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Victor Mendes: 'Quero colocar o Vitória entre os 10 do Brasil'

Ele abre a série de entrevistas do CORREIO com os candidatos à presidência do Leão

  • Foto do(a) author(a) Daniela Leone
  • Daniela Leone

Publicado em 13 de setembro de 2022 às 05:01

. Crédito: Divulgação

Victor Mendes é candidato à presidência do Vitória pela chapa Movimento Novo Vitória. Nascido em Salvador, ele tem 46 anos, é casado, pai de uma menina e concorre pela primeira vez ao cargo. Formado em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), também tem mestrado e doutorado na área pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Empresário e professor universitário, ele foi presidente da comissão que recomendou a gestão temerária do ex-presidente Paulo Carneiro.

Victor Mendes quer implantar uma forte governança e uma política de marketing agressiva no clube. Ele tem Jailson Reis, presidente do Conselho Fiscal desde 2019, como candidato a vice-presidente.

O CORREIO publica a partir desta terça-feira entrevistas com os quatro candidatos à presidência do Leão. Algumas perguntas serão iguais para todos e outras foram elaboradas especificamente para cada entrevistado, levando em consideração propostas e trajetória. A eleição ocorre no próximo sábado (17), no Barradão. Quem vencer o pleito tomará posse em dezembro e comandará o clube no próximo triênio, de 2023 a 2025.

Por que você quer ser presidente do Vitória?  Eu quero mudar o quadro do nosso clube atual e iniciar um processo de transição com a nova era do clube e colocar o clube de forma definitiva entre os 10 clubes do Brasil. Nesse ponto, eu quero conduzir essa transição para essa nova era para poder cuidar do clube, para poder cuidar da torcida, permitindo uma gestão extremamente responsável e atenta à nossa instituição.

De onde tirar dinheiro para investir na temporada 2023 caso o clube não conquiste o acesso à Série B este ano? São três desafios para que a gente tenha dinheiro ao longo da temporada. O primeiro é conseguir ter uma organização administrativa e financeira e a implantação de mecanismo de governância. A gente tem nesse momento publicações que estão sendo retificadas e informações, por exemplo, valores de patrocínios, que estão sendo divulgados pela gestão e que estão divergindo do que aparece nas demonstrações de resultados publicados pelo próprio clube. Então, a primeira coisa é ter organização pra entender melhor qual é o quadro, permitindo que investidores, patrocinadores, possam se aproximar do clube. 

O segundo movimento é o que eu chamo de orgânico, que é reorganizar o Sou Mais Vitória, aumentar a base de sócios, ter uma política de licenciamento de produtos, rentabilizar o clube no dia da partida, então, de forma orgânica, conseguir gerar receita. 

O terceiro movimento, que se associa a esses dois primeiros, é com a casa organizada, com uma melhor relação com os torcedores, com uma melhora do trabalho da marca do clube, a gente pode dialogar melhor com fundos de investimentos para que possa ter aporte expressivo no clube.  

Você pretende manter João Burse e a atual comissão técnica para a temporada 2023? A proposta nossa é que nosso departamento de futebol seja todo permanente do clube. A gente vai fazer uma avaliação daqueles que estão hoje no clube. Neste momento, com base no desempenho dele, o nosso técnico para 2023 é João Burse sim. Evidente que isso não pode ser um recado de relaxamento, de conforto, mas que ele leve isso como uma motivação para a gente buscar o nosso título da Série C.

Após nova punição da Fifa, o Vitória está impedido de registrar atletas até junho de 2023. O clube precisa quitar uma dívida de 350 mil dólares (R$ 1,8 milhão) com o Boca Juniors, da Argentina, pelo não pagamento do empréstimo de Walter Bou. Quando e de que forma você irá solucionar esse problema? A solução tem que ser imediata. Os novos patrocinadores vão resolver essa situação. Essa punição específica não é o maior problema do clube. A preocupação é com eventuais novas punições com valores maiores, mas essa aí, dentro do nosso planejamento, com as receitas que a gente já tem estabelecidas, isso não cria nenhuma dificuldade operacional para o nosso clube.

Dado o atual cenário financeiro e futebolístico do clube, como você acha que pode deixar o Vitória após três anos de sua gestão, se for eleito? Essa nossa gestão será de uma transição de uma velha era para uma nova era do clube. Uma gestão extremamente responsável. Responsabilidade desde não deixar o ar condicionado ligado a chegar lá na ponta e não ter 35 contratações de jogadores por ano. O cuidado como se o clube tivesse dono e tem, que é a torcida. O que gente tem de desafio ao final dos três próximos anos? Primeiro deixar o nosso clube com as dívidas equacionadas, não necessariamente elas têm que estar pagas. Tem que ter um equacionamento desse passivo, permitindo ter saúde financeira para seguir sua trajetória. 

A gente precisa entregar o clube em uma série superior à que está. Nossa expectativa é de pegar na Série B e entregar para a próxima gestão na Série A. A gente precisa entregar o clube com 30 mil sócios. E precisa apresentar um projeto e fazer um contrato para revitalização da Arena Barradão. Não é uma proposta faraônica como já foi proposto, mas uma proposta mais modesta, com cobertura das arquibancadas, um melhor conforto. Essa contratação dessa revitalização do Barradão, a gente estima um investimos na ordem de R$ 160 milhões. Esses valores não serão frutos da operação do clube, serão receitas extra-operacionais, através de um processo de financiamento e a partir daí a gente vai conseguir projetar as novas receitas derivadas da arena, como melhoria do perfil de ticket para alguns setores, aumento da média de público, maior uso da arena para outras atividades. A ideia não é de iniciar as obras na nossa gestão, é de montar esse projeto, fazer a contratação e dizer que tem que ter uma participação muito grande da torcida nessas decisões dessa nova arena. 

Em termos de orçamento, a gente precisa crescer em pelo menos 30% ao ano. Não é razoável que o nosso clube tenha um orçamento hoje em torno de R$ 25 milhões ou R$ 30 milhões. Precisa ultrapassar os R$ 120 milhões e começar a buscar outro horizonte. Associado a tudo isso, ter uma boa gestão, especialmente de futebol, porque se você tem pouco dinheiro, precisa gastar melhor, acertar mais nas contratações. Futebol não é uma ciência exata, tem contratação que pode errar, tudo acontece, o que não se pode ter são 35 contratações por ano. E ao mesmo tempo, a gente precisa reconduzir a nossa base para que volte a ser a principal referência de base no Brasil.

Você pretende transformar o Vitória em SAF? Por quê? Primeiro dizer que a SAF não tem uma jurisdição consolidada. A gente tem ainda uma série de litígios entre as partes, dúvidas, entre aqueles clubes que já fecharam SAF. Tem experiências ruins, já casos ruins aqui no Brasil de SAF, então tem que ter muito cuidado, porque a SAF não tem volta. Então quando você faz transforma o clube numa SAF, entrega a operação do futebol a um outro grupo, a associação não tem mais como voltar a ter o controle da operação. Qual é o ponto principal aqui que eu coloco? Qualquer negociação futura sobre SAF deve envolver cláusulas de desempenho. Esse é um ponto que a gente não abre mão.

Um grupo ‘X’ comprou a nossa operação por determinado valor, mas a gente vai ter ali no contrato cláusulas que vão dizer que o clube nos próximos cinco anos vai ter que estar pelo menos quatro na Série A. Você vai ter que ganhar nos próximos cinco anos pelo menos quatro títulos. Nos próximos cinco anos, pelo menos em três anos tem que estar entre os 12 ou 10 do país, tem que disputar pelo menos dois torneios sul-americanos e por aí vai. Aí você tem um sistema para essas metas. Caso esse desempenho previsto em contrato não seja cumprido, você vai ter as consequências disso. A primeira delas seria que a empresa que comprou passa a ser obrigada a fazer novos aportes na operação no futebol. O ponto central de uma SAF é primeiro a questão de cláusula de desempenho.

O segundo ponto é que precisa ter uma relação que seja boa para o clube - a associação - e boa para o investidor. Tem que ter uma forte governança que permita que seja uma operação ganha-ganha. As informações devem estar claras, não pode ter nenhum tipo de dúvida sobre os passivos e ativos do clube, e hoje a gente não tem isso. Cada auditoria que é feita, os números são revisados. O clube hoje sofre com uma falta de governança que não dá para negociar SAF. Eu não tenho preconceito de negociar. Eu não tenho pressa e nem desespero. Mas eventualmente negociando, vai ter que ter cláusula de desempenho.

Desde o final do mandato de Alexi Portela Júnior, em 2013, nenhum presidente eleito do Vitória conseguiu terminar o mandato, com exceção daqueles com caráter tampão. O que pretende fazer para que isso não aconteça com você também? Primeiro é o que eu tenho feito, dialogando com a torcida, com sócios o tempo inteiro. As nossas propostas são extremamente responsáveis, todas foram dialogadas com os sócios e temos as alternativas para implementar. Quando a gente fala em resolver a questão do estacionamento, melhorar o Sou Mais Vitória, a questão da base que a gente vai ajustar, todas as propostas que a gente tem colocado, a gente tem indicado o caminho e a forma de fazer. A gente não tem uma proposta faraônica, para criar nenhum tipo de ilusão, as nossas propostas são muito pé no chão. Eu tenho certeza que será uma gestão com muita participação dos sócios, da torcida. A próxima gestão não pode ser uma gestão para o clube ficar andando de lado, como hoje está.

Eu tenho uma vida absolutamente limpa, eu não tenho inimigos, não tenho rivalidade com ninguém, não tenho nenhum tipo de aresta. Sou uma pessoa de fácil diálogo, lógico que sobre as questões institucionais eu não abro mão e jamais abrirei. Dito isso, tenho certeza que será uma gestão com muita participação dos sócios, com muita participação da torcida. O futebol é um tipo de indústria específica, está dentro de um segmento mais amplo, mas o futebol carrega um componente emocional muito grande e esse componente emocional tem que ser usado a favor da instituição. Como eu sou torcedor desde sempre e vivo tudo do clube, tenho muita clareza de como usar essa energia a favor do clube, então eu estou muito tranquilo que a gente vai fazer três anos de uma ótima gestão, até porque a próxima gestão não pode ser uma gestão para o clube ficar andando de lado, como hoje está. O clube precisa que o próximo presidente seja o melhor presidente dos 123 anos de história do Vitória. A condição hoje que o clube foi colocado impõe essa necessidade. O próximo presidente não pode ser um continuísmo, nem manter as velhas práticas, a gente precisa buscar com muita responsabilidade esse caminho para sermos o melhor presidente da história do clube.

Uma das propostas do Movimento Novo Vitória para a base é reestruturar as peneiras e implantar times de fut 7 e futebol de salão como isso se daria e qual a importância disso para ampliar a seleção para a base rubro-negra? Fazer peneira como se faz hoje no Vitória, em que se chamam 1.500 crianças com duas ou três horas para selecionar aqueles meninos, é injusto com os meninos que vão lá com sonhos, esperança, porque a gente não vai conseguir selecionar os melhores, não é uma metodologia que permita fazer esse tipo de seleção. Então a gente ali cria uma situação de colocar para dentro não necessariamente as melhores alternativas e muito provavelmente alguns atletas que deveriam entrar a gente termina perdendo. A gente propõe ter o fut 7 e o futsal, pois dentro das nossas áreas já temos os espaços para isso, são ações que podem ser implantadas praticamente sem custo, já há uma estrutura prévia que permite isso no clube. A partir daí a gente passa a ter uma maior capilaridade para poder atrair atletas. 

Agora tem uma outra questão também importante que é a das escolinhas, porque as escolinhas que a gente tem e foi iniciado esse projeto com a escolinha lá no Barradão, a proposta e a ideia - devo reconhecer - da academia é uma ideia boa, mas ela não é uma ideia ótima. O que é que vai tornar a ideia e a proposta ótima? O que a gente colocou nosso plano é transformar esta escolinha no Barradão na unidade piloto e a partir daí estabelecer o modelo de gestão. Isso será feito nos primeiros seis meses, e a partir daí vamos licenciar as escolinhas para ao final dos três anos a gente ter 80 espalhadas pelo Brasil.

O projeto do Movimento Novo Vitória fala em fazer uma política de marketing agressiva. Quais são as ações imediatas viáveis para serem implantadas já na temporada 2023? A gente precisa mudar a filosofia e o modelo de relacionamento com o sócio. Tem que ser um modelo que possa permitir um melhor nível de serviço, mais hospitalidade, com pequenas mudanças incrementais no Barradão, permitindo que tenha mais crianças e mais famílias no estádio. Que a gente melhore o nível de atendimento do Sou Mais Vitória, que passe a ter mais planos para as famílias, torcedores que não são frequentes no estádio, muitas vezes por morar no interior. Por isso a gente propõe fazer um plano de negócios específico para o Sou Mais Vitória. 

Em relação ao marketing de uma forma mais ampla, a gente precisa implantar uma política de licenciamento, rever a relação de marca própria, pois hoje a gente não está nem exatamente com a marca própria nem com uma marca grande recebendo distribuição, a gente está no limbo em relação à marca de enxoval.

A gente precisa trabalhar as tecnologias hoje para ter streaming, não só para jogos do futebol profissional, mas para todas as outras modalidades, remo, futebol feminino, basquete, e potencializar o nosso clube, oferecendo oportunidades para novos patrocinadores. O que a gente quer é ter uma visão de marketing muito profissional.