes do parto. Em meio a um turbilhão, a família se apegou a Deus para encontrar conforto e o jogador viu no Bahia o refúgio ideal para buscar dias melhores.>
A relação entre o Bahia e Fernandão é daquelas difíceis de explicar. No caos técnico e político que o clube viveu em 2013, o atacante, que chegou desconhecido, avaliado apenas por um vídeo, conseguiu ser intenso o suficiente para cair nas graças da torcida mesmo sem títulos nem momentos de glória.>
Os 15 gols marcados no Campeonato Brasileiro daquele ano evitaram o rebaixamento e fizeram do centroavante um ídolo, ainda que torcedores mais céticos possam discordar disso.>
Se no passado, o atacante grandalhão confortou o torcedor com os seus gols, agora a recíproca se faz verdadeira e é a torcida que conforta o ídolo. “A gente esperou muito por esse momento e, graças a Deus, independentemente da fatalidade, do momento do retorno, a minha família está muito feliz. Os meus filhos, a minha esposa... Nós podemos dizer que voltamos para casa depois de cinco anos”, explica.>
“Eu queria ter voltado para o Bahia com a minha filha nos braços. Infelizmente não foi possível, mas graças a essa fatalidade eu acabei retornando. Eu e a minha família encontramos aqui no Bahia o nosso refúgio, nossa alegria de volta”, conta o atacante, que mesmo sem ser titular absoluto – ele e Gilberto revezam-se na função - é um dos destaques do Esquadrão para a disputa do Campeonato Brasileiro. A estreia é neste domingo (28), às 16h, contra o Corinthians, na Fonte Nova.>
O carinho do torcedor por ele pode ser visto nas arquibancadas e redes sociais, mas ficou visível mesmo na recepção preparada no retorno do jogador, em fevereiro, quando uma multidão foi ao aeroporto e o recebeu como um pai recebe um filho.>
“Às vezes eu fico sem palavras. É muito difícil um jogador ter o carinho de uma torcida. Eles têm carinho por mim, pela minha família e isso nos motiva a fazer o melhor para o clube, dar o melhor para eles. Hoje eu sou um torcedor do Bahia e tudo que eles demonstram para mim e para a minha família é recíproco. O carinho é enorme”, conta o atacante.>
Libertadores? E quando ele fala “melhor para o clube”, Fernandão está mirando alto. Com orçamento de R$ 140 milhões, o maior da história tricolor, o camisa 20 acredita que o Bahia pode fazer um Brasileirão muito diferente do último que ele disputou.>
“Em 2013 foi um ano difícil por conta da política do clube, das gestões, e, logo depois que eu saí, vi que as coisas começaram a mudar de uma forma muito boa para o Bahia. Ter voltado agora, da forma como a diretoria estrutura o Bahia, isso foi muito importante para mim”, analisa, comparando aquele ano macado por intervenção judicial e mudança de diretoria com o presente.>
“Nós já demonstramos a força que nós temos. O título do Campeonato Baiano nos dá confiança e tenho certeza que quem vier jogar contra a gente vai vir preocupado porque temos uma equipe bem montada. Começar o Campeonato Brasileiro com um título é importante, a confiança aumenta, e vamos buscar voos altos. Se deixar, nós vamos chegar na Libertadores”.>
É um baita desafio. O 11º lugar obtido no ano passado foi a melhor campanha do Bahia na era dos pontos corridos, iniciada em 2003. Para chegar à principal competição da América, o time precisará terminar a 38ª rodada, no dia 8 de dezembro, entre os seis primeiros colocados – a depender de combinações envolvendo os campeões da Libertadores, Copa do Brasil e Sul-Americana, até o nono lugar pode classificar.>