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Priscila Natividade
Publicado em 24 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Na terra de Jorge Amado, do cacau e do chocolate, ainda lá no século XX, o desenvolvimento veio pelo mar, quando um velho atracadouro deu lugar em 1920 para a construção de um porto capaz de escoar toda a produção cacaueira local para o mundo. Porto que hoje - quase cem anos depois - quer aprofundar não só sua área de influência, mas também sua posição enquanto hub logístico. Para isso, o equipamento vai aumentar o seu calado (profundidade) de 8 metros para 11,5 metros, o que vai permitir que o porto atraque navios maiores, que devem atender às demandas de cruzeiros turísticos e de graneleiros de grande porte.>
A realização da dragagem para o aprofundamento significa investimentos na ordem de R$ 90 milhões. Segundo o diretor do Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviária do Departamento de Gestão e Modernização Portuária (SNPTA), Domênico Acetta, a obra de dragagem (remoção de assoreamento) tem como principal objetivo incrementar as atividades portuárias em Ilhéus, sobretudo na operação futura como braço do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol), ambas estruturas em fase de implementação.>
“O Porto de Ilhéus precisa manter sua estrutura. Ao aprofundar, você ganha em carga. Se você agregar um metro no seu calado, você coloca mais 720 contêineres. E isso é recurso a mais, isso é divisa entrando”, falou. Ainda de acordo com Acetta, a expansão do calado vai resolver, inclusive, os problemas de insegurança e facilitar os arrendamentos nas áreas em terra do terminal. >
“Você cria um ambiente bom para o porto em diversos segmentos. Quando o governo fala para o mercado que vai melhorar e aprofundar o Porto de Ilhéus e se resolve o gargalo da insegurança, abre oportunidade para puxar os empresários para cá e movimentar estas parcerias”, destaca o especialista. >
Se antes o Porto de Ilhéus vivia vinculado à atividade cacaueira, após o declínio da era desta cultura, ele passou a responder pela movimentação de grãos, minérios e abriu seu cais também para receber turistas. Para fomentar a competitividade logística do porto, o plano de dragagem prevê também a construção de uma via portuária. >
“Demos a ideia de fazer esta avenida paralela. A praia está em colapso. A gente amplia a praia e atrás dessa praia podemos fazer o acesso portuário sair da cidade de Ilhéus. Os caminhões não vão mais precisar entrar”, explica Acetta.>
Hub integrado>
Outra perspectiva estratégica para o Porto de Ilhéus está no suporte à construção do Porto Sul, pela mineradora Bahia Mineração (Bamin), como pontua o diretor de projetos da empresa, Alberto Vieira. “Hoje, nós estamos com um calado de 9 metros que possibilita a atracação de navios pequenos, de 30 a 40 mil toneladas. Para ganharmos mais eficiência, precisamos ter navios maiores atracando em Ilhéus. Somando porto e ferrovia, nós vamos ter um hub logístico de extrema importância para a Bahia”, afirma o executivo.>
Um dos braços da integração do sistema logístico formado pelo Porto Sul e pela Fiol, o Porto de Ilhéus vai receber os insumos e principais equipamentos para o desenvolvimento do Porto Sul.“O Porto de Ilhéus tem uma posição estratégica para suportar as exportações e importações que dependem principalmente da Fiol, que já tem 70% da sua fase de execução concluída. Ganharemos aí eficiência e redução de custos de logística em geral”. >
O projeto da Bamin pretende produzir até 20 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, em Caetité, e escoar essa produção pelo complexo Fiol - Porto Sul. Só nesta fase, de construção do Porto Sul, serão investidos R$ 101 milhões no Porto de Ilhéus para apoio logístico às obras do Porto Sul. >
Quando a operação da Bamin começar, a Bahia vai ser o 3º maior produtor de minério de ferro do país. “A região de Ilhéus vai crescer hoje quase cem vezes em comparação com o que exporta hoje pelo Porto de Ilhéus. Mineração sem logística não existe”, acrescenta Vieira. >
O Seminário Portfólio de Investimentos nos Portos da Bahia - Oportunidades de Outorgas foi uma realização do CORREIO e Codeba, com o patrocínio da J. Macêdo e UItracargo, apoio institucional da Braskem e apoio da Fieb, Usuport, Associação Comercial da Bahia e Contermas. >
PERFIL>
História A história do Porto de Ilhéus está diretamente ligada à cultura cacaueira na região. Ainda no século XIX, a necessidade de escoar a produção de cacau levou à construção de um ancoradouro na foz do Rio Cachoeira. Em 17 de maio de 1920, este ancoradouro se tornou o primeiro Porto de Ilhéus.>
Movimentação O Porto de Ilhéus é o principal exportador de grãos do estado. Também passam por lá, além do cacau; soja, milho, amêndoas, óxido de magnésio, magnesita, equipamentos para a geração de energia eólica e carga geral. O porto atua ainda na operação turística. >
Eficiência A capacidade de movimentação do Porto de Ilhéus é de um milhão de toneladas de carga por ano. Em 2018, 44 navios atracaram no terminal, que registrou uma movimentação de 211.477 mil toneladas em contêineres. >
Futuro O Porto de Ilhéus vai passar por obras de infraestrutura que irão aumentar o seu calado (profundidade) de de 8 metros para 11,5 metros, o que vai permitir que o porto atraque navios maiores. >