Apresentado, Geninho avisa: 'Ninguém tem uma varinha de condão'

Novo treinador fala sobre situação atual do Vitória e avalia elenco rubro-negro

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  • Daniela Leone

Publicado em 20 de setembro de 2019 às 14:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Nada de ilusões. Quinto treinador do Vitória na temporada, Geninho adotou um discurso realista e direto durante sua apresentação oficial nesta sexta-feira (20), na Toca do Leão. "O momento exige que nós tenhamos pés no chão, que não nos deixemos levar por ilusões nem por planos muito altos. O momento é de dar tranquilidade ao clube, fazer voltar a vencer, somar pontos que vão ajudando na caminhada, tranquilidade para tentar alguma coisa maior, quem sabe. (...) Pegar o Vitória na situação em que está é um grande desafio", afirmou o técnico, que tem 71 anos e assinou contrato até dezembro.

Com 24 pontos, a um da zona de rebaixamento, o Vitória é o 15º colocado na Série B. De acordo com os departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais, a probabilidade de rebaixamento do rubro-negro é de 52,7% e a de acesso é de 0,17%.

Apesar da situação delicada pela qual o clube passa, Geninho se mostrou entusiasmado com a oportunidade de comandar o Leão pela quinta vez. Ele também treinou a equipe em 1994,1995, 1998 e 2011. "Eu chego realmente com o coração muito aberto, com uma expectativa muito boa de, mais uma vez, poder colaborar com o clube. Eu não chego como salvador. Chego como uma pessoa que veio tentar fazer um bom trabalho, tentar ajudar um grupo que eu acho que é bom, de jogadores de qualidade. Até para fazer com que esse grupo renda o melhor possível, para que o Vitória possa, ao final dessa competição, estar num lugar onde o Vitória faz jus", afirmou o treinador, que tem 35 clubes e quatro acessos à Série A no currículo. 

"Trouxe um treinador indiscutivelmente mais experiente, proporcional à gravidade do momento. O sistema está montado e Geninho tem a capacidade de não chegar aqui com equipe nas costas. (...) Eu trouxe dois treinadores mais jovens, mas não menos capazes na minha opinião (Osmar Loss e Carlos Amadeu) porque essa é um filosofia que esse clube empregou durante toda a sua vida, mas eu trabalhei com Geninho duas vezes antes. Tudo é o momento. Pensei em Geninho antes, mas ele estava na Europa, passeando (...)", afirmou o presidente do Vitória, Paulo Carneiro. 

Geninho contou que a decisão de retornar à Toca do Leão foi tomada rapidamente. "Eu tenho um defeito muito grande. Às vezes, os amigos me colocam no canto da parede e eu não sei dizer 'não'. Paulo me ligou um dia de manhã, me chamou de Eugênio, é um dos poucos que me chamam assim, e disse: 'Preciso que você venha me ajudar'. Respondi: 'Paulo, penso em dar uma descansada'. Ele disse que não, que era para eu vir ajudar. Não foi um acerto difícil. Só teve um tempinho para levantar o elenco, pois não embarcaria em voo cego. Foi um acerto bastante rápido", revelou o treinador.

Geninho não trouxe comissão técnica própria e irá trabalhar com a fixa do clube. No primeiro treino à frente do time, nesta sexta-feira, ele não interveio. Observou bastante e conversou muito com os auxiliares técnicos Flávio Tanajura e Bruno Pivetti, além do preparador físico Ednilson Sena, com quem trabalhou junto no rubro-negro em 2011. 

O novo técnico foi contratado para o lugar de Carlos Amadeu, demitido na quarta-feira (18) com aproveitamento de 48%, o maior entre os quatro treinadores que comandaram o Vitória nos nove primeiros meses do ano.

"Ninguém tem uma varinha de condão para chegar aqui e mudar tudo. Vou partir de um trabalho que vinha sendo feito e que, até na minha opinião, era um bom trabalho. Os resultados não eram tão ruins assim, a sequência não era tão ruim assim. Vou partir de uma base daquilo que vinha sendo feito. Conversei e vou continuar conversando muito com as pessoas que estavam vivendo mais o dia a dia", contou Geninho. "Vou ver muita coisa do Vitória, em termos de vídeo, informações. E, baseado nisso, vou tentar encaixar alguma coisa que possa nos levar a voltar a vencer. Claro que, para o primeiro jogo, você não vai ter uma mudança drástica. Mas alguma coisa pode encaixar de maneira diferente, dentro da sua maneira de ver futebol", pontuou.

A estreia do treinador será contra o Atlético-GO, terça-feira (24), às 21h30, na Fonte Nova. Geninho tem consciência que não dá para fazer muito taticamente em quatro dias de trabalho, mas acredita que até lá poderá mexer com o psicológico dos jogadores e elevar a confiança deles.

"Eu acho que eles têm que acreditar no potencial que têm. Aqui tem jogadores de qualidade. Tem times com investimento um pouco maior, estão melhores encaixados, mas não vejo disparidade de qualidade do Vitória com outras equipes. Espero que o Vitória comece a produzir o que pode. Foram sete jogos invictos, mas com muitos empates. Se tivéssemos duas vitórias a mais, eu não estaria aqui. O grupo tem qualidade, pode render mais. Alguns jogadores, de maneira individual, podem render mais. A individualidade ajuda o grupo, o grupo ajuda a individualidade. A chance de fazer um campeonato melhor existe. O campeonato está muito igual. Não vejo disparidade muito grande de quem hoje está pontuando para quem vem atrás", avaliou Geninho.