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Portal Edicase
Publicado em 16 de julho de 2025 às 18:35
Nos últimos dias, os consumidores têm percebido uma mudança positiva ao passar pelos corredores dos supermercados: diversos alimentos estão mais baratos. Essa redução nos preços traz alívio para muitas famílias e abre espaço para um planejamento financeiro mais equilibrado. >
Depois de nove meses seguidos de alta, os preços dos alimentos no Brasil finalmente apresentaram queda em junho de 2025, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A retração, ainda que tímida (0,02%), é a primeira desde agosto de 2024 e sinaliza um alívio momentâneo no orçamento de muitas famílias. >
No entanto, o contexto ainda exige atenção. Dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelam que os alimentos consomem 22,6% da renda das famílias com rendimentos de até 1,5 salário-mínimo, percentual acima dos 18,4% registrados em 2018. A inflação acumulada da alimentação no domicílio desde o início de 2020 ultrapassa os 55%. >
A combinação desses dados revela um cenário de alívio pontual em meio a um histórico de pressão no custo de vida. Para o diretor financeiro do Cartão de TODOS, Ricardo de Almeida, o recuo dos preços é resultado de uma série de fatores conjunturais e não deve ser interpretado como um movimento permanente. >
“A queda recente é resultado de uma combinação de fatores: safra agrícola mais favorável, redução nos custos de transporte, melhora nas condições climáticas e impacto acumulado da taxa de juros ainda elevada, que desacelera o consumo e pressiona os preços para baixo. Mas esse cenário é conjuntural. Ou seja, não dá para tratar como permanente”, afirma. >
Diante disso, o desafio para os consumidores é claro: aproveitar o momento com inteligência, sem comprometer o equilíbrio financeiro. Segundo o economista, o principal erro é confundir preço mais baixo com oportunidade de gastar mais. >
“Alimentos são produtos perecíveis, com vencimento. Comprar mais só porque está barato e deixar estragar é desperdício, não economia. O alívio é pontual, mas o orçamento é contínuo, então gastar mais só porque algo ficou mais barato é um erro comum”, explica Ricardo de Almeida, que orienta: “O ideal é manter o consumo equilibrado e usar a folga no orçamento para reforçar outras prioridades, como a reserva de emergência, dívidas ou antecipar despesas futuras”. >
Para quem deseja aproveitar o momento com estratégia, Ricardo de Almeida recomenda montar cardápios mais acessíveis, priorizando alimentos da estação e itens que tiveram queda de preço, como frutas, legumes, ovos e arroz. >
“Reabasteça a despensa com inteligência: monte cardápios mais acessíveis, baseados em itens da estação, e redirecione a diferença de valor para organizar outras áreas do orçamento. Usar esse alívio com foco e estratégia é o que transforma a queda de preços em ganho real para a família”, completa. >
Segundo o economista, outro ponto de atenção é o comportamento nas compras, pois a falsa sensação de alívio pode induzir ao consumo por impulso. “O principal risco é a sensação de alívio virar justificativa para a desorganização. A queda nos preços não deve ser tratada como autorização para consumir mais ou abrir mão do planejamento”, alerta. >
As compras devem ser feitas com consciência. “Evite ‘comprar porque está barato’ sem ter necessidade real. Atenção também às tentações do supermercado que envolvem embalagens maiores, promoções por volume e itens supérfluos com apelo emocional. O foco deve ser em comprar o que é necessário, de forma consciente”, orienta Ricardo de Almeida. >
Mesmo em momentos de preços mais baixos, algumas atitudes simples podem fazer diferença significativa no fim do mês. Ir ao supermercado exige planejamento e disciplina para evitar armadilhas de consumo e garantir uma boa gestão dos recursos familiares. Confira as orientações do economista, com boas práticas que ajudam a economizar de forma consistente: >
Rever a rotina alimentar também pode contribuir para a saúde financeira e da família. É uma boa oportunidade para cozinhar mais em casa, reduzir o consumo de alimentos industrializados e reaproveitar sobras de forma criativa. Para Ricardo de Almeida, a chave está em transformar esses cuidados em hábitos, independentemente da oscilação dos preços. >
“Quem só se organiza quando está apertado vive no susto. Por isso, se você aprender a consumir com consciência agora, vai ter mais margem de manobra quando o cenário apertar, e vai perceber que o problema nunca foi só o preço, foi também a falta de estratégia. Estabilidade financeira vem da consistência, não do preço da prateleira”, aconselha. >
Por Vivian Vianna >